Desde que chegou ao Dragão, Pablo Rosario tem sido uma das grandes novidades do elenco de Francesco Farioli. Certamente que não é a primeira vez onde vimos o técnico italiano a recrutar jogadores que já monitora de perto ou mesmo treinou, uma vez que o Porto incorpora muitas semelhanças em termos de organização tática do seu Ajax da temporada passada.
Entre os jogadores recrutados dos quais partilha um histórico, destaque para Luuk de Jong e Pablo Rosario. O ex-internacional pelos Países Baixos – jogou 45 minutos num amigável frente à Bélgica – já esteve sob as ordens de Farioli quando este orientava o Nice, sendo uma chave principal no futebol de posse e a linha alta do clube. Foi com Farioli que conseguiu também ajudar o Nice a qualificar-se para a Liga Europa, em 2023/24, com o clube francês a terminar em quinto lugar na Ligue 1.
Muitas vezes utilizado como central ou lateral direito, Pablo Rosario traz um nível de experiência e versatilidade à posição ocupada maioritariamente por Alan Varela.


Dos 11 jogos na Liga, Rosario jogou sete, somente começando duas vezes no posto maioritariamente ocupado por Alan Varela. Uma característica muito interessante do seu jogo consiste na recuperação de bolas. Se olharmos para as estatísticas na Ligue 1, Rosario terminou a última época no 26.° lugar de interceções por 90 na última edição da Ligue 1. Este dado, que por muitos pode considerado mediano, mas que, comparado aos números de Alan Varela na Primeira Liga, traz uma nova opção favorável ao estilo de Farioli e uma alternativa entre uma abordagem mais defensiva e outra mais atacante (Varela tem mais remates e um jogo modelado para auxiliar diretamente o último terço e os médios ofensivos).
Portanto, não deverá ter o mesmo volume de interceções, uma vez que esta estatística não é conhecida por ter um grande número de centrais ou médios dos ‘três’ grandes. Na última temporada, Florentino e Otamendi ficaram no top três, a única presença destes clubes no top 10. A utilização de Rosario tem sido crucial em situações de bola parada, onde marcou o seu único golo pelos ‘dragões’ até agora, contra o Rio Ave na sexta jornada da Liga.


Quando chegou ao Nice, Pablo Rosario já era um jogador estabelecido, com mais de 100 jogos pela camisola do PSV e um título da Eredivisie, conquistado em 2018. A primeira experiência fora do mundo futebolístico dos Países Baixos também iria acompanhar a decisão de jogar, anos mais tarde, pela seleção dominicana, pela falta de visibilidade nas convocatórias de Ronald Koeman.
Contudo, apesar da contribuição para o quarto lugar de qualificação para a Champions League em maio, o desentendimento com o treinador Franck Haise e o clube gaulês sobre uma eventual transferência ditou a saída para o FC Porto, já perto do final desta janela de verão.
A situação do plantel, nomeadamente com a entrada de novos reforços a ser um potencial requisito para vender Rosario, foi a principal razão pela qual o clube bloqueou a transferência. Devido à demora até ao negócio ficar fechado, o jogador ausentou-se dos jogos da 3.° pré-eliminatória da Champions League, contra o Benfica em agosto, mesmo após ser convocado, onde o Nice perdeu ambas as mãos e caiu para a fase de liga da Europa League.
O risco de lesão antes de uma transferência não é algo recente nas preocupações de jogadores perto de concretizar uma mudança (como constatámos na saga Gyokeres). Mas para Rosario a justificação não só seria uma reunião com um treinador que conhece bem do seu tempo em França, mas também evitar qualquer tipo de problemas físicos como os de dezembro a janeiro na temporada passada. Nessa altura, Rosario ficou de fora durante sete jogos, o seu pior registo no boletim clínico desde o início da carreira.


Esta quinta-feira, o Nice voltará a cruzar-se com Pablo Rosario e Francesco Farioli no Dragão, num encontro a contar para a Europa League, uma competição onde o emblema francês ainda não venceu, após quatro jogos disputados.
Um encontro talvez inesperado devido à oportunidade do Nice de ir para a Champions League, mas que pode vincar a mudança de cenário para um FC Porto que, esta temporada, mostrou mais potencial para chegar longe no futuro a nível doméstico e, certamente, com mais aspirações europeias esta temporada que o Nice.

