O Maquinista | FC Porto

A partida de Vitinha, na passada janela de transferências, para Paris, provocou um mais ou menos expectável terramoto tático na equipa do FC Porto.

Depois de incompreensível decisão da SAD de não procurar um substituto no mercado para o jovem internacional português, coube a Sérgio Conceição, uma vez mais, a tarefa de reinventar a posição com as curtas armas que já existiam.

Inicialmente, mais do que procurar colmatar ou readequar a posição à mão de obra que por cá ficou, o treinador portista optou por redesenhar o esquema tático da equipa. Nos primeiros jogos da época, Sérgio Conceição largou o 1x4x4x2 clássico e camaleónico e distribuiu os quatro elementos da linha média num losango a fazer lembrar o Sporting de Paulo Bento. Cedo se percebeu, independentemente dos resultados, que seria solução de pouca dura, uma vez que a equipa deixou de ser capaz de cumprir alguns princípios básicos e fundamentais, nomeadamente no momento da pressão sem bola, que contribuíram decisivamente para as conquistas no ano transato.

Na dança das peças, Grujic, primeiro, e Bruno Costa, depois, foram as opções de Sérgio Conceição para acompanhar Uribe e companhia e suprir a ausência de Vitinha. De forma esperada, diga-se, nem um, nem outro foram capaz de conferir à equipa a rotação defensiva e ofensiva de que esta necessitava.

Socorrendo-me da sapiência do povo, que tanto advoga que à terceira costuma ser de vez, foi quando Stephen Eustáquio emergiu no onze titular da do FC Porto que a equipa deu uns passos em frente na recuperação dos índices de pressão e circulação que caracterizam as equipas de Sérgio Conceição.

Fonte: DIogo Cardoso/Bola na Rede

Eustáquio não é, e provavelmente nunca será, Vitinha. Ainda assim, é de ressalvar a evolução que temos assistido no seu jogo. Sabíamos, desde os tempos do FC Paços de Ferreira ou do GD Chaves, que se tratava de um jogador cerebral, bastante capaz na circulação de bola, habituado a sentar-se confortavelmente na posição 6 e a ter participação ativa no início da construção, e sabíamos, também, que é dono de uma capacidade acima da média no remate de meia e longa distância.

O que não sabíamos, e que tem sido brilhantemente trabalhado no Olival, é que, mantendo as capacidades e qualidades que já lhe eram conhecidas, se podia tornar num jogador bem mais afoito, com confiança para subir uns metros no terreno, queimar linhas por via do passe vertical ou da condução e pressionar no campo inteiro. Mérito para o jogador e para a equipa técnica.

É importante lembrar que Eustáquio é um internacional A pela seleção do Canadá e que estará, por exemplo, como figura de proa da sua seleção no próximo mundial, no Catar, que se inicia no próximo mês. E recordo esse facto para ressalvar que é um jogador de qualidade e que há muito vem evidenciando capacidade de sobra para assumir mais destaque em clubes de maior dimensão. Ainda assim, não deixa de ser surpreendente a evolução que tem tido nas últimas semanas no onze do FC Porto.

Falta-lhe, ainda, ganhar regularidade e consistência, é certo, mas parece-me já evidente que está encontrado o novo dono da sala de máquinas do Dragão. Tem alternado jogos de grande nível com exibições mais apagadas, mas estou convicto que o tempo de jogo lhe vai conferir as faculdades para prolongar no tempo o seu fulgor exibicional.

FC Porto jogadores
Fonte: DIogo Cardoso/Bola na Rede

Repito, não está no patamar de Vitinha e até é um jogador bastante diferente do médio formado nas escolas do clube. Não tem a mesma qualidade técnica, não tem a mesma intuição posicional no momento em que os colegas têm a bola e não a guarda de forma tão segura. No entanto, não fica em nada a dever na rotação, na capacidade de remate e tem mostrado que pode atingir patamares altos na circulação, organização e distribuição de jogo.

Uma coisa é certa, é, indubitavelmente, a melhor opção à disposição de Sérgio Conceição para acompanhar Uribe no meio-campo do FC Porto e, com o suporte dos movimentos interiores de Otávio ou Pepê, tem-se mostrado capaz, mesmo em jogos de grau de dificuldade superior, como o são os de Liga dos Campeões, de assumir a batuta do meio-campo e catapultar a equipa para níveis exibicionais próximos dos apresentados no passado recente.

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Bernardo Lobo Xavier
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Fervoroso adepto do futebol que é, desde o berço, a sua grande paixão. Seja no ecrã de um computador a jogar Football Manager, num sintético a jogar com amigos ou, outrora, como praticante federado ou nos fins-de-semana passados no sofá a ver a Sporttv, anda sempre de braço dado com o desporto rei. Adepto e sócio do FC Porto e presença assídua no Estádio do Dragão. Lá fora sofre, desde tenra idade, pelo FC Barcelona. Guarda, ainda, um carinho muito especial pela Académica de Coimbra, clube do seu pai e da sua terra natal. De entre outros gostos destacam-se o fantástico campeonato norte-americano de basquetebol (NBA) e o circuito mundial de ténis, desporto do qual chegou, também, a ser praticante.

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