XXXIV Torneio da Pontinha: Liga dos (Pequenos) Campeões

    cab reportagem bola na rede

    Para grande parte dos moradores do Bairro Padre Cruz, em Carnide, o fim de semana de Páscoa é já sinónimo de três dias recheados de futebol, com direito a clássicos e derbies e por onde passam algumas das estrelas do futuro do futebol nacional.

    Este ano, ainda que sem o glamour de algumas das equipas que normalmente marcam presença neste Torneio Internacional da Pontinha, foi mais uma exibição recheada de bons jogos e jogadores e com uma organização bastante boa, tendo em conta a dimensão deste evento. O Bola na Rede esteve presente nos três dias da competição e em todos os jogos, onde pôde testemunhar em primeira mão o que faz deste Torneio um dos mais prestigiados do Mundo no que diz respeito ao Futebol Infantil.

    A acompanhar a equipa da casa, o Clube Atlético e Cultural (CAC), estiveram presentes os três grandes do futebol português, com a curiosidade de todos terem vencido o torneio por oito vezes cada um, o que tornava a vitória na final ainda mais apetecível. De Espanha vieram o Deportivo La Coruña e o Recreativo de Huelva; de Itália os jovens do Perugia; e por fim o A.D. Carmelita, que viajou desde a Costa Rica para participar no Torneio.

    Nas bancadas estiveram sempre inúmeras personalidades ligadas ao futebol português; antigos internacionais portugueses como Tamagnini Néné, Fernando Bandeirinha ou Jorge Andrade e até o ex-árbitro Pedro Proença. Durante o torneio, alguns árbitros de primeira categoria também marcaram presença, apitando alguns dos jogos. Duarte Gomes, Hugo Miguel, João Capela e Bruno Paixão assumiram sempre uma postura mais pedagógica, interrompendo as partidas e dialogando com os jovens jogadores.
    De louvar também as bancadas sempre animadas por parte das claques de cada um dos clubes presentes; claques essas compostas muitas vezes pelos familiares dos jogadores, que nunca se cansaram de apoiar as equipas, emprestando um tom de festa e animação a este torneio.

    No que diz respeito ao torneio em si, o Porto passeou com facilidade durante a fase de grupos, goleando o Depor (5-0), o Carmelita (7-0) e o CAC (5-0). Fábio Silva, ponta de lança dos azuis e brancos, foi um dos destaques destes primeiros jogos da competição, apontando 5 golos nos primeiros dois jogos. Também Bernardo Folha, médio ofensivo dos dragões esteve em particular evidência, não só pelos golos que marcou mas também pela capacidade de passe e inteligência que colocou em campo. Nas restantes equipas deste grupo A, destaque ainda para Jairo Figueiroa e Luís Fernando.

    Figueiroa, médio do Deportivo com claras semelhanças na maneira de jogar a Óliver Torres, raramente falhando um passe e com uma protecção de bola muito interessante promete ser um nome a seguir no futuro. Já Luís Fernando, central do CAC, é um jogador baixo para a posição em questão, mas com uma boa capacidade de desarme e antecipação, não sendo de estranhar que após este torneio existam equipas de maior dimensão a mantê-lo debaixo de olho.

    O Grupo B desta edição colocava frente a frente os rivais de Lisboa e ainda Perugia e Huelva. Tanto Sporting como Benfica bateram com alguma felicidade os italianos do Perugia, e venceram pela margem mínima os andaluzes do Huelva, deixando o primeiro derby para a última jornada deste grupo, onde o Sporting foi claramente superior ao Benfica, vencendo o jogo por 3-2. De realçar a exibição de Daniel Rodrigues nesta partida. O número 6 do Sporting, jogador com bom porte físico e velocidade mas ainda com melhor controlo de bola, foi anulando o jogo encarnado e levando o Sporting para a frente, criando vários desequilíbrios no meio campo do Benfica.

    Do lado encarnado, o melhor destaque desta fase de grupos foi o lateral Rafael Rodrigues, marcador de todas as bolas paradas e um médio com bastante pendor ofensivo. No outro jogo desta última jornada, o Perugia acabou por vencer o Recreativo de Huelva, com o golo transalpino a ser apontado pelo regista Tomaso Finetti, médio evoluído tecnicamente e de remate fácil. Do lado do Huelva, de ressalvar o facto de ser uma equipa muito faltosa, com pouca capacidade para aguentar a pressão e bastante agressiva; o jogador mais em destaque acabou por ser o central José Garcia, mas também ele acabou por não conseguir manter o sangue frio em algumas situações.

    sporting torneio da pontinha
    O Torneio da Pontinha teve excelentes momentos de futebol e o Bola na Rede esteve presente no evento

    Terminada a fase de grupos, foi com naturalidade que os três grandes se apuraram para as meias finais, tendo a companhia do Deportivo de Jairo Figueiroa. No jogo de atribuição do 7.º e 8.º lugares aconteceu o momento mais caricato e negativo do torneiro. Já com o CAC a vencer o jogo por uma bola a zero, um jogador da equipa da casa é rasteirado por um oponente, dando a árbitra Sofia Gama a lei da vantagem.

    Os jogadores do CAC, vendo que o seu colega estava lesionado, param o jogo para a entrada da equipa médica, não ficando a bola, todavia, fora de jogo. Os jogadores espanhoís aproveitam esta desconcentração dos jovens do CAC e partem em contra-ataque, com cinco avançados contra apenas dois defesas, marcando assim um golo fácil; um golo legal, que, no entanto, para todos os efeitos, vai contra uma das premissas mais básicas do fair-play. A partida viria a terminar empatada a uma bola e os espanhóis venceriam o desempate por grandes penalidades, um resultado injusto para o CAC e que premeia o anti-jogo demonstrado pelo Huelva.

    No quinto lugar da classificação, ficou com inteira naturalidade o Perugia, que bateu os costa-riquenhos dos AD Carmelita por 8-2. Nas meias finais, o Sporting bateu os galegos do Coruña por seis golos sem resposta e o Benfica venceu o Porto por 3-1. No jogo dos leões, o Sporting marcou cedo e acabou por mais uma vez dominar o jogo a meio campo, com os três médios a comandar as operações.

    Na outra meia-final, o Benfica mostrou-se superior ao rival, marcando primeiro pelo avançado Henrique Pereira. Os dragões ainda empataram através de um grande golo de Fábio Silva, que com um chapéu de enorme qualidade bateu o guardião encarnado. Ainda assim, as jovens águias não se deixaram esmorecer e marcaram por mais duas vezes, marcando assim lugar na final frente ao Sporting. O destaque desta partida vai para o extremo Filipe Cruz, que conseguiu criar várias ameaças do lado esquerdo do ataque encarnado e acabou por apontar o último golo benfiquista.

    Chegámos assim à última tarde do torneio, onde se iria disputar o jogo de atribuição do 3.º e 4.º lugares e a grande final. Na disputa pelo último lugar do pódio, o FC Porto voltou a enfrentar o Deportivo, voltando também a golear os galegos, desta vez por seis a zero. Fábio Silva aumentou ainda mais a sua conta pessoal marcando mais dois golos nesta partida e garantindo o lugar de melhor marcador da competição; no entanto, o destaque vai para o hat-trick de Diogo Silva.

    Antes da mais importante partida do torneio, foi altura da homenagem do CAC – através do seu presidente Henrique Marques – ao antigo árbitro internacional Bruno Paixão, e da chegada da bola oficial da final do torneio, que chegou ao recinto através de um desfile de pára-quedismo. Com as equipas perfiladas no terreno de jogo e após ser escutado o Hino Nacional, chegou então a altura da grande final.

    Os jovens leões entraram em campo sentindo o peso do favoritismo e não conseguiram nunca dominar o jogo como no primeiro confronto entre as duas equipas. Mérito para o Benfica, que nunca perdeu a sua ideia de jogo e acabou por equilibrar a partida, tendo inclusivamente criado mais perigo do que os rivais. Ainda assim, a partida foi para o intervalo empatada a zero. Na segunda parte, o jogo continuou bastante equilibrado, e foi apenas na sequência de um canto que o Sporting se adiantou no marcador, através do ponta de lança Rodrigo Costa. A resposta encarnada foi imediata, e após um livre do lado esquerdo, Henrique Pereira alcançou a igualdade num cabeceamento sem hipóteses para Raimundo Duarte. O jogo acabou por ficar partido, e com o aproximar do final da partida o nervosismo e ansiedade acabaram por imperar. Foi já a cinco minutos do final da partida que o capitão, Rafael Fernandes, a meias com Gonçalo Batalha, conseguiu marcar o golo decisivo.

    De novo através de um livre a meio campo, Batalha coloca a bola perto da linha da pequena área e Rafael Fernandes com um pequeno desvio bate o guarda-redes benfiquista. O jogo chegou ao fim sem mais grandes oportunidades de perigo, com a vitória a sorrir ao Sporting por 2-1. Mérito para a exibição dos jovens encarnados, que conseguiram equilibrar um jogo frente a uma equipa com maior organização e talento que a sua. No entanto, o Sporting acabou por vencer com mérito um torneio onde foi sem dúvida a equipa mais forte e regular.

    Por fim, aproveitamos para agradecer ao Clube Atlético e Cultural e a toda a organização pela simpatia com que fomos tratados ao longo destes três dias de competição. Tendo em conta as limitações físicas que existem, ressalvar o óptimo trabalho que têm vindo fazer ao longo destas três décadas, que esperemos que continuem a realizar. Existem algumas questões a ser resolvidas, mas muitos parabéns pelo excelente trabalho realizado. Até para o ano!

    Reportagem de:
    Filipe Coelho
    Ricardo Almeida
    Vítor Miguel Gonçalves

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