O Vitória Sport Clube tem sido das equipas portuguesas mais faladas nesta temporada, devido a dois motivos: primeiro, com a eleição de Miguel Pinto Lisboa como novo presidente do clube e a chegada de Carlos Freitas para Director Desportivo, o clube renovou a sua política desportiva, contratando vários jovens promissores portugueses e estrangeiros. Segundo, com a chegava de Ivo Vieira ao comando técnico da equipa vitoriana, o técnico madeirense tem apostado numa série de jogadores jovens e tem-se destacado pela prática de um futebol de qualidade que valoriza o jogador, como ficou comprovado com a venda recente de Tapsoba.
Apesar de tudo, a equipa da cidade-berço tem tido uma prestação inconsistente no campeonato, encontrando-se actualmente no sétimo lugar no campeonato, em igualdade pontual com o Boavista FC e o Vitória FC, oitavo e nono classificados, respectivamente, sendo que a equipa ainda não ganhou nenhum jogo contra as equipas que estão à sua frente na tabela classificativa. Inclusive, no último jogo, que terminou com uma derrota por 2-0 em casa do Boavista, acabou com adeptos vitorianos a acenar lenços brancos a Ivo Vieira.
A verdade é que observando esta equipa do Vitória SC, verificamos que esta passa grande parte do tempo a jogar no meio campo adversário e cria várias ocasiões, sendo que é a equipa que possui a segunda melhor média de remates no campeonato (12,5 remates por jogo), estando apenas atrás dos rivais minhotos nesse dado estatístico.
Observando o plantel do Vitória SC, verificamos que este é o plantel mais bem recheado de qualidade individual nos últimos largos anos. Porém, tendo em conta esta mesma qualidade individual, a produtividade ofensiva devia ser mais e melhor.
Começando pelo ponta-de-lança, Léo Bonatini tem sido uma das desilusões da temporada, estando longe de mostrar os créditos que mostrou quando jogou no Estoril-Praia SAD em 2015 e 2016. O brasileiro Bruno Duarte tem surpreendido nalguns jogos, mas é curto para todas as frentes. João Pedro Silva marcou dois golos no último mês e tem-se mostrado como uma boa opção de recurso, mas ainda é curto para aquilo que se exige.
Mas se os adeptos têm razões de queixa dos poucos golos dos pontas-de-lança, a verdade é que o problema não fica por aqui. Davidson e Marcus Edwards são dos jogadores mais influentes da equipa, mas apresentam claras deficiências na definição, o que muitas vezes resulta em más decisões no último terço do terreno, sobretudo no último passe.
Apesar destas lacunas que contribuem para a campanha inconsistente do Vitória SC no campeonato, acho completamente descabido ver adeptos vitorianos a pedir a demissão de Ivo Vieira. O técnico madeirense tem-se destacado pela prática de um futebol positivo e, acima de tudo, por aquilo que um treinador deve fazer sobressair num clube fora dos três grandes: a capacidade para potencial e a valorização dos jogadores.
Edmond Tapsoba foi valorizado como nunca antes alguém foi em Portugal fora dos três grandes. E, tendo em conta o projecto do clube, estão reunidas condições para que não seja o único jogador a ser valorizado num futuro próximo. E estou convencido que Ivo Vieira merece a confiança da estrutura para desempenhar esse papel.
Foto de Capa: Vitória SC
Artigo revisto por Inês Vieira Brandão