Uma redenção briosa. Capítulo 1 de 23. Académica 0-1 CD Santa Clara

Sente-se um ar diferente em Coimbra. Foram 13 épocas a jogar ao mais alto nível, de onde nunca se julgou sair. Sim, houve quatro meses para se digerir a descida de divisão, mas no Calhabé exige-se o futebol de primeira. E, se é verdade que a mudança de direcção foi do agrado dos adeptos, isso não retira a maior cobrança exigida aos atletas que actuam de losango ao peito. Precisa-se de resultados, e a vitória seria sempre o mínimo exigível contra qualquer adversário e/ou circunstância.

Este ambiente pareceu contagiar a defesa conimbricence, que demorou a acordar e, quando o fez, já tinha levado um murro no estômago. Pineda driblou Nuno Piloto (adaptado a lateral direito) e rematou, cruzado, junto ao poste esquerdo da baliza de Ricardo Ribeiro. Um golaço que fez despertar, “à bruta”, a Académica rumo a uma reacção que não demorou a surgir – primeiro foi o próprio Nuno Piloto a disparar por cima da baliza de Serginho, depois foi Traquina, por duas vezes, ambas a desaproveitar cruzamentos bem medidos ao segundo poste: primeiro, a cabecear pertíssimo da trave do guarda-redes do Santa Clara, e depois, com Serginho batido e a baliza à mercê, a rematar por cima.

Na segunda parte a Académica manteve o domínio territorial. Um domínio consentido pelo Santa Clara (que abuso de anti-jogo, mesmo para a Segunda Liga!), é certo, mas igualmente patrocinado por um meio campo funcional, onde Fernando Alexandre servia de pilar à construção ofensiva, levada a cabo, com excelência, por Kaka e Rui Miguel e concretizada pelo interessante envolvimento ofensivo entre Marinho, Tozé Marreco e Traquina, que originou vários lances de perigo.

O problema estava na finalização. Toze Marreco falhou duas emendas em zonas prometedoras e Marinho não conseguiu desviar a bola de Serginho num lance que contou também com o avançado ex-Chaves.

O Santa Clara apenas via jogar, impotente para travar o caudal ofensivo dos estudantes, que se adensou com as entradas de Nii Plange e Ki para os lugares de Traquina e Kaka. Uma aposta que quase tinha retorno imediato – Ki lançou Nii, que procurou a linha de fundo, cruzou para Marinho, que, em zona prometedora, atirou contra o corpo de Accioly. Porém, Daniel Ramos soube estagnar o seu meio-campo, fazendo entrar homens para a frente com noção… Defensiva, como Rafael Batatinha, de forma a travar a construção ofensiva da Académica, uma estratégia que surtiu efeito, atenuando a enchente ofensiva dos estudantes, que não mais conseguiram chegar com facilidade à baliza açoriana.

Foi um bom golpe de Daniel Ramos, que vê, assim, a sua equipa manter-se na liderança da Segunda Liga. O Santa Clara foi estrategicamente superior, e apesar de a sua segurança ter sido seriamente testada nunca vacilou. O maior elogio que esta equipa pode receber é a ovação dos adeptos contrários à sua equipa, mesmo depois de uma derrota frustrante, reconhecendo que foi dado tudo para evitar a derrota, mas “tudo” não foi suficiente. Sinal de conformismo, talvez, mas também de confiança – acredita-se que, jogando assim, Coimbra poderá estar em festa no fim da época.

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Mancha Negra, claque da Académica, esteve incansável no apoio à equipa

Daniel Ramos:

“A académica, como candidata à subida que é, dominou o jogo em termos de jogo jogado, mas conseguimos controlar o ímpeto com a nossa estratégia. Sabíamos que os espaços nas nossas laterais iriam surgir, mas conseguimos jogar com o relógio e a intranquilidade da Académica.”

“Merecemos ser felizes.”

 

Costinha:

“O início do jogo foi um bocado como o que aconteceu em Olhão na segunda parte. O Santa Clara dispôs de uma oportunidade e conseguiu um belíssimo golo. Na segunda parte, tivemos garra e criámos muitas situações, mas não as conseguimos materializar, por não haver comunicação ou por uma questão de milímetros.”

“No final do jogo falei com os meus jogadores e perguntei se sabiam quantas derrotas tinham as equipas que subiram quando o conseguiram. Não devemos dramatizar. O campeonato começou agora. O que se passa com os incêndios é pior do que aquilo que se passou hoje.”

Situação do erro da substituição:

“Pedimos para uma substituição ser efectuada e quando reparo tenho um ponta de lança fora de campo. A perder, não o faria. Não sou maluco. ”

Paulo Almeida, presidente da Académica:

“Houve uma substituição da Académica que não foi executada pela equipa de arbitragem. Um erro que desvirtua a justiça do jogo, e as regras.”

“A Académica vai apresentar o protesto formal, e vai aguardar o desenrolar do processo. Ambicionamos a repetição do jogo.”

“Não envergonharia ninguém reconhecer os erros.”

Pedro Machado
Pedro Machado
Enquanto a França se sagrava campeã do mundo de futebol em casa, o pequeno Pedro já devorava as letras dos jornais desportivos nacionais, começando a nascer dentro dele duas paixões, o futebol e a escrita, que ainda não cessaram de crescer.                                                                                                                                                 O Pedro não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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