Leonardo Jardim, Marco Silva e Paulo Fonseca tiveram passagens semelhantes entre si em terras lusas. Treinaram sem grande sucesso um grande depois de um inegável sucesso nas divisões inferiores, seguiram para o estrangeiro e não param de dar cartas. Com pouca ou nenhuma notoriedade enquanto atletas, os três jovens treinadores começaram, naturalmente, nas segunda e terceira divisões. Leonardo e Marco conseguiram subir uma equipa ao escalão principal do futebol nacional e Paulo ficou lá perto (terceiro lugar na Segunda Liga com o CD Aves).
Leonardo Jardim obteve um terceiro lugar ao serviço do SC Braga, um segundo ao serviço do Sporting e venceu o campeonato e taça grega pelo PAE Olympiacos. Mais recentemente, em França, revelou à Europa e ao mundo do futebol o seu valor; depois de dois terceiros lugares consecutivos no Mónaco, venceu a Ligue1 na mesma época em que alcançou as meias-finais da Liga dos Campeões.
Marco Silva, depois de vencer uma Taça de Portugal no Sporting CP e um campeonato também no PAE Olympiacos, ergueu o Hull City AFC e por pouco não alcançou a manutenção. O esforço foi reconhecido e admirado e nesta época vive momentos bem mais prazerosos no comando do atual sexto classificado da Premier League, o Watford FC.
Paulo Fonseca chegou ao FC Porto depois de um inédito terceiro lugar do FC Paços de Ferreira. A época na invicta não lhe correu da melhor forma mas soube dar uns quantos passos atrás; regressou ao clube da capital do móvel e depois seguiu para Braga onde conseguiu um quarto lugar. Recuperou os passos atrás quando chegou o convite da Ucrânia. O FC Shakhtar Donetsk, vencedor da supertaça ucraniana, é atualmente o primeiro classificado depois de na época passada ter vencido o campeonato e a taça daquele país sob o comando técnico de Paulo Fonseca.
É por demais evidente que o sucesso enquanto jogador não determina as possibilidades de se alcançar sucesso como treinador. Que pode ajudar não há dúvidas. O futebol vive muito dos pormenores e são eles que podem desbloquear uma infinidade de jogos. Por isso, todo o conhecimento do adversário e do seu reduto é necessário na preparação de um confronto, mas nem só daí se retiram trunfos. A irreverência e visão limpa de um treinador vindo, aparentemente, “do nada” causam, por muitas vezes, o desequilíbrio na partida. Quer-se cada um na sua área, a fazer aquilo de que mais e melhor percebe. Portanto, quando estamos na presença de alguém que consegue aliar as duas coisas, o caso é especial.
Foto de capa: pesmitidelcalcio.com