O que fazer com aquilo que não serve?

eternamocidade

“Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre.” Não encontrei melhor forma de começar esta crónica senão com esta citação retirada de um dos maiores poetas portugueses de sempre, Fernando Pessoa. E nesta frase podemos, em poucas palavras, sentir aquilo que foi a época azul e branca. Com apenas dois jogos para disputar e sem nada para vencer, resta ao FC Porto o consolo de poder vencer duas partidas para tentar fazer aquilo que em raras vezes fez este ano: cumprir a sua obrigação de ganhar todas as partidas.

Dez meses depois do início da pré-época, com um treinador novo, com jogadores novos, com uma nova face no plantel, é fácil olhar para trás e dizer que as soluções foram erradas e que tudo deve mudar. Fui um crítico severo em diversas ocasiões desta temporada, mas noutras ocasiões alertei para a leviandade com que, na minha opinião, certos comentários e análises foram feitos pela nação portista.

Esta tem sido uma época impensável para aquilo que é a história recente portista. Os mais otimistas acreditam que não há “duas sem três” e que, depois dos títulos encarnados em 2005 e 2010, 2014/2015 será uma temporada de mudança e de retoma azul e branca. Os mais pessimistas fazem de crónicas de jornal e programas televisivos espaços para puras dissertações sobre o fim de ciclo portista. Bom, como já disse em outros textos aqui no Bola na Rede, acredito que qualquer um dos cenários é possível. Isto, claro, dependendo das decisões que se tomarem nas próximas semanas.

Escrevi na última semana que o FC Porto teria de olhar para dentro e provocar uma “revolução inteligente”. Isto porque não acredito em mudanças radicais ou que a melhor solução seja mandar embora os 23 ou 24 jogadores do plantel para trazer outros tantos, como se as fórmulas mágicas resultassem dessa forma no futebol.

Paulo Fonseca esteve aquém das expectativas  Fonte: goal.com
Paulo Fonseca esteve aquém das expectativas
Fonte: goal.com

Há por isso questões pertinentes que surgem perante os responsáveis portistas, sejam eles quais forem. Isto porque tem sido badalado que Antero Henrique, homem forte do futebol portista, pode estar de malas feitas para fora do Dragão nos próximos tempos. Os optimistas dizem que este é o primeiro passo para um novo ciclo na equipa portista; enquanto que para os pessimistas este é apenas mais um argumento para defender que algo não vai bem nas hostes portistas. Bom, não sou um profundo conhecedor dos meandros do clube, e portanto não sei se os recentes ataques à moradia de Antero Henrique são o primeiro sinal de que o seu tempo já acabou no clube. Acredito, por isso, que quem tenha orquestrado esses ataques cobardes de facto saiba que Antero é um dos principais responsáveis pelo que se passou.

Com a chegada de Alexandre Pinto da Costa, muito tempo tem sido utilizado para questionar se uma “luta pelo poder” não está a chegar em força aos corredores do Dragão. Neste triângulo entre Antero, Pinto da Costa e o seu filho, veremos se os três protagonistas se mantêm, sob o risco do mau ambiente se manter, ou se por outro lado alguém sai, sendo que Antero Henrique parece ser o elo mais fraco desta equação.

Relativamente ao treinador, tem sido vários os nomes apontados: desde Marco Silva a Fernando Santos, passando por Pellegrini, Michel ou Mano Mezezes, são vários os candidatos a comandarem a equipa dentro de dois meses. Na minha modesta opinião, creio que por enquanto chega de apostas em treinadores com pouca experiência de equipas grandes, pois o atual momento portista assim o exige. Com uma época a roçar o medíocre, a equipa vê-se obrigada a disputar em Agosto um play-off para conseguir alcançar um dos grandes objetivos da temporada em termos desportivos e financeiros: a fase de grupos Liga dos Campeões. Com uma época fantástica por parte do Benfica, na época desportiva terá que estar ao leme um treinador sem receios de colocar uma equipa em sentido e com a difícil tarefa de devolver a esperança aos adeptos portistas. O nome continua por desvendar, mas, ao que tudo indica, Pinto da Costa já terá o nome do técnico na cabeça. Depois de Vítor Pereira e Paulo Fonseca, algo me diz que o presidente não voltará a cometer riscos e acabará por abrir os cordões à bolsa para ir buscar um treinador experiente.

Pinto da Costa e Antero, se ficar, terão de operar uma "revolução inteligente"  Fonte: ZeroZero
Pinto da Costa e Antero, se ficar, terão de operar uma “revolução inteligente”
Fonte: ZeroZero

No que diz respeito aos jogadores, essa parece ser a equação mais difícil de ser resolvida. Há muitos jogadores ainda com um contrato prolongado e, em virtude da fraca prestação desta temporada, não é preciso ser adivinho para perceber que não será fácil encontrar uma solução no mercado para estes jogadores. Depois, os activos verdadeiramente relevantes para a equipa, como Mangala, Fernando e Jackson Martinez, desvalorizaram-se esta temporada, o que provoca um enorme problema para um clube que nos tem habituado a ser exigente na hora de negociar. A conjuntura económica não tem dado tréguas aos clubes e é fácil prever que o FC Porto terá de vender uma ou duas jóias da sua coroa. Após uma época onde a qualidade raramente se viu, só alguma venda por valores elevados permitirá, depois, reforçar um plantel que poucas vezes provou estar à altura do desafio.

Por tudo isto, e porque estamos em ano de Mundial, a situação não se avizinha fácil. Há vários jogadores que partirão rumo ao Brasil sem saberem se voltarão ao Olival; há outros que acabarão por ser vendidos, permitindo ao FC Porto fazer um bom encaixe; e outros tantos que acabarão por continuar a vestir a camisola portista por falta de capacidade de colocar em todos os “erros de casting” deste ano num sítio bem longe do Dragão. Depois de um tri-campeonato tirado a ferros, a estrutura terá de colocar as guerras de poder de lado e fazer aquilo que raramente fez este ano: a sua obrigação. Falo da necessidade de dotar a equipa de qualidade e de quantidade, de dotar a equipa de um treinador competente, seja português ou não, e principalmente de dotar a equipa de um espírito que raramente se viu este ano: o espírito portista. A dois meses de um novo começo, para estes protagonistas basta fazer uma coisa: a sua obrigação. Acho que não é pedir muito.

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