Ode a Brahimi

    a minha eternidade

    Chegou ao Porto azul e branco um argelino, tecnicista veloz, que “rebentou” no Granada antes de incendiar o Dragão com a sua chama inebriante. Yacine Brahimi de seu nome. Seus pés o apresentam, sua cabeça o guia, recebe, pensa, faz magia. A contenção da sua explosão é sofrível; por favor explode, jogador temível.

    O seu engenho leva ao rubro os portistas, que admiram a sua habilidade e destreza pungente para com as defensivas contrárias. Este jogador é merecedor de um artigo em forma de ode estilo camoniana ao seu inefável talento. Não julguem que estou a enveredar por um panegírico desmedido e descabido – neste caso, a hipérbole não é exagero, é a medida certa. Nele, o instinto selvagem torna-se matemática, ciência exacta, inteligência prática. Brahimi é a personificação das sinuosidades: com o seu drible quebra o aborrecimento linear do jogo, transforma em golo o previsível, subverte o plausível, estilhaça, com um chuto, o código indestrutível.

    Este meu tom laudatório para com este excelso futebolista transparece toda a admiração e prazer que sinto quando presencio o seu jogo, as suas acções autodidactas e os seus “diálogos” com a equipa que são um deleite. Em apenas dois meses de riscas azuis e brancas ao peito, a massa adepta já o deseja imperecível. Por favor, que a “lei da morte não se aplique a Brahimi”, gritam, em súplica fervorosa, os dragões que o amam.

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    Brahimi está a ser o grande jogador do FC Porto neste início de temporada
    Fonte: footmercato.net

    Nesta última semana resolveu dois jogos a favor do Futebol Clube do Porto. Na partida contra o Nacional, tabelou com um colega e niilistamente rematou, perante a “inexistência” de dois adversários por perto. No País Basco, marcou um golo e assistiu, numa arrancada estonteante, colocando o Porto nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. É justo relevar a sua importância para o bom momento do Porto: tem sido o jogador mais procurado e eficaz na criação de desequilíbrios, o melhor da equipa, sem dúvida, neste arranque de época.

    Vai ser doloroso para os adeptos, também para os apreciadores de futebol e quem sabe para a equipa, não poder contar com o seu virtuosismo indescritível entre Janeiro e Fevereiro, período da Taça das Nações Africanas de 2015 (se tal competição não for, entretanto, suspensa, devido à propagação do Ébola). O Porto, com o excelente conjunto de extremos que tem, poderá não sentir muito a sua partida para terras africanas. Mesmo que o mês de ausência de Brahimi em África não seja tortuoso para as hostes portistas, mesmo que a sua ausência não seja “sebastianicamente” excruciante, o universo portista ansiará pela “embrumada manhã” do seu regresso à invicta.

    Afirmo que, quando lemos ou escrevemos algo sobre Yacine Brahimi, não estamos defronte artigos de análise futebolística, mas sim, perante uma exegese bíblica.

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    David Guimarães
    David Guimarães
    O David tem uma paixão exacerbada pelo Futebol Clube do Porto. Esse sentimento de pertença apertado com a comunidade de afectos portuense não lhe tolhe a razão, activa-a, aprimorando-a em forma de artigo.                                                                                                                                                 O David não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.