Era um jogo, pareceu um leilão. Vai uma, vai duas, vai três para o senhor de Portimão. Foram três oportunidades em 35 minutos, foram três golos para os algarvios. Houve-os de toda a maneira e feitio: jogo posicional, em transição e de bola parada. Foram, sem grande dúvida, os melhores 35 minutos da época do Portimonense.
Não foram os piores 35 minutos da temporada do Boavista. O que talvez seja preocupante. Talvez não. Por um lado, olhar para aquilo que se passou em campo no período em causa – que cumula o peso desta crónica, porque, efetivamente, foi aos 35´ que o jogo pereceu – e ver que o Boavista já jogou pior do que ali e então, quando perdia por 0-3, é indicador que, de facto, este não foi o único momento da época em que se viu a pantera débil e ferida, ela que tão rugia nos primórdios da temporada.
Por outro lado, é animador para os axadrezados – e em particular para Ricardo Paiva, que ainda procura domar esta pantera – perceber que este resultado pode, com alguma tranquilidade, cingir-se a si mesmo e não ser transportado para a próxima jornada. É verdade que foi desastrosa a prestação defensiva boavisteira até aos 35´ (aliada a uma eficácia que ainda não tínhamos conhecido aos de Portimão, que pela primeira vez na Liga apontaram quatro golos).
Não é menos verdade que houve momentos ainda durante esse período e sobretudo na reação ao mesmo – no pós-vida do encontro – que podem e devem fazer a turma portuense fingir estar junto a uma estação de nível e parar, escutar e olhar para aquilo que fizeram de bom, que foi claramente insuficiente para sequer perturbar o Portimonense nesta partida, mas que encerra em si algo de positivo que tem de ser a base do que aí vem.
Do lado do Portimonense, as coisas são, em simultâneo, muito simples e muito complexas: é repetir já no próximo jogo. Simples. Como? Essa é a parte complexa.
BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
Boavista
BnR: Pergunto-lhe o que pretendia com a substituição ao intervalo, promovendo a saída de Reisinho e a entrada de Bruno Lourenço, até porque Paulo Sérgio falava há pouco que o Portimonense se organizou defensivamente – e discutiu isso ao intervalo – a contar com a presença dele entre as suas linhas defensiva e intermédia, deixando-o no 1×1 com o central, que teria de resolver? A verdade é que o Reisinho acabou por não voltar do intervalo.
Ricardo Paiva: A substituição teve mais a ver com uma questão de atitude do que propriamente com uma questão estratégica. O jogador que entrou ocupou o mesmo lugar que o Reisinho ocupou na primeira parte, ainda que, claro, pisando algumas zonas do terreno ligeiramente diferentes, porque isso caracteriza a sua forma de estar no jogo. No entanto, não houve uma diferença muito grande a nível estrutural. Teve a ver com o desempenho, descontente com o rendimento.
Outras declarações:
“Na primeira parte, faltou atitude e a determinação que nos caracteriza e a concentração que nos tem assistido nos últimos jogos”.
“Sabíamos do perigo do Portimonense se falhássemos na ligação”.
“O período de 20/25 minutos em que sofremos os três golos foi mau. Muito mau”.
“O Robert no jogo de hoje teve uma série de oportunidades de golo e não deu continuidade aos seus últimos jogos”.
“É compreensível que os adeptos estejam frustrados, nós também estamos”.
“Quando não conseguimos traduzir o nosso trabalho em atitude, pagamos uma fatura muito alta”.
“No próximo jogo em casa, temos de dar uma resposta que espelhe a atitude que estes adeptos merecem”.
Portimonense
BnR: Foi a melhor vitória da época do Portimonense. Podemos dizer que foi também a melhor exibição? Além disso, com o 0-3 no marcador, parecia que este poderia ser o primeiro jogo da sua equipa fora de casa sem sofrer golos, mas acabou por sofrer um golo e mostrar aqui e ali algumas debilidades defensivas. Pode dizer-se que hoje o ataque foi a melhor defesa?
Paulo Sérgio: Começando pelo golo sofrido, os jogadores envolvidos cometeram uma asneira, digamos assim, porque o Berto estava em dificuldades e pediu para fazer uma troca posicional com o Jasper. Nesse momento, entre troca e não troca, a bola partiu e foi golo. De resto, oportunidades de golo claras do Boavista não me lembro. Quanto ao jogo, acho que podíamos ter tido ainda melhor eficácia. Noutras partidas, temos criado e não temos feito golo. Hoje, o Berto teve muito critério na forma como temporizou para a chegada dos colegas. Esse extra de qualidade ajuda a decidir.
Outras declarações:
“O Berto teve muito critério na forma como temporizou”.
“A equipa fez uma primeira parte muito boa. Apesar da derrota na jornada passada, propusemo-nos vir cá lutar”.
“Começou a aparecer o cansaço”.
“A confiança para fazer na 2.ª parte o que fizemos na 1.ª se calhar não abundava”.
“A equipa fez um jogo competente”.
“O Carlinhos é um jogador muito importante para nós, como são todos. Aporta umas qualidades técnicas que não abundam em todos os jogadores. Tem um potencial muito grande”.