Num fim-de-semana onde, mais uma vez, o anti-jogo voltou a ser tema central – o que se passou no Estádio do Dragão envergonha, e muito, o futebol português –, o que aconteceu noutro recinto de futebol do país, no Estádio Cidade de Coimbra, pode ser o início de um “combate” sério a este fenómeno, que se tem vindo a agravar nos últimos tempos.
Jogava-se o encontro entre a Académica de Coimbra e o Ac. Viseu, quando o guarda-redes da equipa visitante, depois de ter visto um amarelo por alegado anti-jogo, voltou, no entender do árbitro, a repetir a “gracinha” e Carlos Cabral, juiz da partida, não teve meias medidas e expulsou o guardião Rodolfo.
E um jogo que se encaminhava para o fim sem nenhuma nota de especial destaque, de repente ganhou toda uma outra dimensão devido a esta decisão, que se não for inédita, andará muito perto disso.
E é nisto que importa refletir. Infelizmente, o anti-jogo é recorrente em todas as equipas. Em Portugal, “grandes”, “pequenos”, todos já recorreram pelo menos uma vez a uma série de artimanhas para deixar correr o jogo. Mas quem o pratica, só o faz porque não tem havido “policiamento” à altura.
Não sou a favor do futebol cronometrado, sou a favor, sim, da punição a todas as equipas que envergonham, semana após semana, o futebol. Seja através da extensão dos minutos de compensação dados – se for preciso 15 minutos de desconto, assim seja –, seja através da expulsão do jogador que praticar, repetidamente, esse tipo de procedimentos, esse é o caminho para se travar este fenómeno. Os árbitros são os únicos que podem controlar o anti-jogo e, portanto, como pessoas corajosas que são – só se aventura nesta profissão quem tem uma boa dose de coragem e determinação – têm o dever de regular toda esta situação.
Outro aspeto que tem que mudar, e este é, talvez, mais profundo, é o da clubite. Não adianta reclamarmos do anti-jogo que o adversário da nossa equipa fez no sábado, e no domingo aplaudir quando o adversário do nosso rival faz precisamente o mesmo.
O anti-jogo tem sido um dos muitos “cancros” que têm assolado o futebol português nos últimos anos. Já se sabe que a mentalidade do adepto português tem tanto de apaixonada como de irracional, mas este aspeto do anti-jogo pode, com o empenho de todos, ser extinto.
Para já, é muito provável que me venha a esquecer dos jogadores que fizeram os golos da partida entre a Académica e o Ac. Viseu, mas de uma coisa eu tenho a certeza, saberei sempre o nome do árbitro eu vi expulsar um jogador por anti-jogo. A minha esperança num jogo melhor renovou-se ali.
Foto de Capa: Jornal O Jogo
Artigo revisto por: Francisca Carvalho