«Nunca mais me esqueço da forma como o João Pinto me recebeu» – Entrevista BnR com João Tomás

    – Experiências no estrangeiro –

    BnR: Jogaste em Espanha, no Dubai, no Qatar e em Angola. Em qual gostaste mais de viver e em qual gostaste mais de jogar?

    JT: (risos) Gostei muito de viver em Sevilha e no Qatar. De jogar, Espanha.

    BnR: Sais para o Bétis em 2001. Davas-te muito com o Calado?

    JT: Claro, morávamos perto e tudo.

    BnR: Como era a vida no Qatar? Alguma história engraçada?

    JT: Em 2006, no Qatar, a internet tinha aparecido há pouco tempo. Não havia wireless em casa, para teres uma ideia, os portáteis não traziam WiFi, eu tive de comprar uma pen que era o detetor do WiFi. Quando lá cheguei, percebi que era um país evoluído e a única diferença era que passámos de um país cristão para um país muçulmano com as devidas regras.

    BnR: Que memórias tens de Angola? Estreias-te com dois golos…

    JT: Foi uma decisão que deu para aprender muita coisa.

    BnR: A tua mulher acompanhou-te sempre nestas experiências?

    JT: Não, só me acompanhou para Sevilha e para o Qatar.

    BnR: És casado há quantos anos?

    JT: Vamos fazer 20 anos de casados em junho.

    BnR: Qual a importância de teres estabilidade na vida pessoal cedo?

    JT: Tem uma influência muito grande, porque é um fator de estabilidade sentimental, emocional e familiar. Com o nascimento das filhas as coisas ficam diferentes, mas acho que é uma consequência natural de uma vida em família. Eu sei que numa boa parte dos casos não é esta durabilidade que acontece, mas foi sempre parte do meu sucesso e do insucesso profissional, esteve sempre nos bons e maus momentos para ser um apoio.

    – Rio Ave e os “Grandes” do Minho –

    BnR: És o melhor marcador da história do Rio Ave, um feito atingido entre os 34 e 37 anos de idade. Que sentimento é que isto te evoca?

    JT: Acho que isso é tudo uma consequência do estilo de vida que tu levas, ponto número um. Depois, obviamente que a genética também pode ajudar, mas o Rio Ave foi onde mais gozo me deu jogar. Porque eu chego a Vila do Conde já com 34 anos, numa fase difícil onde temos de mostrar todos os dias que estamos bem. Mas foram os anos em que eu mais desfrutei. Em Vila do Conde, senti que tinha uma grande responsabilidade em cima de mim, principalmente posta por mim, porque tinha 34 anos e tinha que provar, não a mim mas aos outros, que podia ser titular todos os domingos, que podia marcar golos todos os domingos. Eu dou por mim a traçar objetivos, porque as pessoas vão-me informando e eu começo a perceber que tenho um recorde para bater e foi um estímulo interessante. E nessa altura já não havia pressão na minha cabeça, havia o desfrutar a situação e eu propor-me a fazer uma coisa que eu achava que era justo.

    João Tomás é o melhor marcador da história do Rio Ave
    Fonte: Rio Ave FC

    BnR: É a massa adepta da qual sentiste mais carinho?

    JT: Tenho boas recordações de todos. A forma genuína como eu jogava refletia-se na forma como eu estava na vida.

    BnR: Jogas nos dois grandes do Minho, Vitória Sport Clube e Sporting de Braga. Como é que se vive o derby do Minho?

    JT: Eu vivi três derbys maravilhosos: primeiro Benfica/Sporting, depois Sevilha/Bétis e depois Braga/Vitória. Mas destes três, talvez Sevilha/Bétis seja o mais empolgante. Vive-se muito mesmo, um mês antes do jogo já não pensas noutra coisa, foi estrondoso jogar o derby.

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