Académica OAF 1-1 Casa Pia AC: Lutar não chegou para ninguém

    A CRÓNICA: EMPATE EM SOLIDARIEDADE NATALÍCIA

    Como o Natal premeia quem se tem portado bem, a Académica OAF parecia ser digna de recompensa nesta quadra. Desde que regressou à Segunda Liga, a equipa de Coimbra nunca tinha conseguido chegar a esta época do ano tão bem posicionada. Mas o Natal é uma época de abundante generosidade e o Casa Pia AC também tem feito por merecer presentes. Nos dois últimos jogos, os gansos ganharam a duas das equipas mais fortes deste campeonato, o Chaves e o Mafra, trepando, à Pai Natal, na tabela classificativa.

    Num encontro entre ambas as formações, alguém teria que levar com a fava do bolo rei. Rui Borges, técnico da Académica, é um transmontano de gema. As medidas sanitárias certamente vão-no atrapalhar na hora de juntar a família para a ceia de Natal. Ainda assim, antes de decidir quem leva o tronco, os sonhos e as filhós, há outros problemas a resolver. Desde logo, o onze a apresentar para este jogo em função das muitas lesões que o plantel enfrenta, a começar pela baliza, passando pela defesa e acabando no ataque.

    Filipe Martins, treinador dos visitantes, deve ter organizado o “amigo secreto” no Casa Pia há já algum tempo. Afinal, toda a gente gosta de um miminho para se motivar e os jogadores de futebol não são exceção. Isso talvez justifique a subida de rendimento desta equipa que foi construída tarde, mas que está agora a solidificar-se.

    Vamos ao jogo. Animação não faltou no início do encontro. Os dois conjuntos mostraram muita intensidade com e sem bola. A primeira grande ocasião esteve nos pés de Guima que chutou forte, no centro da área, após ser assistido por João Mário que ganhou na velocidade a Marvin.

    Quem domina a bola com mestria, domina o jogo. Nem sempre é assim, mas hoje aplicou-se. Foi assim que o Casa Pia ganhou preponderância no jogo. Vitó começou a tratar a bola por “tu” como bem sabe e as coisas começaram a sair melhor aos casapianos.

    Temos que recuar aos 12 minutos para perceber o que se passou aos 32. Rafael Vieira baralhou-se e, num excelente lance de voleibol, tocou deliberadamente a bola com a mão e viu o primeiro amarelo. No segundo momento, inconsciente do que já tinha feito antes, abalroou Godwin e foi expulso. Com mais um elemento em campo, a pressão do Casa Pia subiu e os ânimos exaltaram-se até ao final da primeira parte.

    Finalmente, aos 59 minutos chegaram os golos. Zach, na sequência de uma bola parada, aproveitou a ineficácia defensiva da Briosa e marcou o seu terceiro golo no campeonato.

    Dez minutos depois, Kelechi quase marcava na própria baliza, o que acabou por não acontecer devido a uma grande defesa de Ricardo Batista. Este lance nasce completamente contra a corrente do jogo. Contra a lógica, o empate acabou mesmo por se relançar. Bela abertura de Fabinho da esquerda para a direita, Traquina dobrou a bola para dentro, assistindo João Mário para o empate.

    Aos 74 minutos, Fabiano foi expulso por conduta antidesportiva. A Briosa ficou com nove elementos dentro do campo para aguentar o empate. E foi mesmo o que aconteceu. A Académica lutou e manteve o 1-1.

     

    A FIGURA

    Godwin – arrancou a expulsão e, como extremo puro que é, foi muito vertical e objetivo nas suas ações. Apanhou pela frente Fabiano que é um excelente defensor, mas, neste confronto, levou a melhor o nigeriano.

     

    O FORA DE JOGO

    Fabiano – Absolutamente inadmissível o que fez Fabiano. Um jogador que tem tido um excelente rendimento, mas que teve uma atitude absolutamente lamentável diante do seu adversário com jogo parado. Merece um castigo bem pesado.

     

    ANÁLISE TÁTICA – ACADÉMICA OAF

    Entre os remendos que teve que fazer no onze inicial, Rui Borges lá conseguiu montar as peças do puzzle da sua equipa, embora algumas delas tenham sido recortadas à medida das necessidades. O caso mais flagrante foi a adaptação do lateral canhoto Bruno Teles a central pela esquerda, uma vez que Rafael Vieira, que acabou expulso, era o único central disponível. O guarda-redes Mika e o avançado Bouldini atuaram nas suas posições habituais, mas tiveram que fazer um sprint final para recuperarem das respetivas lesões e irem a jogo. De resto, a equipa manteve a sua estrutura habitual, atuando num 4-2-3-1, recuperando Ricardo Dias para o meio-campo e fazendo-se acompanhar de Guima, com o criativo Fabinho na frente desta dupla. Na frente, os virtuosos Traquina e João Mário jogaram nos flancos e o goleador Bouldini destacou-se no eixo do ataque.

    A jogar em casa, a Académica começou pressionante e a tentar condicionar a saída de bola do Casa Pia. Para tentar ferir o adversário, os estudantes não se inibiram de procurar as bolas longas como solução, nomeadamente nas costas de Marvin. A equipa perdeu ímpeto ofensivo com a expulsão e viu-se obrigada a estar mais tempo em organização defensiva em 4-4-1 com Ricardo Dias a baixar para central e, depois, em 4-3-1.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Mika (-)

    Fabiano (4)

    Rafael Vieira (3)

    Bruno Teles (5)

    Fábio Vianna (4)

    Ricardo Dias (5)

    Guima (4)

    Fabinho (4)

    Traquina (4)

    João Mário (6)

    Bouldini (4)

    SUBS UTILIZADOS

    Mike (5)

    Leandro Sanca (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – CASA PIA AC

    O Casa Pia apresentou uma defesa com quatro elementos. À frente deles, Zolotic ocupou a posição 6, fazendo as coberturas aos outros dois médios, Vitó e Vítor Gonçalves. No ataque, os velozes Godwin, Diego Medeiros e Malik. Filipe Martins dispôs assim a sua equipa no 4-3-3 em que tem apostado nos jogos mais recentes, abandonando a defesa a cinco que utilizou no início da temporada.

    Inicialmente, a equipa tentou sair curto, mas não tirou grande proveito disso fruto da pressão da Académica, pelo que deixou de arriscar nessa situação. Manteve a sua linha defensiva bastante subida, mas foi sempre concedendo bolas descobertas que punham a equipa em trabalhos redobrados. Com a expulsão e com a subida de rendimento dos seus médios, os gansos ganharam novo fôlego.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Ricardo Batista (5)

    Marvin Martins (5)

    Kelechi (6)

    Zach Muscat (6)

    Derick Poloni (6)

    Zolotic (6)

    Vitó (6)

    Vítor Gonçalves (5)

    Godwin (8)

    Diego Medeiros (4)

    Malik (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Alex Freitas (5)

    Christian (3)

    Platiny (3)

    Bruno Sousa (4)

    Djoussé (3)

     

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Académica OAF

    BnR:  Que avaliação faz da prestação do adaptado Bruno Teles?

    Rui Borges: O Teles já jogou a central na Primeira Liga no Paços de Ferreira. Tem comportamentos mais definidos para jogar a lateral, mas, acima de tudo, senti da parte do jogador vontade de jogar ali. Fez um belíssimo jogo tem sido um dos jogadores mais regulares da nossa equipa.

    Casa Pia AC

    BnR: O Casa Pia já causou problemas a vários candidatos à subida. Realisticamente, até onde pode ir a sua equipa?

    Filipe Martins: Nós contruímos uma equipa nova. Destes 28 elementos, apenas 3 estavam no ano passado. Antes, a mentalidade do clube não era de vitória. Temos demostrado que temos equipa para jogar contra qualquer adversário. Cada jogo deste campeonato é uma final. Vamos tentar fazer um campeonato tranquilo, que é esse o nosso objetivo, e ombrear contra as equipas mais fortes deste campeonato como é a Académica.

     

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    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.