O primeiro dia do resto da tua vida

Ao longo de 120 anos de história, há certos dias que são inesquecíveis para o universo azul e branco. Desde o 27 de maio de 1987, em que o calcanhar de Madjer entrou para sempre na memória portista, até 21 de maio de 2003, quando Derlei conduziu o FC Porto à conquista da Taça UEFA na cidade de Sevilha. Ainda assim, e não querendo de todo desvalorizar estas datas em que o FC Porto escreveu a sua história a nível internacional, permita-me que deixe aqui um especial apreço pelo dia 11 de maio, pela enorme importância que teve nestes últimos dois anos.
Mas vamos por partes: não é à toa que faço este endeusamento ao 11 de maio. Se bem se recorda, há 365 dias atrás, aquela noite de sábado tinha sido uma das mais felizes para o adepto portista. Com o golo de Kelvin no célebre minuto 92, o campeonato estava praticamente no bolso quando já poucos acreditavam. A partir dali, muito foi dito e escrito sobre aquele momento memorável na história dos campeonatos do nosso país. O que se seguiu a esse jogo, com todos os outros endeusamentos que foram feitos, foram gestos que a memória não apaga e sobre os quais dissertei em variadas ocasiões este ano. Um ano volvido, o dia 11 de maio tem novamente uma importância enorme para o FC Porto.
Depois de uma vitória sem grande importância frente ao SL Benfica na última jornada do campeonato, tenho que admitir que quando ouvi o último apito de Rui Costa para terminar a partida, senti-me aliviado. Aliviado porque ao ouvir aquele apito, senti de repente que tudo tinha finalmente terminado, que o tormento tinha chegado ao fim e que 9 meses depois, os portistas poderiam finalmente ter algo para festejar. Com o fim do clássico contra os encarnados, o sofrimento chegou ao fim. E por isso, este domingo de 11 de maio de 2014 é sem dúvida o mais importante dos últimos tempos no clube.

Na última terça-feira, enquanto lia as edições online dos jornais desportivos, dei conta da notícia de que Julen Lopetegui seria o próximo treinador do FC Porto. Não querendo ser hipócrita, admito que não reconheci o nome à primeira vista. Em primeiro lugar, porque apesar de ter sido um espetador daquela fantástica equipa sub-21 espanhola que venceu o último europeu em 2013, não me recordava que Lopetegui havia sido o técnico da equipa de nuestros hermanos; em segundo lugar, porque de entre todos os nomes que havia, inclusive, apontado no meu último artigo no Bola na Rede como possíveis treinadores do FC Porto, nenhum deles havia sido o técnico espanhol.

Lopetegui tem um novo desafio em mãos Fonte: Zerozero/ Catarina Morais
Lopetegui tem um novo desafio em mãos
Fonte: Zerozero/ Catarina Morais

Ao ter a confirmação na quarta-feira de que Lopetegui era mesmo “o” escolhido por Pinto da Costa, confesso que não tive qualquer reação, talvez por receio de que a história se repetisse depois do excelente presságio que havia feito aquando do anúncio de Paulo Fonseca. Ao longo dos últimos meses, em muitas ocasiões escrevi que o principal problema do FC Porto para ter tido uma época tão desastrosa não residia no treinador. Não querendo nunca retirar as culpas efetivas que Fonseca e Castro tiveram na má época portista, sempre afirmei que a má construção do plantel e os erros primários da estrutura desde o início da temporada foram causas bem mais graves para aquilo que aconteceu esta época. Por isso mesmo, nunca tive uma preferência quanto ao nome do próximo treinador portista. Desde Marco Silva a Fernando Santos, passando por Michel ou até Carlos Queiroz, foram vários os nomes que foram lançados, sem que para mim esse desfecho fosse o mais importante para conhecer o destino da história. Sem um plantel valioso em quantidade e qualidade, penso que nem o melhor treinador do mundo pode fazer uma equipa brilhar.
Por tudo isso, o nome de Lopetegui foi encarado por mim como uma escolha normal. Tendo sido ou não um treinador de sucesso nas camadas jovens espanholas, admito que não seja talvez o nome mais consensual nas hostes portistas. Ainda assim, e depois das desilusões desta época, questiono: haveria algum treinador que o fosse? A partir do início de julho, uma nova era começa no FC Porto. Depois de um ano em que as derrotas se acumularam e o mau futebol foi espetador cativo no relvado do Dragão, os adeptos portistas entrarão com toda a certeza para a nova temporada com muito menos paciência para o novo plantel e para o novo treinador. Após um ano a ver o adversário benfiquista a festejar, pensar na hipótese de voltar a ter mais uma época em branco não pode sequer passar pela cabeça da estrutura portista. Nas semanas que agora chegam, virão nomes de possíveis reforços e notícias de mais que prováveis saídas. Quando a campainha soar para o início da pré-época 2014-2015, um enorme desafio se coloca para o FC Porto: o de voltar a ser o que nunca devia ter deixado de ser, o de voltar a ganhar e, principalmente, o de voltar a ser FC Porto. Tudo porque, a partir de hoje, o dia 11 de maio é o primeiro dia do resto da sua vida.

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