Um Boavista que tem deixado um pouco a desejar

    Este início de época foi marcado por um Boavista FC que surpreendeu muitos dos adeptos do futebol português e colocou os adeptos boavisteiros numa ‘quase euforia’. No entanto, parece-me que muito do optimismo que tem pautado a grande maioria dos adeptos do Boavista é, de certa forma, exagerado.

    Até há bem pouco tempo, o Boavista FC era um dos poucos clubes invictos ‘domesticamente’, no que à Europa ‘desenvolvida futebolisticamente’ diz respeito. Os adeptos boavisteiros começaram a recordar o Boavistão e a encher-se ainda de mais orgulho no seu clube. No entanto, as derrotas apareceram e julgo que há ilações a tirar, não só destas mesmas duas derrotas, mas sobretudo da forma de jogar da equipa de Lito Vidigal.

    Lito Vidigal é um treinador que não me convence. Já teve algum sucesso em alguns projectos que abraçou, mas sinceramente sempre que penso nele ocorre-me um treinador que joga sobretudo para o ponto, tendo como principal qualidade a forma como monta a postura defensiva da sua equipa. E o Boavista deste ano é o melhor dos exemplos disso mesmo.

    Lito Vidigal conseguiu estar invicto durante longo período no Boavista sobretudo graças à coesão defensiva da sua equipa, aliada a uma maturidade e objectividade que fizeram deste actual Boavista uma das surpresas das primeiras jornadas. No entanto, Vidigal, com o plantel que tem à sua mercê, e especialmente focando-me nos homens de ataque, deveria, quanto a mim, colocar a sua equipa a ‘jogar mais à bola’, mesmo tendo vencido, como venceu, o SC Braga e o Sporting CP.  Mas vejam, por exemplo, o jogo com o Braga e a forma como o Boavista foi remetido à sua defesa na quase totalidade da segunda parte…

    Lito Vidigal não pode continuar a colocar o seu Boavista a jogar tão pouco. Este Boavista pode até fazer lembrar o Boavistão de outros tempos na entrega e na raça mas no que toca a ‘espalhar magia’ pelos campos nacionais, aí está a anos luz desse Boavista. Como se pode ter no plantel um ataque de jogadores tão criativos e depois jogar-se com tão poucos em simultâneo? Como pode Mateus estar constantemente no banco? E Bueno? E Sauer? O que dizer de Paulinho que tem magia nos pés e pouco ou nada é utilizado?

    Mateus continua, estranhamente, a não ser um dos titulares indiscutivéis do onze do Bessa
    Fonte: Boavista FC

    Quando penso neste Boavista penso que com Mateus, Heriberto, Bueno e Yusupha num mesmo onze, esta equipa poderia espalhar miséria, mantendo a consistência defensiva que tem apresentando e tendo todos estes homens de classe na frente. Por vezes olhar para o banco do Bessa é ver três ou quatro dos homens mais criativos e dinâmicos ali sentados e esperar que o Boavista não esteja a vencer ou a atingir o resultado desejado para, finalmente, poder assistir-se a qualidade ofensiva que os suplentes vão espalhando… pelo banco de suplentes.

    Ou muito me engano, ou este Boavista a continuar assim fará, no máximo, uma época tranquila. Não queira Lito Vidigal apostar numa equipa de alma mais aberta, de peito feito para os adversários, e os adeptos boavisteiros irão rapidamente cansar-se do seu treinador. Porque os boavisteiros foram campeões nacionais e não acredito que dentro de cada um não haja um desejo ardente de ver o seu Boavista jogar como a sua história o exige: pode não ganhar sempre, mas com certeza os adeptos do Bessa irão sentir-se orgulhosos por alguém os fazer lembrar do seu Boavista que jogava de igual para igual. E isso não está a acontecer.

    Pode pois parecer exagerado, mas a meu ver este Boavista joga pouco, muito pouco, e o seu treinador rapidamente poderá passar de invicto a desempregado. Mas isto será talvez a minha saudade do grande Boavista a falar.

     

    Foto de Capa: Boavista FC

    Artigo revisto por Diogo Teixeira

     

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    Tiago Ferreira
    Tiago Ferreirahttp://www.bolanarede.pt
    O Tiago é um apaixonado pela vida, pelas pessoas e também por tudo o que rodeia o desporto em geral e o futebol em particular. Assim, tenta expressar as suas emoções e vivências da melhor forma que julga conseguir fazê-lo: por palavras escritas.                                                                                                                                                 O Tiago não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.