Tiquinho chegou ao FC Porto há sensivelmente duas semanas e, com ele, trazia um jogo de suspensão que lhe adiou a estreia para o Clássico frente ao Sporting. Sabendo, de antemão, que era no ataque que residiam as maiores debilidades dos Dragões, era natural que, além da normal falta de entrosamento, o jogador sentisse alguma pressão ao alinhar como titular num jogo desta importância, pensei eu. E não podia estar mais errado!
Desde cedo, no jogo, Soares mostrou bom entendimento com os novos companheiros de equipa e foi combinando, de forma quase perfeita, com aqueles que lhe apareciam por perto. No lance que dá o 1-0 percebeu bem a intenção de Corona e aproveitou, de forma sublime, o erro de Palhinha, enquanto, no segundo golo, usou tudo o que se pede a um matador naquelas circunstâncias – velocidade, inteligência, técnica e frieza – para aproveitar o excelente passe de Danilo. E assim, do nada, no intervalo o FC Porto ia vencendo o Sporting com dois golos de um estreante.
Quantos jogadores no mundo marcaram dois golos em jogo de estreia? E, desse grupo, quantos o fizeram contra um dos principais rivais? E em menos de 45 minutos? Começa a ser fácil perceber o porquê de Soares ser a figura da semana. Mas vou mais longe: não fossem as espectaculares defesas de Casillas e nem era preciso o ex-vimaranense ter marcado qualquer golo para merecer destaque.
A equipa do Sporting tem qualidade e, além disso, quando se comparam os dois últimos onzes existe uma característica em que bate os Azuis e Brancos com algum conforto: os jogadores eram, em média, bastante mais altos e mais fortes. Essa diferença foi ficando cada vez mais a descoberto à medida que o segundo tempo se aproximava do final. A certa altura, não havia como não reparar: Soares era dos poucos portistas que conseguia ganhar lances divididos, e o único que conseguia ter a bola por mais do que meia dúzia de segundos no meio-campo leonino.
O novo camisola 29 dos Dragões tem uma mentalidade competitiva acima da média e uma capacidade física soberba. Foi por aí que, ainda como jogador do Nacional, lhe chamei por brincadeira o “Diego Costa dos pobres”. Seja na raça ou em velocidade, pelo ar ou pelo chão, a ganhar ou a perder, sabemos que, a partir de agora, o FC Porto tem um avançado que não dá uma bola por perdida e que, no fim do jogo de estreia, em que marca dois golos, tem a coragem de dizer que lhe falta ainda um pouco de intensidade e entrosamento. Nunca mudes, Soares.
Fonte: FC Porto
Artigo revisto por: Diana Martins