Passando ao cerne da questão, e muito resumidamente, porque o que aqui se escreve não é, de todo, novo para o leitor, apetece só dizer que não basta querer ser Porto…é preciso sê-lo, efetivamente. E este ano NES poucas vezes o foi, ou demonstrou que queria ter sido. Desde logo para a ideia de jogo que pretendeu incrementar. Uma forma cautelosa e sempre reativa, ao invés de ativa. Nuno nunca se preocupou muito em assumir, controlar e “esmagar”, mas sim vencer, nem que por meio golo. Salta também à vista a multiplicidade tática de ideias que o mister tinha preparado, ou não, para cada jogo e que, muitas vezes, resultou em nada, ou somente em confusão para a cabeça dos próprios artistas.
Casos como o apagão de Oliver, o “encosto” de Layún, a “queima” de André Silva ou o “tempo de domesticação” de Brahimi continuam difíceis de entender. Contudo, Nuno teve o mérito de ir ganhando, conseguindo até a melhor série vitoriosa da prova, com nove vitórias consecutivas, mantendo-se sempre próximo do rival direto, chegando até a superioriza-lo em alguns momentos da época, seja na qualidade exibicional ou capacidade psicológica para responder à pressão de correr atrás do prejuízo. Os falhanços caseiros com Setúbal e Feirense, a impotência para triunfar em Braga e o encolhimento medíocre na Luz, face a um Benfica limitadíssimo em termos coletivos, selaram o destino de Nuno que não poderia ser outro do que a porta de saída, falhados que estava todos os objetivos da época.
Por fim, destaque para o discurso monocórdico e muitas vezes desalinhado com a política comunicativa adotada pelo clube. Depois de alguns meses a desmascarar todas as artimanhas do famoso polvo, Nuno não poderia, nunca, reconhecer mérito algum ao rival, chegando até ao ponto de o parabenizar pela conquista do título, sob pena de descreditar todo o trabalho anterior.
Creio que o problema do FC Porto não se resumiu ao treinador, ainda que Nuno tenha comprovado que, de facto, ainda está numa fase muito prematura da carreira e que, como muitos previram, não seria a escolha ideal para devolver o clube aos títulos, ainda que tenha andado por lá perto. Aguardemos, então, pela decisão de Pinto da Costa, na esperança de que os erros tenham sido corrigidos e que, que vier, seja capaz de cortar com o passado recente.
Foto de Capa: FC Porto