FC Porto 2-2 CD Mafra: Dragão deu parte de avanço e permitiu surpresa

    CRÓNICA: AZUIS E BRANCOS SOFRE, REAGE A TEMPO E MARCA PASSO
    NO SEU JOGO DE ABERTURA

    Pouco tinha tempo tinha passado desde que FC Porto e CD Mafra se tinham defrontado para a Taça de Portugal e o FC Porto chegava a este jogo um pouco mais desfalcado, pelo contexto do Mundial. No grupo A, FC Vizela e GD Chaves já tinham empatado e uma vitória deixaria bem encaminhada qualquer uma das duas equipas para uma passagem. A deslocação ao Dragão seria sempre difícil, mas o Mafra vinha com vontade de surpreender e aproveitar as ausências da equipa da casa.  Para a formação de Sérgio Conceição, entrar bem significaria dar o mote para tentar quebrar o enguiço que tem sido a Taça da Liga.

    O jogo começou de forma animada, com a variação naquilo que é o onze principal do Porto a fazer com que alguns dos jogadores que tiveram uma oportunidade que normalmente não teriam, com vontade de mostrar serviço logo a abrir. Nos primeiros dez minutos víamos um Mafra sem medo, que recuperava, olhava para o jogo e saia a jogar, sem medo e como queria, com o Porto a chegar tarde aos lances. Não dava sequer possibilidade ao conjunto de Sérgio Conceição de sequer sonhar com a sua baliza. O emblema da invicta ia vendo a baliza, mas de longe, e ia faltando um pouco mais de esclarecimento perto de zonas de decisão. Ao primeiro quarto de hora, as oportunidades eram inexistentes.

    A superioridade da equipa da casa não se fazia notar, com o resultado a estar confortável para a equipa visitante, que chegou mesmo à vantagem aos 16 minutos. Uma troca de bola calma, uma triangulação na ala direita fez com que Pedro Lucas aparecesse isolado nas costas da defesa portista e este só teve de assistir Ença Fati que encostou para o fundo das redes.

    O Mafra estava a ser superior em tudo e mesmo só tendo a posse da bola em pequenas frações de tempo após o golo, ia evitando que o Porto chegasse à sua baliza. As aproximações começavam a surgir, da parte do campeão nacional, com números e de forma arriscada. Essa abordagem trouxe um golo de Wendell, que foi prontamente anulado, depois deste – longe do seu habitat natural – aproveitar uma defesa incompleta de Samú para finalizar.

    A comodidade Mafrense no jogo mostrava-se diferente ao jogo da Taça entre as duas equipas, com o Porto suportado por um meio-campo robusto, operário e exímio na recuperação de bola e gestão de tempos de jogo, a não conseguir superiorizar-se à categoria com que os médios do Mafra iam cobrindo as zonas interiores a meio-campo e com que lançavam as transições rápidas.

    Os últimos instantes, traziam um dragão mais forte a recuperar as bolas, a conseguir chegar mais vezes a zonas adiantadas, mas sem romper por completo a defesa adversária. Aos 40 minutos, um canto traz a última grande oportunidade da primeira parte. Bola para o meio da área, num lance confuso e difícil de perceber, mas que acaba com Bruno Costa a dar mão na bola. Gui Ferreira assumiu a chamada e colocou a bola no canto inferior esquerdo, no lado oposto do guarda-redes azul e branco. Resultado justo ao intervalo, que premiava um Mafra corajoso no seu jogo.

    No regresso do descanso, a equipa visitada tentou colocar mais elementos na zona de finalização, com duas modificações que trouxeram jogadores de perfil mais ofensivo e essa modificação veio dar razão ao que procurava Sérgio Conceição. A sua equipa chegava mais vezes à frente e vedava o divertimento ao Mafra, que demorava a achar-se, amarrado no desenho tático mortífero do Porto. Esta mutação aliada a uma maior ousadia começou a traduzir-se em mais oportunidades. Toni Martinez ameaçou, Pepê concretizou. A defesa do Mafra estava distraída e o avançado brasileiro apareceu nas costas para finalizar.

    O Porto estava numa viagem contínua à área do Mafra e a conseguir encontrar os espaços para poder criar perigo. E aí surge Toni Martinez, que num lance que parecia já não ter perigo, consegue aparecer de frente para Samu, que não pôde fazer nada para evitar o golo do espanhol. O Porto chegava assim ao 2-2, com 20 minutos por jogar e o ímpeto do jogo.

    O tempo ia escasseando e íamo-nos encaminhando para uma fase de jogo em que os dragões geriam o jogo, embalados com o apoio das bancadas. Aos 91 minutos, voltou a sentir-se o cheiro a golo, após livre de Uribe à entrada da área levar a uma defesa segura do guarda-redes adversário. O empate foi mesmo o resultado final e está tudo igualado neste grupo A da Taça da Liga, com todas as equipas a terem um ponto.

    A FIGURA

    Ença Fati CD Mafra
    Fonte: Cláudia Figueiredo

    Ença Fati  – Não teve vida fácil, mas hoje mostrou ser desconcertante e provocou calafrios ao campeão nacional. O atleta africano é um jogador que se destaca pela rapidez e hoje conseguiu juntar a isso o timing certo em zonas de finalização. Libertou bem a bola e quando a tinha na sua posse, foi um quebra-cabeças para o Porto.

    O FORA DE JOGO

    Bruno Costa
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Bruno Costa – Eternamente criticado, o médio ex-Paços esteve interventivo no jogo, mas sem acrescentar nada no capítulo ofensivo da sua equipa. Como é hábito, o médio português lutou muito no meio-campo e demonstrou uma forte capacidade na recuperação de bola, mas hoje com a bola no pé foi sempre previsível e errático. Leandrinho e Leonardo fizeram-lhe a vida negra e nem nas coberturas na ala direita conseguiu ter um grande impacto. O jogo passou pouco por si e quando passou, foi sem brilho. Acabou por sair ao intervalo.

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC PORTO

    O Porto abordou este duelo com o seu 4-4-2 comum, ágil taticamente e a não colocar Pepê tão colocado à linha, como é habitual. Uma postura tática predominantemente de especulação com bola, com bastante horizontalidade ofensiva. Antes das mexidas, o controlo de posse não se traduzia em perigo na baliza do 12.º classificado da segunda liga.

    As modificações trouxeram mais mobilidade ao jogo ofensivo dos dragões, que recuaram André Franco em campo. A saída de pressão do Porto foi sempre agradável e estável, a produzir sempre chegadas tranquilas ao meio-campo. Fábio Cardoso e Marcano saiam, com a ajuda de Uribe e por vezes o segundo médio quando a bola se encontrava no seu corredor, com a manutenção do sistema no plano ofensivo, mas com liberdade para Pepê deambular pelo meio-campo conforme fosse possível ligar o jogo com os seus companheiros, na tentativa de criar aproximações.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Cláudio Ramos (6)

    Rodrigo Conceição (5)

    Fábio Cardoso (5)

    Marcano (6)

    Wendell (6)

    Matheus Uribe (5)

    Bruno Costa (3)

    Wenderson Galeno (6)

    André Franco (6)

    Pepê (6)

    Toni Martinez (6)

    SUBS UTILIZADOS

    João Mário (6)

    Namaso (5)

    Bernardo Folha (5)

    Wendel Silva (-)

    ANÁLISE TÁTICA – CD MAFRA

    Ricardo Sousa manteve-se fiel à maneira que costuma jogar no segundo escalão e usou o 3-4-2-1 que tem utilizado ao longo da época. Apesar do grupo possuir uma identidade defensiva de pressão, essa só foi ativada quando o Mafra perdia a bola no meio-campo, com as outras fases de jogo a remeterem o conjunto visitante para o seu meio-campo defensivo face ao rival forte que defrontava.

    Aí era visível uma estrutura de 5-4-1, com os médios centros a procurar proteger zonas centrais e os alas a baixar para proteger as costas e ganhar superioridade. Em organização ofensiva, os amarelos e verdes usavam sempre os seus médios em zonas onde podiam facilmente ser solução de passe, com Leandrinho e Leonardo aa oferecerem sempre essa opção.

    A visão de jogo destes na pesquisa pelo passe certo fez-se sentir e soltava os alas por foras, com permissão para combinações que isolassem os extremos. As combinações na ala direita foram-se notando ao longo do jogo. Na esquerda, Fati teve mais espaço para si e para ser uma espada afiada sempre pronta para desferir um golpe no 1×1.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Samu (5)

    Ousmane Diomandé (5)

    Pedro Pacheco (5)

    Pedro Barcelos (5)

    Gui Ferreira (6)

    Lucas (6)

    Leandrinho (6)

    Leonardo Cordeiro (6)

    Ença Fati (7)

    Pedro Lucas (6)

    Diogo Almeida (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Mattheus (4)

    João Goulart (5)

    Pité (5)

    Edwin Banguera (5)

    Hosine Bility (-)

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    CD Mafra
    BnR: Sentiu que devido a estar em vantagem e ter essa pressão de jogar contra o campeão nacional, que a equipa retraiu-se na segunda parte e que demonstrou algum nervosismo que a impediu de ter muito mais bola e de controlar melhor o jogo?

    Ricardo Sousa: Penso que não. Sabíamos que os primeiros dez minutos da segunda parte seriam importantíssimos, sabíamos que o Porto ia entrar forte e ter o público ao seu lado a dar força para rodar o jogo. Acabamos por sofrer um golo aos 48 minutos, faz dois golos em dois ressaltos em duas vezes que não conseguimos tirar a bola da área. Não foi muito mérito do Porto, foi mais demérito nosso. Isso é que me deixa triste, porque senti que a equipa estava organizada de maneira a que o Futebol Clube do Porto não conseguisse entrar. Se não entrassem, a equipa estava organizada para ter bola, para tentar ser vertical nos momentos certos, não sendo, por vezes tentamos quando recuperamos a bola tentamos não ser sempre verticais porque isso ia esgotar a capacidade fisica que os jogadores iam ter. Gerimos bem o ritmo do jogo, infelizmente sofremos um golo logo no início da segunda parte, retirou-nos confiança e galvanizou o Porto.

    FC Porto
    BnR: Referiu a questão da agressividade, sobretudo na 1ª parte, sente que faltou verticalidade ao jogo da equipa e alguém que ligasse o o jogo do meio-campo ao ataque?

     

    Sérgio Conceição: Na primeira-parte, sim, concordo. Sim, foi o que já tinha dito.

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    Fernando Coelho
    Fernando Coelho
    Jogador de futsal amador, treinador de bancada profissional. A aprender diariamente, acredita que o desporto pode ser diferente. Escreve com acordo ortográfico.