A procura pelo jogo direto é a antítese do melhor futebol praticado pelo FC Porto ao longo desta época e, dessa forma, não foi de estranhar que o jogo se fosse arrastando penosamente até à marcação de grandes penalidades. Apesar de Miguel Layún e André Silva também terem falhado, há uma questão quase imperativa a colocar: terá havido alguém que não tenha tido a sensação de que Laurent Depoitre iria desperdiçar a sua grande penalidade?
Após o final de um jogo que o FC Porto poderia até ter vencido, porque foi a melhor equipa em campo, mas em que não fez tanto quanto poderia/deveria para tal acontecer, o clube fez uso das redes sociais para, mais uma vez, responsabilizar a equipa de arbitragem pelo seu fracasso coletivo. É certo que a arbitragem de João Capela não foi positiva, é certo que este cometeu erros (de parte a parte), e é também certo que, no mínimo, a bola na mão de Leandro Freire aos 93 minutos de jogo seria merecedora da marcação de grande penalidade (ainda que a falta de José Sá sobre Hamdou Elhouni aos 113 minutos também o fosse). Porém, os alegados erros que o FC Porto aponta à equipa de arbitragem apenas têm influência potencial no resultado porque a equipa, ao longo dos 120 minutos de jogo, sempre apresentou dificuldades ao nível da organização ofensiva que não lhe permitiram a criação de lances de golo iminente em número suficiente para conseguir alcançar a desejada vitória.
Ao FC Porto importa agora, mais do que procurar encontrar bodes expiatórios para justificar exibições e, sobretudo, resultados menos conseguidos, olhar para dentro e perceber que ainda há muito trabalho a fazer para (re)colocar o clube, consistentemente, no caminho do sucesso. Urge, por exemplo, perceber os motivos pelos quais a equipa transfigura os seus posicionamentos em campo sempre que se encontra na condição de visitante, e se esta é uma opção clara de Nuno Espírito Santo.
Chegados ao mês de novembro, aquilo que se percebe é que na dinâmica coletiva do FC Porto quase nada se repete, os comportamentos de uns não encontram articulação em função dos mesmos noutros, as ideias são demasiado genéricas e o futebol da equipa é completamente indefinido no sistema e, sobretudo, no modelo. Tudo muda de jogo para jogo. Faltam algumas referências de posicionamentos e movimentos que façam com a equipa se sinta segura, sobretudo na adversidade. Sem bola a falta de trabalho coletivo é ainda mais evidente, quer pela ausência de zonas de pressing quer pela ausência de articulação de jogadores do mesmo setor e entre setores. Tudo é resolvido individualmente mas, para uma equipa que quer ganhar sempre, isso é insuficiente. De quanto tempo mais necessitará Nuno Espírito Santo para definir consistentemente um modelo de jogo para este FC Porto?
Foto de capa: FC Porto