Petit e a missão de acordar o Leão do Atlântico

    Depois do Sporting CP, o CS Marítimo foi o segundo clube a dar a famosa chicotada psicológica no seu grupo de trabalho. Após 10 jogos, onde o Marítimo saiu derrotado em oito e empatou dois (sendo que um desses empates foi ante o Moura AC, do Campeonato de Portugal, para a Taça de Portugal e o CS Marítimo acabaria por passar através das grandes penalidades), Cláudio Braga não resistiu e acabou por ser afastado da equipa.

    Petit, ex-internacional português e campeão nacional pelo Boavista FC, em 2001, e pelo SL Benfica, em 2005, é quem se segue para afastar o fantasma da despromoção e, se ainda for a tempo, entrar na disputa por um lugar europeu. Para já, a estreia não correu bem, porque foi derrotado em casa pelo Vitória FC, por 0-1. Neste momento, o Marítimo ocupa o 13.º posto, apenas um ponto acima da linha de água, e já a oito pontos do quinto classificado da Liga Portuguesa (objetivo crónico dos madeirenses).

    Danny voltou ao Marítimo, mas nem ele tem conseguido reverter este mau momento
    Fonte: CS Marítimo

    Petit tenta livrar-se da fama que tem

    Treinar o Marítimo, um dos maiores clubes de Portugal, já com 40 presenças na Primeira Liga Portuguesa e sete participações na segunda prova mais importante da UEFA, é, sem dúvida, o maior desafio da carreira de Petit como treinador. Para já, o seu trajeto tem sido pautado por projetos de manutenção. Começou no “seu” Boavista, ainda na Segunda B, onde ficou quatro temporadas, das quais se destaca o facto de ter conseguido a permanência no regresso do “Boavistão” à Primeira Liga. Na época 2015-16, acabou por ser substituído por Erwin Sánchez, tendo rumado ao CD Tondela na mesma época e conseguido uma recuperação fantástica rumo à permanência. Na temporada 2016-17, começou no CD Tondela, mas acabou afastado, terminando a época no Moreirense FC e garantindo novamente a permanência. Por fim, a temporada passada, iniciou-a no FC Paços Ferreira, equipa que jogava bem, mas só conseguiu uma vitória em nove jogos. Acabou por ser despedido, voltando a Moreira de Cónegos, onde também não terminou a temporada.

    Petit já fez trabalhos notáveis, sobretudo no regresso do FC Boavista à Primeira liga e no CD Tondela
    Fonte: CS Marítimo

    Posto isto, fica claro que Petit sempre esteve em projetos de “emergência”, tirando o FC Paços Ferreira, onde a equipa produzia, mas não ganhava. Agora no CS Marítimo, um clube grande da Primeira Liga, tem plantel e estrutura para conduzir a equipa a uma boa recuperação na tabela e ficar na Madeira por algumas épocas.

    A imagem de Petit-jogador- é muito associada ao Petit-treinador-, mas temos de contextualizar. A esmagadora maioria dos projetos que aceitou eram para garantir a permanência. Com a equipa “ligada às máquinas”, não havia tempo para “folclore”. Na segunda época no CD Tondela e, sobretudo, no arranque no FC Paços de Ferreira, Petit tentou dar um cunho de garra e força, que lhe são característicos, mas juntando um futebol agradável, com bolinha no chão, várias flutuações de um flanco para o outro, com um bloco bastante coeso e certinho.

    Não esqueçamos que, apesar de, como jogador, ser conhecido pela garra, força, energia, para além do seu fantástico remate de média-longa distância, Petit jogou com grandes craques na seleção Portuguesa, num clube grande como SL Benfica e ainda jogou numa das ligas mais competitivas e espetaculares do mundo, a Bundesliga, pelo FC Köln. Portanto, escola de bom futebol, não lhe falta.

    Com craques como Joel, Danny, ou Barrera, entre outros, as coisas poderão resultar. Se bem que, novamente, o mais importante neste momento seja vencer, o que condiciona, e de que maneira, pelo clube que é e pela pressão que existe, o trabalho de Petit.

    Na próxima jornada, o Marítimo desloca-se a Santa Maria da Feira e depois recebe nos Barreiros o Benfica. Dois testes que apresentam problemas diferentes e difíceis, onde o clube madeirense vai tentar “sacar” seis pontos.

     

    Foto de Capa: CS Marítimo

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    Ruben Brêa Marques
    Ruben Brêa Marqueshttp://www.bolanarede.pt
    O Rúben é um verdadeiro apaixonado pelo futebol, sem preferência clubística. Adepto do futebol, admira qualquer estratégia ou modelo de jogo. Seja o tiki taka ou o catenaccio, importante é desfrutar e descodificar os momentos do jogo e as ideias dos técnicos. Para ele, futebol é paixão, trabalho, competência, luta, talento, eficácia, etc. Tudo é possível, não existem justos vencedores ou injustos perdedores, e é isto que torna o futebol um desporto tão bonito.                                                                                                                                                 O Rúben escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.