Há um elemento novo, e chave, neste FC Porto para que se possa jogar com os dois sistemas. Falo de Soares. Tem tido um início fulgurante com a camisola do FC Porto e tem surpreendido tudo e todos. Confesso que não esperava tanto em tão pouco tempo e algumas das muitas dúvidas que tinha sobre o jogador têm sido rebatidas pela qualidade que tem apresentado nos vários momentos do jogo. E por isso mesmo, por dominar tão bem todos esses momentos, que Soares potencia este FC Porto híbrido, capaz de jogar tanto em posse e pressão alta, sendo ele o primeiro defesa da equipa, como a jogar com as linhas mais recuadas, vestindo como se costuma dizer o “fato-macaco” e saindo em transições.
Assim, o que varia entre o 4x3x3 e o 4x4x2 no FC Porto? No Bessa pudemos assistir a uma boa primeira parte da equipa. Com a reentrada de Oliver no onze inicial e com a inclusão de três médios a apoiar um trio de ataque (Brahimi, Corona e Soares), deixando André Silva no banco de suplentes, o Porto protagonizou lances de enorme qualidade com uma pressão alta a empurrar o Boavista para a sua área e com uma boa circulação de bola e rápida reação à perda da mesma. Na segunda parte, e com o mesmo sistema, o Porto baixou as suas linhas, entregou a iniciativa ao Boavista e aguardou pelos momentos certos para sair em transições rápidas. Em 4x4x2, como já foi referido, a qualidade e estilo de jogo vai variando a um ritmo mais ou menos semelhante ao da alternância entre jogos fora e em casa. Referir, ainda, que jogando em qualquer um dos pontos de partida, o FC Porto tem mantido uma segurança defensiva assinalável.
Como tal, os sistemas não são definitivos nem decisivos, importando, essencialmente, a ideia de jogo e as dinâmicas que são impostas e exigidas aos jogadores. É de salutar e de realçar a capacidade quase “camaleónica” de um FC Porto capaz de se adaptar a qualquer circunstância e de variar com tamanha eficiência o seu estilo. No entanto, tenho a opinião de que, atendendo à qualidade da equipa, seria de esperar, e julgo até que deveria ser exigido, um pouco mais. O Porto entrega demasiado a iniciativa aos seus oponentes e usa e abusa do jogo direto. E uma grande equipa não o deveria fazer, ou pelo menos, não deveria viver tão dependente desse plano A. Ainda assim, o clube vive a sua melhor fase da época no que aos resultados diz respeito e quem acompanha o fenómeno do futebol sabe que, no fim do dia, as vitórias ditam as leis.
Rumo ao título.
Foto de Capa: FC Porto
Artigo revisto por: Diana Martins