Se vamos ter Boavistão à moda antiga, o tempo o dirá. Mas que este Boavista FC de Petit é tudo menos “petit”, disso já não restam muitas dúvidas. Os axadrezados estão a apresentar-se em campo, jornada após jornada, com uma vontade clara de se imporem não apenas como grande equipa, mas como equipa grande. O domínio do jogo que a turma boavisteira tem e o futebol que pratica são disso mesmo: de equipa grande.
A receção ao GD Chaves, destacado lanterna vermelha, era teoricamente fácil, mas a corrente edição da Primeira Liga tem desmistificado essa expressão. É na prática que a partida tem de ser tornada fácil. O Boavista FC fez precisamente isso no fecho da jornada cinco do campeonato. Com a leitura e controlo do jogo com bola de Seba Pérez, com a capacidade de segurar bola de costas para a baliza em toda a extensão do meio-campo ofensivo de Bozenik, com a irreverência de Salvador Agra e Tiago Morais e com a segurança de Makouta no jogo sem bola, as panteras tornaram fácil desde – literalmente – o primeiro minuto uma partida que o GD Chaves não conseguiu tornar difícil.
A incapacidade que os transmontanos demonstram para ter bola “em condições” é reveladora da classificação atual dos flavienses. A chegada de Rúben Ribeiro ao cerne de decisão do GD Chaves poderia trazer mais segurança e, acima de tudo, criatividade com bola, mas os flavienses precisam de ter muito mais posse de bola de qualidade para que as peças mais criativas se façam notar. As perdas de bola constante – fruto, também, da agressividade com que o Boavista FC reage à perda de bola – não o permitiram na visita ao Bessa.
O GD Chaves saiu, assim, do estádio do líder do campeonato com muito para resolver, enquanto os axadrezados recuperaram a liderança perdida durante o fim de semana e confirmaram que há muito de positivo sobre o qual trabalhar nas semanas vindouras, sabendo, com cada vez mais clareza, que enquanto houver Bozenik – enquanto… – há capacidade para segurar bola, há capacidade para subir no terreno, há capacidade para dominar o jogo e, acima de tudo, há golo. E quando há golo, a vitória fica muito mais perto. E este Boavista FC já leva quatro em cinco jornadas.
BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
BnR: Como manteve, durante a pausa para compromissos de seleções, o apetite que o Boavista FC continua a demonstrar pelas vitórias, pelo domínio do jogo e pelo bom futebol? E, pergunto-lhe também, quão importante é o jogo de costas para a baliza de Bozenik, que parece permitir cada vez mais que a sua equipa segure a bola e tome o controlo dos jogos?
Petit: Temos um compromisso para sermos melhores a cada dia. Tivemos esta pausa de 15 dias, só tivemos dois ou três jogadores nas seleções, deu para trabalharmos alguns aspetos. Fomos iguais a nós mesmos. O Róbert é um miúdo que estamos a trabalhar, é um jogador inteligente, joga muito bem tanto no apoio frontal, como nas costas dos defesas e temos trabalhado dentro daquilo que é a nossa ideia de jogo, o nosso ADN. Jogámos com um triângulo no meio-campo e o Róbert quando baixa acaba por fazer ali um losango, com os extremos bem abertos.
BnR: O GD Chaves vai ter como base de trabalho para esta semana de preparação para a receção ao CF Estrela da Amadora o que se passou neste jogo ou vai olhar mais para o que está para vir do que para o que já foi? E pergunto-lhe se a preparação para a próxima partida vai passar muito por dinâmicas que envolvam Rúben Ribeiro, que se estreou e por quem passou o que de bom o GD Chaves fez nesta partida, em particular nos primeiros 15 minutos da segunda parte?
José Gomes: A preparação para o CF Estrela da Amadora é uma coisa para começar a fazer amanhã. Concordo com a opinião de que o jogo passou muito pelo Rúben no tempo em que esteve em campo. Quanto ao jogo, não foi só pelo resultado que estivemos melhor na segunda parte, fizemos muitas coisas boas. O Boavista FC não é equipa de relaxar mesmo estando em vantagem e o João, o guarda-redes do Boavista FC, fez várias defesas importantes na segunda parte. Num jogo que está praticamente decidido na primeira parte, o expectável seria um baixar de braços e não foi isso que aconteceu.