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O descalabro defensivo no Dragão | FC Porto 1-3 Vitória SC

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Num Estádio do Dragão a registar uma das piores assistências da época, Francesco Farioli, o técnico do FC Porto, apresentou um onze cheio de novidades, e a equipa voltou a revelar um padrão preocupante: falta de critério, pouca coordenação entre setores e a denotar alguma incapacidade de controlar emocional e taticamente jogos que, no papel, deveria dominar. 

O Vitória SC, organizado no seu 4-2-4 bem definido por Luís Pinto, entrou mal, mas soube crescer através dos erros portistas,  e acabou por transformar o jogo, beneficiando de uma espiral de erros sucessivos da equipa dos dragões.

A estreia do costa-marfinense Yann Karamoh a titular gerou alguma expectativa e surpresa, mas rapidamente se percebeu que a dinâmica ofensiva da equipa não seria diferente daquela que foi patenteada na última jornada contra o Estoril Praia: boas intenções, execução sofrível e inconsequente. 

Karamoh FC Porto
Fonte: Bernardo Benjamin / Bola na Rede

Já o Vitória SC, atordoado nos primeiros 30 minutos, não encontrava linhas de passe e não conseguia aproximar-se da área portista, parecendo estar completamente à mercê do ritmo dos dragões.

O FC Porto abriu o marcador aos 8’, por intermédio de Gabri Veiga, o único elemento na noite fria dos dragões com alguma intencionalidade nas suas acções, que finalizou uma excelente jogada iniciada num passe vertical de Pablo Rosario, cujo único ponto positivo da sua exibição foram alguns passes longos buscando as costas do adversário. 

Nesse mesmo lance, o talentoso médio espanhol contraiu uma entorse no tornozelo direito, que será reavaliada hoje pelo departamento médico da equipa portista. Estou em crer de que todos os adeptos portistas vão acender uma vela para que não seja nada de muito grave, porque neste momento o FC Porto é claramente “Gabri Veiga e mais 10”.

Gabri Veiga e Samu
Fonte: Bernardo Benjamin / Bola na Rede

Já Pablo Rosario é um jogador voluntarioso e uma petição expressa de Farioli, sendo um jogador útil a qualquer plantel, sempre e quando jogue na sua posição de origem, não como defesa-central, onde claramente demonstra não ter rotinas na posição e comete erros primários.

Foi através de uma deficiente abordagem de Pablo Rosario que o Vitória conseguiu entrar no jogo, sem que nada tivesse feito anteriormente para colocar em perigo a baliza adversária. 

Antes dessa infantilidade de Rosario, houve uma grande penalidade anulada a favor do FC Porto, aos 22’, punindo uma infracção prévia de Alan Varela sobre um jogador vimaranense.

A equipa azul e branca apresentou-se extremamente desorganizada e apesar do domínio territorial, apresentou um futebol muito previsível, incipiente na construção e pouca intensa na reacção à perda de bola.

Como dito anteriormente, aos 36’, Pablo Rosario cometeu um penálti tão desnecessário quanto infantil sobre Oumar Camara, oferecendo de bandeja a possibilidade do Vitória SC poder estabelecer a igualdade. Chamado à cobrança, o internacional português Nélson Oliveira não tremeu e converteu essa grande penalidade com muita frieza e classe.

Fria não foi a sua reação após o golo, não se contendo nos festejos e celebrando efusivamente junto da claque portista, o que incendiou os ânimos.

Nélson Oliveira Vitória SC
Fonte: João Freitas/Bola na Rede

O golo contra a corrente do jogo mudou o decurso do mesmo. Se até esse momento, o FC Porto não realizava uma grande exibição mas tinha o controlo do jogo, após o golo do empate, a equipa azul e branca foi caindo gradualmente,  e até ao intervalo, foi a equipa vitoriana (moralizada pelo golo) a assumir as despesas do jogo e a ter uma ou outra incursão perigosa à baliza de Cláudio Ramos.

O Vitória SC estabilizou emocionalmente, reorganizou-se no 4-2-4 e começou finalmente a condicionar a construção portista, sobretudo através de pressão agressiva exercida pelo duplo-pivot Mukendi-Mitrovic.

A estreia a titular do extremo costa-marfinense Yann Karamoh ficou muito aquém das expectativas (ou se calhar não): decisões erradas em catadupa, remates denunciados, má leitura dos momentos de aceleração e pressão sobre o portador da bola, perdas de bola evitáveis. 

Aos 34’, viu o amarelo após mais uma abordagem precipitada, e a sua exibição foi uma mão cheia de nada, sendo natural e lógico que Francesco Farioli tenha decidido substituí-lo ao intervalo. Um sinal claro da exigência do treinador transalpino e de evidente frustração por não estar a conseguir retirar o melhor rendimento de um jogador que ingressou nos dragões única e exclusivamente por sua causa.

Com Gabri Veiga resguardado por precaução e Rodrigo Mora lançado para trazer alguma magia e criatividade ao jogo, o FC Porto voltou a entrar melhor nos primeiros minutos do segundo tempo. Recuperou a iniciativa do jogo, instalou-se no meio-campo adversário e voltou a mandar no jogo.

Alan Varela FC Porto
Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

Mas às vezes basta um erro. Ou dois, e tudo se desmorona. Aos 51’, Alan Varela (com uma das piores exibições de que recordo nos últimos tempos), comete um erro grosseiro. Quando era o último homem da equipa portista, o médio argentino deixa-se antecipar por Samu Silva, que agradeceu o presente antecipado de Natal, disparando isolado em direcção à baliza portista, onde um desamparado Cláudio Ramos ainda tentou fechar o ângulo, mas não conseguiu evitar que o extremo vimaranense operasse a reviravolta no marcador. 

Uma abordagem incompreensível do médio argentino, que pareceu muito displicente e desconcentrado em vários lances, como se não quisesse estar a disputar este jogo, e se estivesse a guardar para jogos de um nível mais elevado de dificuldade e exigência. 

Erro primário de um jogador que tem de entender que representa um clube histórico como o FC Porto, onde todos os jogos são para ganhar, principalmente num plantel sedento de títulos, independentemente da Taça da Liga ser a competição menos relevante.

Logo após o golo de Samu Silva, Samu Omorodion falhou clamorosamente o empate, quando tinha tudo a seu favor para poder bater o jovem guardião colombiano Juan Diego Castillo.

Nem as entradas do sempre endiabrado William Gomes e de Pepê trouxeram mais perigo e clarividência ao jogo do FC Porto, que também pouco ganhou com a entrada de Alberto Costa para o lugar de Martim Fernandes, à entrada para o último quarto de hora do encontro.

Farioli mexeu, tentou dar nova vida à equipa, mas a falta de coesão estrutural tornou impossível controlar um jogo que, em condições normais, deveria ter sido resolvido na primeira meia hora.

Depois dessa ocasião desperdiçada pelo esforçado mas trapalhão Samu, o FC Porto perdeu o controlo emocional, o Vitória SC sentiu o cheiro a sangue e desferiu a estocada final a quinze minutos do fim, sem que antes não pudesse já ter dilatado a vantagem no marcador aos 64’, caso o árbitro Hélder Carvalho alertado pelo VAR não tivesse descortinado uma falta do avançado senegalês Alioune Ndoye (que já havia entrado para o lugar de Nélson Oliveira) sobre Pablo Rosario.

Não se pode dizer que o Vitória SC fez um jogo deslumbrante, muito longe disso até, mas jogou de forma inteligente, foi uma equipa clínica, que capitalizou os erros do adversário. Estabilizou-se num bloco curto e agressivo depois de ter chegado à igualdade e numa eficiente ocupação dos corredores, explorando bem as costas dos laterais Zaidu e Martim Fernandes.

Foi muito vertical nas suas transições ofensivas, e à medida que o FC Porto ia jogando mais com o coração do que com a cabeça e ia perdendo o necessário discernimento mental, o Vitória SC (exceptuando uma ou outra imprecisão da sua linha defensiva) conseguiu ser paciente e esperar a sua oportunidade.

O penálti aos 79’, após nova abordagem deficiente, desta vez de Stephen Eustáquio, sintetiza tudo o que esta equipa portista foi esta noite: precipitada, emocionalmente descontrolada e incapaz de calcular devidamente os riscos. O jovem extremo-direito Oumar Camara não perdoou e anotou o terceiro golo da equipa da cidade do Berço.

jogadores FC Porto
Fonte: Bernardo Benjamin / Bola na Rede

O Dragão perdeu a paciência e muitos adeptos abandonaram o estádio antes do apito final. Um retrato duro… mas que espelha bem uma exibição pálida da equipa portista, que até ao fim do jogo, teve uma única chance clara de devolver alguma emoção e trazer alguma indefinição ao resultado, mas Castillo negou os intentos de Rodrigo Mora já dentro do período de descontos.

Uma vez terminado o jogo, a claque portista entoou o cântico “Eu quero o Porto campeão”, com o objetivo de injetar moral e motivação a uma equipa que teve este percalço, mas que tem tido uma excelente época, provavelmente acima das cogitações da sempre exigente, mas apaixonada massa adepta portista.

Este jogo não expôs apenas erros individuais. Expôs uma equipa sem identidade clara, sem mecanismos consolidados e demasiadamente dependente de momentos isolados. Alarcón e Karamoh são corpos estranhos no esquema do técnico transalpino e demonstraram uma vez mais não estarem aptos para singrar numa equipa com os pergaminhos do FC Porto.

O Vitória SC fez o suficiente, e soube esperar pelo seu momento. Foi uma equipa muito mais esclarecida taticamente, sabendo o que fazer em cada momento do jogo, uma vez que chegou ao empate, demonstrando uma assinalável maturidade competitiva. Os vimaranenses seguem justamente para a final four da competição, onde irão enfrentar o Sporting.

O resultado não é apenas justo. É simbólico, e tem de ser tido como um aviso para as hostes portistas. Um descalabro que exige uma resposta cabal da equipa no sempre difícil terreno do Tondela. 

Tiago Campos
Tiago Campos
O Tiago Campos tem um mestrado em Comunicação Estratégica mas sempre foi um grande apaixonado pelo jornalismo desportivo, estando a perseguir agora esse sonho. Fã acérrimo do "Joga Bonito".

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