Mihaly Siska, húngaro de nascença, mas português de alma e coração, chega a Portugal com apenas 18 anos para servir as redes do FC Porto. Apesar da tenra idade, Siska foi aos poucos conquistando grande reputação e destaque na baliza dos azuis e brancos e é até hoje recordado como o primeiro grande guarda-redes a atuar pelo FC Porto, assim como o primeiro grande guarda-redes estrangeiro a alinhar em Portugal.
Enquanto jogador foi determinante na conquista dos primeiros títulos do clube a nível nacional, sendo peça fundamental nos dois Campeonatos de Portugal ganhos em 1924/25 e 1931/32.

Fonte: Memória Azul
Figura grande e única do clube, Siska apresenta-se como um caso de sucesso de uma adaptação invejável daquele que foi um dos primeiros estrangeiros a alinhar em Portugal. Mihaly Siska admirava tanto o FC Porto, a cidade e o nosso país que viria mesmo a naturalizar-se português, passando a adotar o nome de Miguel Siska.
Devido a problemas de saúde retirou-se dos campos em 1934, assumindo a função de treinador em 1938 e logo na época de 1938/39 viria a assumir o comando técnico do seu clube do coração. Com apenas 32 anos, Miguel Siska foi um dos mais jovens treinadores da história ao comando do FC Porto demonstrando a mesma dedicação e empenho ao clube aquando dos seus tempos de guarda-redes. Mostrou-se igualmente fundamental e decisivo conquistando logo na sua época de estreia o campeonato nacional da I Divisão e no ano seguinte voltaria a repetir a façanha. As épocas de Siska enquanto treinador do FC Porto foram tão positivas que ainda hoje as suas conquistas e recordes são falados, mantendo o seu nome e a sua memória imortal. Recordo-me do nome de Miguel Siska ser falado na época em que André Villas-Boas venceu o campeonato nacional sem derrotas, obtendo 84 dos 90 pontos disponíveis. Este registo memorável do jovem treinador só ficava mesmo atrás do registo de, nem mais nem menos, Miguel Siska. O treinador naturalizado português conquistou na sua segunda época no comando técnico dos dragões 94,4 por cento dos pontos possíveis realizando um campeonato quase perfeito.
Na época passada, o nome lendário de Siska voltaria novamente a ser mencionado isto porque, Nuno Espírito Santo tornava-se no segundo ex-guardião a assumir o comando técnico dos Dragões, seguindo o caso de Miguel Siska. Ainda esta época, uma vez mais o nome de Siska volta a ser falado e uma vez mais pelos melhores motivos. Desta vez em comparação com o registo demolidor de início de temporada protagonizado por Sérgio Conceição que só fica atrás, uma vez mais, da fantástica época de 1939/40 em que Miguel Siska conseguiu dez vitórias em dez jornadas.

Verificámos que Siska elevou a fasquia e que ainda hoje os seus recordes mantêm-se intactos e que assim deverão permanecer durante muitos anos. Siska está à frente de todos, é um pioneiro, um exemplo e uma referência.
Nota pessoal: É bom conhecer os homens que cavaram os alicerces do acervo que honra e enobrece a nossa alma de portistas. Siska foi guarda-redes, treinador e secretário do clube durante 23 anos dos 18 aos 41 anos. Uma vida dedicada ao clube, literalmente! Estou rendido a esta figura lendária e emblemática que foi um homem que marcou não só uma época no clube como em todo o futebol nacional.
Foto de Capa: https://bibo-porto-carago.blogspot.pt