Crise financeira teima em não deixar o Vitória FC

    Na última semana a frágil saúde das finanças do Vitória FC voltou a ser notícia, depois de anunciado mais um Plano Especial de Revitalização (PER) – o terceiro em seis anos – que mostrou as dívidas astronómicas dos sadinos e o largo rol de credores que exigem pagamentos em atraso junto ao emblema setubalense.

    Depois de um primeiro PER em 2013, que garantiu um perdão de parte da dívida de 29 milhões de euros do Vitória FC, seguiu-se um segundo plano em 2016, que acabou considerado nulo pelo Supremo Tribunal de Justiça e contribuiu para a saída de Fernando Oliveira da presidência dos sadinos.

    Já neste terceiro plano o emblema setubalense apresenta dívidas que chegam aos 20 milhões de euros, mais de metade desse valor devido ao Estado (Segurança Social e Autoridade Tributária), mas também com antigos atletas, treinadores e clubes de futebol na fila para receber o devido pela SAD do Vitória FC. Nomes como Luis Felipe, Pedro Queirós, Amuneke, José Couceiro, Benfica e Sporting da Covilhã fazem parte dessa lista de credores.

    As batalhas dos sadinos com os problemas de tesouraria já são antigas. Pelo menos desde 2006 que há dores de cabeça nas finanças do Vitória FC, altura em que o plantel ameaçou fazer greve devido aos salários em atraso, com a situação resolvida após a venda de Moretto para o SL Benfica. Desde então, cada vez aparecem mais credores à porta do Estádio do Bonfim, com relatos de salários em atraso a repetirem-se ano após ano e a SAD sadina parece constantemente ligada às máquinas para continuar a viver na Primeira Liga.

    A equipa sub-23 do Vitória FC está, alegadamente, com três meses de salários em atraso
    Fonte: Vitória FC

    Agora o leitor pergunta-se: “mas como é que o Vitória ainda está na Primeira Liga com tanta dívida acumulada?”. Pois, os responsáveis setubalenses têm tapado o sol com a peneira, ano após ano, com pequenas entradas de dinheiro aqui e ali, principalmente no mercado de inverno. As saídas de jogadores como o já falado Moretto, Cissokho, João Amaral ou Costinha deram receita suficiente para apaziguar as exigências dos credores até ao ano seguinte. Porém, uma gestão sempre no fio da navalha não pode ter futuro e com o passar dos anos cada vez mais os fantasmas de uma possível insolvência surgem, principalmente com as constantes lutas por não descer do Vitória FC.

    A juntar a todos os ex-elementos e clubes a quem o Vitória FC tem dívidas, surgiram rumores através da página do Facebook “Training Compensation”, gerida pelo empresário Paulo Teixeira, de relatos dramáticos vividos no seio dos sadinos, desde empréstimos de milhares de euros em dinheiro vivo de origem duvidosa para garantir a inscrição dos setubalenses na Liga NOS, a vários meses de salários em atraso para todo o plantel sub-23 até a ordenados pagos através da conta de Vítor Hugo Valente, presidente dos vitorianos. A veracidade destas acusações ainda está por provar, mas com tantos casos divulgados de dívidas, não surpreenderia se fossem histórias reais.

    Muita tinta vai rolar com mais este PER, mas as dificuldades no Vitória FC não são novidade e temos de questionar quanto tempo mais conseguirão os sadinos sobreviver na corda-bamba financeira. Será que se avizinha o fim de mais um histórico do futebol português? Esperemos que não, mas a ver vamos…

     

    Foto de Capa: Vitória FC

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    João Reis
    João Reishttp://www.bolanarede.pt
    Desde de 1993 que a cor que lhe corre nas veias é vermelha e branca! Quando era mais novo, chegou a jogar no clube rival de Lisboa, mas nunca escondeu que o seu grande amor era o Glorioso. Tem uma enorme admiração pelo Liverpool FC. Gostava de um dia ir a Anfield Road e cantar bem alto a canção que imortalizou os Gerry & The Pacemakers: "You'll Never Walk Alone!" A dar os primeiros passos como treinador de futebol, o seu maior sonho é treinar o clube de coração e alma, o Sport Lisboa e Benfica.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.