O triste desporto português

Em 2013, eu e um colega de universidade, que se encontra aqui no Bola na Rede também, fizemos uma entrevista ao Miguel Albuquerque, líder do Futsal do Sporting, no âmbito da abertura das equipas femininas da modalidade, no clube de Alvalade. Nela disse isto, que considero interessante, “para nós seria mais fácil, mais simples e mais confortável fazer uma parceria com algum clube que já estivesse na 1ªDivisão. Mas não é o nosso ADN, não é a nossa forma de estar”. Esta opinião devia ser a de todos os intervenientes no desporto.

A presença dos grandes nos mais variados desportos dá: “notoriedade, competitividade e marca”, foi isso que disse Miguel Albuquerque na tal entrevista e todos nós sabemos que é verdade. Mas não deixa de ser triste que uma modalidade só porque tem Sporting, Benfica ou Porto seja mais falada do que uma sem estes clubes. Isto tem muito a ver com a nossa falta de cultura desportiva e que é um trabalho que temos todos de fazer, para o bem do desporto em Portugal. É um grave problema português o ser-se primeiro de um dos três grandes e só depois do clube da terra, mas este seria tema para um outro artigo que não este.

Ouvir que o Sporting ou o Porto podem entrar diretamente na 1ª Divisão de Voleibol por serem equipas com nome preocupa-me, não devia ser isto o desporto. Todas as equipas que trabalham diariamente para engrandecer a modalidade não podem ser esquecidas por outras terem mais adeptos e dinheiro, seja isto em que modalidade for. Bem sei que existem regras para tal, mas para mim nem deveria existir esta hipóteses. No caso do Voleibol, imaginem o Esmoriz, o Leixões ou o Castelo da Maia serem ultrapassados por Sporting e Porto no campeonato, quando os três primeiros têm ganho vários títulos na formação nos últimos anos e os outros surgiriam do nada na modalidade.

A regra que faz com que Sporting ou Porto possam entrar diretamente na 1ª Divisão Fonte:FPV
A regra que faz com que Sporting ou Porto possam entrar diretamente na 1ª Divisão
Fonte:FPV

Acho muito triste estes favorecimentos sempre em torno dos mesmos. Eles já são mais fortes, e ainda os ajudam a crescer mais, prejudicando os mais fracos que lutam para conseguir ser alguém. É preciso equilibrar as contas entre todos, porque todos são importantes e, em muitos dos casos, nas modalidades, são os clubes a que ninguém dá valor que formam os atletas que depois ganham os títulos pelos grandes, as grandes excepções aqui são o Futsal e o Hóquei em Patins, onde realmente os grandes são dos que ganham mais títulos também na formação.

No entanto, também existem vários casos em que os grandes aceitaram as regras do jogo na criação das modalidades. Assim de repente, lembro-me de alguns casos: no Sporting, o Futsal Feminino, já aqui falado, ou o Hóquei em Patins Masculino. No Benfica, temos o caso do Voleibol Feminino, que ainda está no processo dos escalões de formação antes da criação da equipa sénior e, finalmente, no Porto, temos o caso do Futebol Feminino já aqui falado.

O meu problema não está no facto de os grandes abrirem estas modalidades, antes pelo contrário, quanto mais fortes formos nas várias modalidades mais contente fico eu, ou não fosse eu um verdadeiro defensor do Desporto e não apenas do Futebol. O que é importante realçar aqui é que são as próprias federações que manipulam o sistema a favor das equipas com mais dinheiro, na ânsia de se tornarem mais competitivas e visíveis. Aí está um dos grandes problemas do desporto português, é preciso saber vender o nosso produto, e tirando a FPF, nenhuma federação o sabe, daí precisarem de ir a reboque dos três grandes, e mesmo assim, como vimos no caso do Futebol Feminino, às vezes até a FPF precisa da ajuda destes clubes.

Este é um assunto que me diz muito e que acho muito importante ser falado.

Nota: O Sporting é o clube mais falado neste artigo mas não como ataque ao clube, apenas o é por ser o clube que tenho mais conhecimentos. O único “ataque” que pode estar aqui é às diversas federações.

Foto de capa: Sporting CP

Artigo revisto por: Francisca Carvalho

Rodrigo Fernandes
Rodrigo Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
O Rodrigo adora desporto desde que se lembra de ser gente. Do Futebol às modalidades ditas amadoras são poucos os desportos de que não gosta. Ele escreve principalmente sobre modalidades, por considerar que merecem ter mais voz. Os Jogos Olímpicos, por ele, eram todos os anos.                                                                                                                                                 O Rodrigo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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