Farioli regressa ao palco onde tudo começou a ruir e o FC Porto volta a tropeçar.
O FC Porto deixou escapar dois pontos em Utrecht, num jogo que parecia controlado, mas em que voltou a faltar consistência e frieza nos momentos decisivos. Os dragões reagiram bem à desvantagem, empataram com mérito, mas desperdiçaram a vantagem numérica após a expulsão do guarda-redes grego Barkas. Um empate que sabe a pouco e que volta a expor as fragilidades da era Farioli fora de casa.
Com muitas mexidas no onze, o técnico italiano voltou a apostar na rotação. Rosário assumiu a posição de médio mais recuado, Eustáquio jogou como interior com liberdade para sair em condução e Gabri Veiga apareceu solto nas costas de Gul. Atrás, Zaidu foi titular. A ideia manteve-se fiel ao modelo, sair curto, atrair pressão e criar espaço para progredir. Mas, à medida que o Utrecht baixava linhas, o FC Porto foi sentindo dificuldade em acelerar o jogo entre setores.


O ambiente era de festa no Galgenwaard nesta noite europeia. E a equipa de Ron Jans soube alimentar essa energia. Haller começou no banco, o Utrecht apresentou um bloco em 4-4-2 compacto, apostando em transições verticais com Min como referência e El Karouani como principal agitador. A pressão inicial durou pouco, e o Porto rapidamente tomou conta da bola.
A primeira grande ocasião pertenceu a Gabri Veiga, num remate cruzado após um passe vertical de Eustáquio que saiu a milímetros do poste. A jogada é uma das coisas que Farioli procura, paciência, progressão e verticalidade. Pouco depois, Borja Sainz apareceu isolado, contornou o guarda-redes e tentou assistir um colega, mas acabou por desperdiçar o lance. Do outro lado, o Utrecht respondeu em ataques diretos, quase sempre sem consequência, embora El Karouani tenha obrigado Diogo Costa a aplicar-se perto do intervalo.
Na segunda parte, o jogo mudou. Logo ao minuto 49, um livre estudado apanhou o Porto desprevenido: El Karouani tocou curto para Miguel Rodríguez, que rematou e contou com um desvio em Prpić para trair Diogo Costa. O golo agitou as bancadas e obrigou o Porto a correr atrás do prejuízo.
A resposta foi imediata. Farioli pediu à equipa para subir linhas e jogar mais entre os médios da equipa adversária. O empate chegou aos 65, Gabri Veiga recuperou a bola, Deniz Gül rematou forte para defesa de Barkas, e Borja Sainz apareceu na recarga, Gabri foi buscar a bola junto ao guarda-redes e Barkas perdeu a cabeça. Encostou-lhe a cabeça e viu o vermelho direto.
Com mais um em campo, o Porto parecia ter tudo para virar o resultado. Farioli apostou as fichas todas, mas o Utrecht fechou-se numa linha de cinco e resistiu com coragem. Ainda houve tempo para um par de defesas decisivas do suplente Brouwer, a negar o bis a Sainz e um tiro de Pablo Rosário. No fim, o 1-1 ficou cravado no marcador, e no olhar inconformado do técnico portista.


O empate deixa o FC Porto com sete pontos, no 11.º lugar à condição, e adia a aproximação ao topo. Farioli regressou ao palco onde o seu Ajax começou a desmoronar-se e voltou a sair sem vitória. A história repete-se, e talvez o sinal mais preocupante seja esse, o Porto joga bem por momentos, mas continua a faltar-lhe a capacidade de decidir os jogos.

