Numa altura em que o CD Aves tem sido assunto de conversa pelos piores motivos, venho aqui relembrar uma das temporadas mais positivas do clube do concelho de Santo Tirso na última década: a de 2013/2014.
Depois do terceiro lugar obtido na época 2011/2012, e do quinto lugar em 2012/2013, o CD Aves partia para a nova época à procura de alguém capaz de dar continuidade ao projecto realizado nas últimas épocas e de conseguir o tão desejado regresso à Primeira Liga. E então, depois das apostas em Paulo Fonseca e José Vilaça, o presidente do clube Armando Silva voltaria a fazer uma aposta ousada na escolha do novo treinador: o desconhecido Fernando Valente.
O técnico, então com 54 anos, iria cumprir a sua primeira experiência no futebol profissional depois de ter subido pelo USC Paredes à Segunda Divisão B e de ter feito uma época notável num SC Espinho à beira do colapso financeiro, onde recebera apenas três meses de salário.
Assim, cabia ao treinador natural do Porto juntar-se ao seu filho na Vila das Aves (Zé Pedro Valente), defendendo que o futebol deveria divertir jogadores e adeptos, e também que, na generalidade dos casos, não era isso que se verificava no futebol português. Mas como é que um treinador desconhecido até para a maioria dos jogadores os poderia fazer acreditar que seria possível metê-los a jogar um futebol “à Barcelona”?
Os resultados iniciais não foram convincentes. Depois de um empate e três derrotas na pré-temporada e de ser eliminada na primeira Fase de Grupos da Taça da Liga, a equipa avense venceria apenas uma das sete primeiras jornadas da Segunda Liga. E começaram a soar as primeiras críticas, inclusive do guarda-redes, Quim, que não se revia nesta modalidade do treinador de dar mais valor ao desempenho do que ao resultado.
When you are in the Top of Football World…🙏⚽️⚒🧡🖤 pic.twitter.com/4F9mUOHJjo
— FERNANDO VALENTE COACH (@VALENTE2271959) November 26, 2019
No entanto, a estrutura manteve a confiança no treinador e, com o tempo, a equipa começou a mostrar resultados e bom futebol. Na segunda volta, a equipa perdeu apenas quatro das 21 jornadas disputadas, conseguindo terminar a Segunda Liga no quarto lugar, com 71 pontos, menos dois que o Penafiel, que viria a subir directamente à Primeira Liga.
Nesta temporada, a classificação obtida pelo CD Aves permitiu ao clube disputar a “Liguilha”, o play-off que daria à equipa vencedora a última vaga na Primeira Liga na próxima época. Na eliminatória disputada a duas mãos, a equipa avense acabou por não conseguir levar a melhor sobre o FC Paços de Ferreira, perdendo por 3-1 na Mata Real.
O CD Aves não conseguiu a ambicionada subida de divisão, mas a equipa orientada por Fernando Valente deixou uma marca mais valiosa que isso. A equipa do concelho de Santo Tirso praticou um futebol diferente do das outras: um futebol apoiado, atractivo, com circulação de bola rápida e ao primeiro toque.
Através da utilização de imagens e de vídeos, Fernando Valente conseguiu fazer os jogadores acreditar que seria possível praticar um futebol atractivo e divertido, capaz de animar os estádios e os adeptos.
Artigo revisto