Por amor de Deus, não despeçam Luís Castro

    Vivem-se tempos conturbados em Guimarães, com o Vitória SC a sofrer mais um desaire fora de portas, desta vez às mãos do Rio Ave FC, que não vencia no seu reduto desde outubro. Esta derrota fez os vimaranenses ficarem mais longe dos lugares europeus, e os constantes resultados negativos fora de casa têm levado a uma forte contestação entre os adeptos do Vitória SC, mas um possível despedimento de Luís Castro, exigido nos lenços brancos da massa associativa, pode ser um dos maiores erros de gestão de um clube nacional nos últimos anos.

    Tem de entender-se aquilo que Luís Castro é enquanto treinador e gestor de homens para se ter ideia daquilo que o Vitória SC pode conquistar no futuro, e não é preciso ir mais longe que a época passada. Num GD Chaves que tentava consolidar-se entre os grandes do Futebol português, Luís Castro conseguiu praticar o melhor futebol do campeonato com um plantel limitado, mas em que as peças encaixavam umas nas outras quase na perfeição, sendo um bom exemplar do “tiki-taka” catalão em Portugal. O começo de época em Trás-os-Montes foi tudo menos feliz, mas mostrou muito bem aquilo que as equipas de Luís Castro precisam e não podem viver sem: um sector defensivo que saiba construir jogo.

    Numa equipa que contava com Bressan, Pedro Tiba, Davidson, William e Matheus Pereira – muita qualidade do meio-campo para a frente -, as coisas não pareciam funcionar nas primeiras jornadas, com um futebol palpável e vulnerável. Porém, duas contratações mudariam completamente o jogo do Chaves: primeiro, Nikola Maras – central que sabe construir – integrou numa das melhores duplas de centrais do campeonato e consolidou a linha defensiva; mais tarde, foi Stephen Eustáquio, médio defensivo que também é um excelente construtor de jogo, a dar criatividade na primeira fase de construção. Estes dois fizeram dos flavienses uma das equipas que mais água na boca deixaram na temporada de 2017/18.

    Luís Castro chegou a Guimarães esta época, mas está com dificuldades em chegar aos lugares europeus
    Fonte: Vitória SC

    Além disso, no ataque estava Matheus Pereira, o extremo do Sporting CP, que apenas sob o comando de Luís Castro conseguiu render muito, porque só o atual treinador do Vitória SC soube trabalhá-lo mentalmente para conseguir ser profissional o suficiente para mostrar todo o seu talento no relvado. Com outro treinador (Peseiro, por exemplo), Matheus ter-se-ia perdido em Trás-os-Montes, e talvez nem fosse equacionado para fazer a pré-temporada em Alvalade, perdendo-se um extremo de largo futuro.

    Agora no Vitória SC, é preciso perceber o que falta aos vimaranenses para terem aquele futebol de posse tão característico de Luís Castro. É certo que se gastaram muitos milhões em reforços, que chegaram jogadores da qualidade de André André e Davidson, mas Júlio Mendes “esqueceu-se” do resto: onde está um médio defensivo que consiga construir jogo com qualidade? Onde estão os centrais com grande capacidade de passe? São posições cruciais para o Vitória SC conseguir fazer aquilo que Castro quer e dar aos adeptos vimaranenses o futebol de alto quilate que pode aproximar os conquistadores dos clubes de topo nacional.

    Se há homem para confiar um projeto de longo prazo, coisa que há muito tempo falta no Vitória SC, esse homem é Luís Castro. É só preciso um pouco de paciência…

     

    Foto de Capa: Vitória SC

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    João Reis
    João Reishttp://www.bolanarede.pt
    Desde de 1993 que a cor que lhe corre nas veias é vermelha e branca! Quando era mais novo, chegou a jogar no clube rival de Lisboa, mas nunca escondeu que o seu grande amor era o Glorioso. Tem uma enorme admiração pelo Liverpool FC. Gostava de um dia ir a Anfield Road e cantar bem alto a canção que imortalizou os Gerry & The Pacemakers: "You'll Never Walk Alone!" A dar os primeiros passos como treinador de futebol, o seu maior sonho é treinar o clube de coração e alma, o Sport Lisboa e Benfica.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.