SL Benfica 2-1 Sporting CP: Melhor o resultado que a exibição  

    Benfica

    Resiliência, milagre de Deus ou culpa da arbitragem. Assim soam os ecos de uma vitória arrancada a ferros do SL Benfica. Num espaço de dois minutos, João Neves e Casper Tengstedt encontraram a Luz num túnel que até o maior visionário teria dificuldades em caminhar. O Sporting, que já dominava a Águia com pé e meio, escorregou e caiu estrondosamente num precipício de dor e frustração. Há jogos com drama. E depois há este Benfica x Sporting. Até ao apito final, o futebol é o espelho da imprevisibilidade. Refira-se a um simples jogo ou inclusive a um campeonato.

    Esquecendo arbitragens (percebo que seja difícil, mas não sou especialista para avaliar), falemos do futebol. No geral, o Sporting foi a melhor equipa em campo. Houve superioridade ofensiva e defensiva na primeira parte e justifica-se o golo, apesar do Benfica ter também oportunidades. Na segunda parte, Gonçalo Inácio foi expulso (condicionamento claro do Sporting), mas o Benfica, mesmo a jogar contra 10, criou muito pouco comparado ao que deveria. Sentiu-se algum desespero encarnado e já cansava a quantidade de cruzamentos fracassados. Diria que Roger Schmidt podia ter voltado a mexer no jogo e mais cedo, onde se via um João Mário enfraquecido e Tiago Gouveia ou Gonçalo Guedes no banco, por exemplo. Além disso, também há nova confirmação que o técnico não confia em Jurásek, preferindo Morato na lateral-esquerda.

    Esta vitória do Benfica pode ser uma moeda de duas faces: incrível reviravolta contra o rival Sporting, subida ao primeiro lugar, alívio de pressão para Roger Schmidt, reforço da ligação clube-adeptos e sentimento positivo da situação. Porém, esta vitória pode também fazer acreditar que tudo resolveu-se. Que o Benfica não está numa fase menos boa, estando a jogar como deveria. Que tem a equipa e o plano de jogo consolidado, esquecendo as constantes mudanças táticas nas últimas partidas. Que Roger Schmidt está a liderar e tem tudo controlado.

    No final da partida, Roger Schmidt já se mostrou muito confiante e Ángel Di María já gozou com a suposta crise. Para os benfiquistas são horas de glória, mas não se enganem. O desempenho exibicional continua muito aquém das expetativas depois de um investimento de milhões, além de um fracasso colossal na Europa. Até pode ser um ponto de viragem e o Benfica começar a arrasar e ganhar. Tudo depende agora da mentalidade adotada. É preciso humildade e trabalhar arduamente nos aspetos menos bons. Neste momento, a paragem de seleções é o melhor que podia acontecer tanto ao Sporting (derrota dolorosa que podia afetar psicologicamente caso houvesse calendário apertado agora e pouco tempo para balançar) como ao Benfica (excesso de confiança e desvalorização da situação que vive).

    A nível individual, há que destacar três génios: Viktor Gyokeres, Morten Hjulmand e João Neves. Com um perfil que aparenta ter sido criado em laboratório, o sueco é dos melhores avançados que passou na Liga nos últimos anos. Fora de série. Morten Hjulmand é um guerreiro. Não tem medo, é agressivo nos duelos (tem de ter cuidado) e é uma mais-valia defensiva. E depois há João Neves. É daqueles jogadores criticados por serem muito bons. Depois de uma partida muito dominante, foi herói no golo do empate. Começam a faltar as palavras. Que jogaço.

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    Diogo Lagos Reis
    Diogo Lagos Reishttp://www.bolanarede.pt
    Desde pequeno que o desporto lhe corre nas veias. Foi jogador de futsal, futebol e mais tarde tornou-se um dos poucos atletas de Futebol Freestyle, alcançando oficialmente o Top 8 de Portugal. Depois de ter estudado na Universidade Católica e tirado mestrado em Barcelona, o Diogo está a seguir uma carreira na área do jornalismo desportivo, sendo o futebol a sua verdadeira paixão.