Vencer sem convencer | FC Porto 2-0 Hoffenheim

Um FC Porto de serviços mínimos foi mais do que suficiente para derrotar o Hoffenheim (2-0) e conquistar a primeira vitória na atual edição da Liga Europa. Num encontro apagado do ponto de vista coletivo, os dragões valeram-se da inspiração de Tiago Djaló e Samu Aghehowa para conquistar três pontos preciosos.

Preciosos porque, de forma algo inesperada, a Liga Europa tem sido a verdadeira nuvem negra do arranque de temporada do FC Porto. Os dragões já conquistaram a Supertaça, levam sete vitórias em oito jornadas no Campeonato e já seguiram em frente na Taça de Portugal. No entanto, pelo meio, perderam com o Bodø/Glimt na Noruega e empataram com o Manchester United no Dragão, somando um escasso ponto na competição europeia.

Francisco Moura Bruno Fernandes FC Porto Manchester United
Fonte: Diogo Cardoso/Bola na Rede

E se é certo que o empate contra os ingleses não é propriamente uma má notícia, a derrota inicial na Escandinávia colocou desde logo muitas reticências a uma ideia que surgiu a partir do momento em que o FC Porto soube que não ia à Liga dos Campeões e tinha caído para a Liga Europa: o alegado favoritismo na corrida a uma eventual conquista daquela que é a segunda maior competição europeia.

Por isso mesmo, Vítor Bruno, após a derrota na Noruega, quis tirar essa pressão dos seus jogadores, dizendo que «se pudesse não chutava para canto, chutava para fora do estádio» a questão do favoritismo da equipa portista nesta prova, sendo que grande parte disto chegou proveniente de um estudo realizado pela Football Mets Data, uma plataforma especializada em estatísticas relacionadas ao futebol, que lançou um gráfico, com base em 10 mil simulações, sobre os prováveis vencedores da Liga Europa, sendo que no mesmo aparecia o FC Porto com 10% de probabilidade de vencer a competição, à frente de equipas como Tottenham (9%), Roma (8%), Manchester United (8%), Athletic Bilbau (7%) e a Lazio (7%). 

Assim sendo, o técnico portista, na antevisão deste jogo com o Hoffenheim, colocou os pés no chão e, de forma sensata, digamos que adotou um discurso mais apaziguador, ao afirmar que a equipa azul e branca não era favorita a nada, mas, isso sim, candidata a vencer o próximo jogo, «com compromisso, entrega e querer muito ganhar» que habitualmente caracteriza as gentes do Norte.

Ora, neste contexto, Vítor Bruno manteve a titularidade de Tiago Djaló no eixo defensivo, sendo que o central já tinha sido titular contra o Sintrense. Martim Fernandes e Iván Jaime eram as principais novidades do onze inicial dos dragões, em detrimento de João Mário e Stephen Eustáquio, e Pepê e Wenderson Galeno surgiam naturalmente no apoio a Samu.

Do outro lado, num Hoffenheim que tinha empatado com o Midtjylland e vencido o Dínamo Kiev nas outras duas jornadas, Pellegrino Matarazzo tinha Bruun Larsen, Kramaric e Hlozek no ataque, sendo que David Jurásek, emprestado pelo Benfica aos alemães, começava no banco.

Relativamente ao jogo em si, os dragões entraram “mandões” nos primeiros minutos, num ritmo mais pausado e de posse de bola, a tentar encontrar espaços entre as linhas dos alemães. Ainda assim, o primeiro sinal de perigo surgiu mesmo por parte dos visitantes, que, na sequência de uma boa saída de pressão, usufruíram de um canto que acabou com um cabeceamento ao lado da baliza de Diogo Costa.

Ou seja, a verdade é que, apesar de, durante a primeira meia hora, os portistas terem controlado a bola e assumido o comando das operações, o perigo foi quase todo do Hoffenheim. Os germânicos criaram várias oportunidades de golo e só não se puseram em vantagem devido à falta de pontaria.

Aliás, a mobilidade do Hoffenheim foi o que mais dificultou a pressão do FC Porto e os alemães conseguiram alternar entre jogo apoiado (Hlozek/Kramaric à procura da bola) e lançamentos longos, sempre com o pé esquerdo de Tom Bischof em evidência.

No último quarto de hora do primeiro tempo, viu-se um FC Porto sem o mesmo ímpeto e, na minha opinião essa pouca capacidade em ter bola nesse período, prendeu-se essencialmente com a falta de capacidade de Alan Varela, Nico González e Iván Jaime de receberem de costas e decidirem bem. Muito abaixo neste capítulo, a equipa ficava sem soluções curtas e optava sempre por jogar longo, embora sem grande sucesso, uma vez que Pepê e Galeno não definiam bem e, vindo o primeiro para dentro, Martim Fernandes não dava a largura necessária nem a qualidade no último terço pela direita.

Mesmo assim, quando já todos esperavam o apito para o intervalo, o FC Porto chegou à vantagem com um golo inesperado, pela forma como o jogo estava a decorrer. Francisco Moura bateu o livre de forma estudada e Nico González atrasou para Tiago Djaló, que inaugurou o marcador com um remate potente. Dois golos em dois jogos e uma estreia de sonho no Estádio do Dragão para o defesa-central emprestado pela Juventus.

Sem alterações no regresso dos balneários, o Hoffenheim aumentou a pressão à procura da igualdade guiado, tal como na primeira parte, pelo pé esquerdo do miúdo Tom Bischof, mas a equipa germânica continuava a pecar na finalização. Naturalmente insatisfeito com o desenrolar estratégico da partida, Vítor Bruno tentou quebrar a apatia portista ao lançar Fábio Vieira por Iván Jaime, na tentativa de manter a posse de bola e segurar a reação.

Já Pellegrino Matarazzo fez as primeiras substituições a cerca de 20 minutos do fim, colocando Tabakovic, Tohumcu e Berisha de uma vez, e a partida foi, progressivamente entrando numa fase mais lenta e incaracterística em que o Hoffenheim tinha mais bola, mas de forma constantemente inconsequente.

Ora, de facto, quando a equipa está em dia não, é preciso que as individualidades apareçam. E foi mesmo isso que aconteceu. Numa fase de maior sufoco do Hoffenheim, Fábio Vieira aliviou a bola à entrada da área portista, Samu ganhou o duelo aéreo no meio-campo, lutou, não desistiu do lance, fez gato-sapato do defensor contrário e, já dentro de área, num movimento à Kylian Mbappé, teve a frieza necessária no momento da finalização para fazer o 2-0 e acalmar algumas mentes mais impacientes por parte de alguns adeptos que já começavam a assobiar a equipa portista.

Pode-se dizer que, de um modo geral, foi uma segunda parte, onde, depois do golo, a equipa portista se reequilibrou psicologicamente e ganhou confiança para o resto do jogo. Até lá, a verdade é que voltou a ter claras dificuldades em ter bola, em jogar com critério e em obrigar o adversário a descer linhas. Assim, Samu resolveu o que estava a ficar difícil.

Nota também para Fábio Vieira, que, apesar de lhe faltar ritmo competitivo, tem gerado pormenores que não estão ao alcance da imensa maioria dos seus pares na zona onde tem de incidir quem melhor interpreta e define. Para ser indiscutível num futuro próximo.

Além do criativo português, Nico também voltou a evidenciar-se. Saindo de pressão em condução ou passe, lançou várias vezes Pepê, Galeno e Samu, equilibrou defensivamente e deu tranquilidade com bola.

Até final da partida, Pellegrino Matarazzo ainda trocou Arthur Chaves por Tim Drexler, Vítor Bruno ainda lançou Zé Pedro por problemas físicos de Tiago Djaló, assim como Gonçalo Borges e Danny Namaso nos descontos, mas o marcador não mais voltou a mexer.

Em suma, ainda que não tenha protagonizado uma exibição brilhante, o FC Porto venceu mesmo o Hoffenheim no Dragão, somando, assim, o primeiro triunfo na Liga Europa, e terminando a terceira jornada com quatro pontos e dentro da zona que dá acesso ao play-off.

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