Já há muito que não é um desconhecido dos adeptos mais curiosos e atentos do mundo do futebol. Filho do mítico Sérgio Conceição, atual treinador do FC Porto, Francisco nasceu e cresceu rodeado de futebol, a respirar todos os dias aquilo que foi a carreira do seu pai, e até o percurso dos seus irmãos.
Mostrou-se ao futebol precisamente no FC Porto, ao serviço do clube do seu coração, que lhe deu tanto ao longo da sua carreira. Entrou de “fininho” no plantel principal dos dragões, e teve de lidar sucessivamente com o estigma de ter o próprio pai como treinador, o que no futebol, é sempre muito complicado.
Mas Francisco soube esperar, soube aguentar pela sua vez, atrás de grandes nomes no plantel azul e branco, aprendeu e ouviu, conselhos e experiências, e quando parecia “pronto” para brilhar ao mais alto nível, eis que surge uma transferência surpreendente para os Países Baixos, para representar o lendário Ajax de Amesterdão.
Para trás ficou a camisola dos dragões, ficou a ânsia de vingar de dragão ao peito, e surgia no seu horizonte uma nova realidade, num clube que até tem sido conhecido por produzir bons extremos ao longo dos anos. Chegou a um novo país cheio de ambição, mas as suas próprias características físicas e até o peso de substituir Antony, fizeram com que Francisco não vingasse no Ajax.
Mas Francisco cresceu, melhorou os seus atributos físicos, aprendeu a disciplina tática, e voltou ao dragão por empréstimo, para acrescentar irreverência e juventude ao setor mais adiantado dos dragões.
A aposta foi mais que ganha, para ambos os lados, porque o FC Porto ganhou um jogador diferente, que agita realmente o jogo e que encara o adversário olhos nos olhos, e Francisco voltou ao seu habitat natural, agora com um papel bem mais relevante, acompanhado de perto pelo seu progenitor, que estará certamente muito orgulhoso com esta primeira chamada à seleção principal das quinas.
Esta época, o miúdo de apenas 21 anos, soma 36 jogos nas pernas, onde apontou nove golos e sete assistências, números estes que mereceram a sua convocatória em tão tenra idade. Pessoalmente, penso que Francisco cresceu imenso, e esse crescimento é notório.
Já não é aquele jogador de cristal, que caía “com o vento”, é um jogador mesmo irreverente, que espelha o desejo do seu treinador em vencer, que espelha a alma azul e branca na perfeita aceção da palavra, que mostra vontade, qualidade técnica, sempre sem medos.
Com a camisola 10 nas costas, Francisco é a alma do seu pai em campo, mas está a fazer o seu nome, está a trabalhar para que as coisas saiam bem, para que fluam, e como disse Bruno Fernandes, Sérgio Conceição não é selecionador nacional, por isso, o miúdo deve ter feito alguma coisa de jeito para estar às ordens de Roberto Martínez.
Francisco é, de facto, muito útil se for bem utilizado, porque o seu centro de gravidade possibilita que consiga “sacar” muitas faltas, a sua rapidez faz a diferença contra adversários mais lentos, e o seu maravilhoso pé esquerdo está sempre afinadinho.
A própria ligação com João Mário pode ser bem explorada pelo técnico espanhol, devido ao facto de jogarem juntos no mesmo flanco no seu clube, e saberem perfeitamente as movimentações um do outro.
Porque o futebol não é uma ciência exata, não é lógico, é feito de sonhos, de magia, e quem ganha, muitas das vezes, são aqueles que arriscam, sempre na sua carreira, seja no um para um.
Bem-vindo às quinas, Francisco, bem que precisávamos de um “abre-latas” para chatear as defesas adversárias.