Estava eu a jantar, descansadinho numa esplanada, porque sabe sempre bem apreciar estas belas noites de verão, quando me viro inconscientemente e dou de caras com o ‘nosso’ chefe Ljubomir. Sim. Esse mesmo. Aquele da TV.
Ganhei coragem, respirei fundo e ‘fiz-me à estrada’.
– Boa noite chefe. Desculpe incomodá-lo. Dá-me um minuto do seu tempo? – questionei-o receoso da sua frontalidade já bem conhecida por todos.
– Tudo bem! – respondeu. Desde que me trates pelo meu nome. Aqui não sou chefe nenhum. – continuou, não me surpreendendo aquela imediata informalidade.
– Por aqui? Não me diga que veio em auxílio desta casa. Olhe que o que me costuma ser apresentado até me parece ter alguma qualidade – informei-o.
– Ai é? Isso é porque não viste o que está por detrás do que te chega. – refutou ele sem me deixar terminar.
– A sério? – expressei.
– É verdade. Sabes que não deves ver só o que te chega para consumo final. Isso engana muito. Tens de começar pela raiz das coisas, das causas e dos problemas, para veres se estão a cozinhar de forma verdadeira, com entrega, com alma. Se estão a cuidar dos clientes como merecem. Se todas as matérias primas são tratadas da mesma forma, de forma atenciosamente repartida ou se por outra é dada atenção somente a alguns dos produtos, em detrimento de outros. Tens de entender se o cozinhado é mesmo real!
– E eu que pensava que estava a ingerir bons produtos, que me alimentam o corpo e me dão satisfação – respondi.
– Pois é… Nem tudo é o que parece. Sabes, às vezes o produto é bom. As pessoas é que não sabem cuidar dele e estragam-no. Olha, por exemplo, os produtos de Portugal: vocês são dos melhores a produzir e depois vamos ao estrangeiro comprar ‘porcaria’ só porque é mais barato ou porque é mais fácil ou porque o Sr. Y até vem cá e então temos também de ser clientes dele. – continuou o consagrado chefe.