Perante tais dados, deve dar-se lugar à reflexão. Perante tais factos, deve procurar-se melhorar. Para além de desacreditar o jogo em questão, o anti-jogo desvaloriza a própria competição e retira-lhe alguma credibilidade. Numa altura em que tudo é criticado, também os clubes pequenos se defendem atacando os três grandes e os seus diretores de comunicação e dirigentes, alegando que o seu campeonato é outro e estão cá apenas pela disputa dos pontos e pela manutenção. Assim dito, com tamanha hipocrisia, dá a entender que são os clubes pequenos que mais contribuem para a visibilidade do nosso futebol e são eles os principais promotores e praticante do bom futebol. Não é verdade. Claro que jogam com as armas que têm e a mais não são obrigados. Mas por “armas” deve entender-se os seus jogadores e características especiais, os seus redutos e dimensões particulares ou os seus adeptos e o ambientem que criam para empurrar o seu clube para a vitória. Por “armas” não se deve entender a agressão, o antijogo e a provocação.
E neste problema, todos são chamados “à palmatória”. Não só os adversários que disputam os pontos, mas também a equipa de arbitragem que dirige o encontro. Não é admissível que o cartão amarelo já não intimide o jogador a não “queimar tempo”. O cartão amarelo, uma punição integrante do jogo, serve para admoestar o jogador que infrinja, de uma forma ou de outra, as regras do jogo e isso não acontece no caso do anti-jogo. O atleta que se recuse a repor a bola com a rapidez adequada só vê o cartão amarelo para lá dos 70 minutos de jogo, muitas vezes apenas nos descontos. Assim, o “crime compensa”! Qual o mal de levar um amarelo se isso significou que o jogador pudesse empatar o cronómetro por 10, 15 ou 20 minutos e, consequentemente, levar a sua equipa a pontuar? E amarelar um atleta nos descontos é alinhar nessa estratégia de jogar o menos tempo possível porque, adivinhe-se lá, também vai gastar segundos preciosos na possível conquista de pontos.
Nem tudo depende de tecnologia, de orçamentos elevados ou de ter o vento a soprar a favor. Às vezes é apenas uma questão de respeitar o desporto que lhes dá a ganhar a vida e lhes permite fazer dela o que mais gostam. E respeito pelo futebol é o que é raro nestes dias, lamentavelmente. Grandes e pequenos.
Foto de capa: FC Porto