Deserto de ideias em Santa Maria da Feira

    E vão onze, onze jornadas sem qualquer vitória na Liga Portuguesa! O alarme já soou há algum tempo em Santa Maria da Feira, mas parece continuar a aumentar a cada jornada que passa. Depois de arrancar o campeonato com duas vitórias (as únicas até ao momento na Liga), o conjunto de Nuno Manta Santos entrou numa espiral negativa, que parece não ter retorno.

    Se os resultados, por vezes, são injustos ou mentirosos, as exibições do CD Feirense são ainda mais preocupantes, sobretudo no momento ofensivo, que é um deserto de ideias gritante e constante. Para além disso, pelos estímulos que têm passado cá para fora, o treinador não tem ideias para mudar e, por exemplo, nesta última jornada em Braga, em vez de mudar um pouco o modelo de jogo ou a abordagem ao jogo, preferiu trocar de guarda-redes, quando, toda a gente que segue minimamente o futebol português, sabe que Caio Secco é um dos melhores ativos do plantel, “fartando-se” de safar a pele dos Fogaceiros desde a época passada.

    Os Fogaceiros estão em zona de descida, com duas vitórias, quatro empates e sete derrotas, sendo o segundo pior ataque da Primeira Liga
    Fonte: CD Feirense

    Nuno Manta Santos já provou o seu valor e contrariou o ditado que diz “Santos da casa não fazem milagres”. Durante a época 2016/2017, um desconhecido na alta roda do futebol português, mas um filho da terra e do clube, substituía o icónico José Mota. Rapidamente, até pelo seu trajeto, ganhou simpatia dos adeptos do futebol português. Conduziu o CD Feirense a um tremendo 8.º lugar nessa época de estreia e, na temporada passada, conseguiu um ponto a mais que a zona de despromoção.

    O técnico tem um estilo metódico e estratégico, montando uma equipa à sua imagem. Organizada, forte nos esquemas táticos, “batida” na Primeira Liga e com jogadores raçudos e que não viram a cara à luta. A verdade é que este ADN imposto no Fogaceiros tem resultado, com maior ou menor estilo, os objetivos têm sido logrados e ir ao Marcolino de Castro é, na verdade, uma saída sempre difícil para os visitantes.

    No entanto, a evolução tem sido nula. Tanto por parte do técnico português, tanto por parte da própria equipa. Não mudou grande coisa e continua a ser uma equipa limitada no momento ofensivo. Jogadores como Tiago Silva, Rafael Crivellaro, Edson Farias ou Luís Machado, são exemplos e provas de que estamos na presença de um clube modesto a nível financeiro, mas com qualidade individual para fazer mais e melhor.

    É uma equipa com um modelo demasiado rústico para uma equipa com esta qualidade individual e, sobretudo, que parece só ter uma forma de jogar, ou seja, não há plano “B” ou “C”, a equipa joga sempre igual e, se no Marcolino de Castro corre mais vezes bem que mal, fora de portas tem sido um desastre (reforço, que esta é uma análise exibicional e não apenas resultadista). A responsabilidade tem de cair sobre o técnico, o máximo responsável do grupo de trabalho.

    Tiago Silva é a peça mais influente da equipa, apesar do seu estilo de jogo ser distinto do ADN do CD Feirense de Nuno Manta Santos
    Fonte: CD Feirense

    Sinceramente, acredito que o CD Feirense não desça de divisão, nem que mude de treinador, mas seria bom ver a equipa tentar mudar o seu registo e o próprio treinador evoluir noutros momentos de jogo, conseguindo extrair ainda mais dos melhores e mais valiosos ativos do clube, como Luís Machado, que é um autêntico portento fisicamente, com capacidade de drible e um excelente remate de média-longa distância, ou Tiago Silva, que, por incrível que pareça, sendo um jogador tecnicamente evoluidíssimo, com uma visão de jogo impecável e com um estilo mais de posse e jogo apoiado, tem se dado muito bem pelos ares de Santa Maria da Feira.

    O CD Feirense e Nuno Manta Santos têm potencial para mais e melhor. Existe melhor altura para mudar do que uma altura de crise profunda – a nível exibicional e agora até de resultados?

    Foto de Capa: CD Feirense

    Artigo revisto por: Rita Asseiceiro

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    Ruben Brêa Marques
    Ruben Brêa Marqueshttp://www.bolanarede.pt
    O Rúben é um verdadeiro apaixonado pelo futebol, sem preferência clubística. Adepto do futebol, admira qualquer estratégia ou modelo de jogo. Seja o tiki taka ou o catenaccio, importante é desfrutar e descodificar os momentos do jogo e as ideias dos técnicos. Para ele, futebol é paixão, trabalho, competência, luta, talento, eficácia, etc. Tudo é possível, não existem justos vencedores ou injustos perdedores, e é isto que torna o futebol um desporto tão bonito.                                                                                                                                                 O Rúben escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.