TRIBUNA VIP é um espaço do BnR dedicado à opinião de cronistas de referência para escreverem sobre os diversos temas da atualidade desportiva.
Não foi uma semana feliz para o mundo do futebol. Numa altura em que tanto se debate a liberdade e as consequentes conquistas, vários valores foram colocados em causa e percebemos que estamos no caminho errado quando o cifrão (quase) fala mais alto do que a verdadeira essência da coisa.
Superliga Europeia: crítica instantânea, feroz e generalizada fez ruir, em 48 horas, plano de três anos https://t.co/ONML87qHTr
— CNN Brasil (@CNNBrasil) April 24, 2021
A ideia da Superliga é uma ofensa para quem desenvolveu este desporto. É um ataque direto à competitividade justa, aos sonhos dos mais novos e às emoções dos adeptos. Acima de tudo, é o espelho de uma sociedade doente, com prioridades trocadas. As reformulações serão sempre necessárias, mas é preciso medir a que custo são feitas. E quando falo em custo, não me refiro aos milhões prometidos por esta competição.
Serei sempre defensora da meritocracia, seja em que área for. Os tubarões esquecem-se de que precisam dos restantes peixes para triunfarem; alguns esquecem-se também que nem sempre foram peixes graúdos e que a história não pode ser apagada. Já não se lembram do Leicester de 2016? Do Deportivo de 2000? Do FC Porto de 1987? É a imprevisibilidade deste jogo e a rutura com o que é expectável que o torna mais belo.
Aplaudo cada revolta à porta dos estádios e cada declaração que se oponha à total capitalização de um desporto que é verdadeiramente sentido por quem tem menos poder. Felizes aqueles que nos recordam que o adepto tem de ser quem mais ordena. Infelizes aqueles que pensam que podem tirar o ópio do povo, sem mais nem menos.
Artigo de opinião de Rita Latas,
jornalista Sport TV