Fui jantar e não havia prato principal

    No passado fim de semana decidi ir jantar fora. Fui até um restaurante do qual me foi dito que se come muito bem. E ali ia eu todo contente até ao ‘Nacionalmente’. Dizem as ‘boas línguas’, que é um local onde somos alimentados com pratos confeccionados com o que de melhor é produzido em Portugal. E que, para além disso, têm também alguns produtos estrangeiros, sobretudo vindos da América do Sul. Mas todos com qualidade. Pelo menos foi o que me foi dito. Decidi arriscar.

    Optei pelo menu ‘mês de Outubro’. Fiquei curioso, porque eles têm estes menus mensais dos quais a pessoa que me atendeu falou muito bem. Pois que venha então de lá esse menu especial.

    Passados alguns minutos foram-me servidas as entradas. Apelidaram-nas de ‘mini luxemburgueres’ e ‘para lá da Europa’. Confesso que gostei. Mas souberam-me a pouco. A primeira estava desiquilibrada, apesar de ter um bom gosto. A segunda claramente era mais apetitosa ao olhar. Mas foi uma breve viagem que terminou pouco depois de começar. Com qualidade mas com pouca quantidade.

    Pouco depois, fui brindado com uma sopa a que chamam ‘sopa com todos’. Comidinha servida numa taça de portugal linda, onde estavam presentes condimentos dos mais variados cantos de Portugal, desde os menos conhecidos aos mais requintados e badalados produtos do nosso país. Não estava má. Foi uma viagem a diferentes sabores lusitanos, mas continuava ansioso pelo prato principal.

    O empregado veio em minha direcção e estava eu já pronto para a comida quando, afinal, o que me trouxe foi uma sobremesa. Qual não seria o vosso espanto? E o prato principal? Não vem? Questionei-me, antes de perguntar o que se passava.

    – “Este menu não tem prato principal, senhor.” – respondeu-me o empregado.

    Como não tem? Um menu sem comidinha da boa, daquela que nos deliciamos demoradamente, em que temos vários sabores, várias experiências, ao longo de algum tempo e em que poucas coisas nos tiram aquela cara de deliciados?

    Pausa enorme no Campeonato. Tempo para as Taças: a de Portugal e a da Liga
    Fonte: Liga Portugal

    Então lá veio a sobremesa: ‘campeã de inverno’ era o nome. Apelidaram-na com esse nome talvez por ser fria, quase gelada, como o tempo de Janeiro e Fevereiro. Uma coisa insípida, sem muito gosto. Era como se fosse um complemento que parecia ter sido feito em cima do joelho, sem grande dedicação, somente para entreter o cliente e talvez na esperança de que ele se esquecesse que não tinha saboreado o prato tão ansiado.

    Fiquei claramente irritado com este ‘mês de Outubro’. Entradas curtas, sopa enriquecedora e uma sobremesa com muito pouco sabor. E o prato principal?

    Estava a preparar-me para pagar e só aí entendi: estava no restaurante da Liga de Portugal. No fundo, o que me deram no ‘mês de Outubro’ foram dois joguinhos da nossa selecção como entradas, um Domingo com sopa para todos advinda da Taça de Portugal e uma sobremesa que nada mais é do que uma Taça da Liga que não chega para matar sequer uma parte da fome que os verdadeiros amantes do futebol, como eu, tanto adoram.

    Mas cabe na cabeça de alguém servir um mês de Outubro sem ter prato principal? Para a nossa querida Liga parece que sim. E então temos quase quatro infindáveis semanas onde vamos ter de nos contentar com uns joguinhos aqui e ali, sem que esse prato principal nos seja servido diariamente ao longo de fins de semana que começam à sexta e só costumam terminar às segundas. E depois, lá mais para a frente, queixam-se que têm demasiados jogos.

    Tenham vergonha e calendarizem correctamente a época. O futebol português, jogadores e treinadores agradecem. E nós adeptos é o mínimo que merecemos. Porque não podemos estar quase um mês sem ser devidamente alimentados pelo fervor da nossa amada Liga.

     

    Foto de Capa: Liga Portugal

    Artigo revisto por Inês Vieira Brandão

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    Tiago Ferreira
    Tiago Ferreirahttp://www.bolanarede.pt
    O Tiago é um apaixonado pela vida, pelas pessoas e também por tudo o que rodeia o desporto em geral e o futebol em particular. Assim, tenta expressar as suas emoções e vivências da melhor forma que julga conseguir fazê-lo: por palavras escritas.                                                                                                                                                 O Tiago não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.