Será que há tempo de criar uma Lenda das Aves?

    Cá em Barcelos temos a Lenda do Galo, que conta que em tempos medievais, a inocência de um homem injustamente acusado de roubo, foi provada pelo cantar de um galo assado. Acredito que na Vila das Aves, neste momento, gostariam imenso de ter uma lenda destas para acreditar na “salvação” do clube da sua terra.

    O Clube Desportivo das Aves diz muito pouco à maioria dos portugueses; natural da pacata Vila das Aves, no distrito do Porto, veio agitar os radares do futebol nacional quando garantiu a subida à primeira divisão, na época 2016-2017. E esse ano, haveria de ficar na história do clube, graças à conquista da Taça de Portugal frente ao Sporting CP; na altura, até surgiu o sonho de competir na Europa, graças à Prova Rainha, mas as burocracias do costume afastaram este modesto clube nortenho dos grandes palcos europeus.

    Hoje-em-dia, vemos o Aves numa situação delicada: já vai no seu terceiro treinador desta época (começou Augusto Inácio a quem sucedeu Leandro Pires, interinamente, sendo agora orientado por Nuno Manta Santos), ocupa o último lugar do campeonato com apenas 9 pontos conquistados, derivados de 3 vitórias; a situação é indiscutivelmente precária, mas, ainda assim, creio pelas mais recentes exibições do clube nortenho, coincidentes com a entrada para o comando técnico do novo treinador, que o Aves ainda nos vai surpreender na segunda volta do campeonato.

    Nuno Santos pegou no leme da equipa à 12ª jornada, estreando-se com uma derrota por 3-2 frente ao Moreirense FC; logo a seguir, venceu o SC Braga em casa por 1-0, seguindo-se duas derrotas por 1-0 frente a Vitória FC e Santa Clara e uma por 2-1 frente ao SL Benfica, terminando a primeira volta com uma expressiva vitória por 3-0 frente ao Portimonense FC ( o que ditou a saída do seu treinador, António Folha). Interessa, assim analisar o trabalho levado a cabo por este jovem treinador, um dos mais promissores da Primeira Liga: o que todos os jogos sob o leme de Santos têm em comum é um novo ADN do CD Aves. Tornou-se uma equipa mais competitiva, organizada, perigosa e assertiva. Os dois últimos jogos, nomeadamente a derrota frente aos campeões nacionais que ainda os pôs em sentido e a vitória sobre um adversário direto são a prova inequívoca do que digo; aliás, a mão de Nuno Manta Santos já valeu aos Avenses 2/3 da sua pontuação. Conseguindo 2 vitórias em 6 jogos, algo que os dois anteriores treinadores nem chegaram a almejar; assim sendo, qual é o segredo para manter o CD Aves na Primeira Liga? Dar o maior apoio possível a Nuno Manta Santos.

    Todos nos lembramos da fantástica campanha do Feirense orientado por ele, que dos lugares de despromoção, alcançou um inacreditável 8ºlugar, logo atrás do SC Braga, na época 2016-2017. Por esse histórico e pelo seu mais recente trabalho, acredito no potencial deste técnico para “salvar” o CD Aves: as melhorias são notórias de jogo para jogo, quer em termos de exibições quer em resultados. Assim, resta dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelo treinador, continuar a dar asas a Mohammadi, Wellington e Banjaqui, este temível tridente atacante, desenhado por Nuno Manta Santos, a par da aposta na formação, liderada por Reko Silva e Bruno Lourenço, sensações da equipa sub-23 do CD Aves; a estes junta-se a classe do guarda-redes Bernardeau, que há semanas levou meio estádio da Luz ao desespero, pelas inúmeras defesas de categoria que fez, e um eixo defensivo cada vez mais sólido, liderado por Dzwigala e Falcão.

    Nuno Manta Santos tem dado uma nova vida ao CD Aves Fonte: CD Aves
    Fonte: CD Aves

    Em semanas, Nuno Santos mudou o esquema de jogo da equipa, a mentalidade e o ADN. E está tudo a funcionar. É quase um milagre futebolístico, que na realidade vem do trabalho e da competência. Ou muito me engano ou, sob o leme de Nuno Santos, ainda vamos ter o CD Aves na Primeira Liga mais uns tempos e, quem sabe, com a categoria da sua equipa sub-23.

    Foto de Capa: Carlos Silva / Bola na Rede

    Revisto por: Jorge Neves

     

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    A Maria é uma orgulhosa barqueirense (e por inerência barcelense ) que aprendeu a gostar de futebol antes de saber andar. Embora seja apologista das peladinhas entre amigos, sai-se melhor deixando o que pensa gravado em papel. Benfiquista de coração e Gilista por devoção é sobretudo apaixonada pelo futebol que faz o país parar quando a bola começa a rolar.                                                                                                                                                 A Maria escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.