Casa Pia AC 2-0 Boavista FC: Casa com boas vistas

    A CRÓNICA: XADREZ CAI COMO DOMINÓ

    Era puxar a ponta do laço, abrir o embrulho e estava lá a surpresa. Petit sabia que tinha deixado dentro da caixa um compêndio generoso de reforços para fazer ao Casa Pia AC o que os guerreiros do cavalo fizeram a Troia. Tratava-se de tornar a surpresa aliada do desejo de manter o registo 100% vitorioso do Boavista FC.

    Um conjunto de ausências – Hamache e Yusupha as mais notadas -, é certo, mas os axadrezados, que regularizaram uma dívida ao antigo jogador do clube, Rami, e viram ser levantado o impedimento de inscrição de novos jogadores, dispuseram de muitas opções novas. Três delas, Sasso, Salvador Agra e Bozenik, alinharam como titulares.

    O treinador dos casapianos, Filipe Martins, preparou então o jogo num vácuo de matéria de análise, mas nada como apostar nas ideias próprias. O resultado foi positivo.

    O certo é que a primeira parte foi um vazio de ideias. O jogo amarrado taticamente devido ao sentimento dos jogadores de que um centímetro em direção à baliza contrária era um centímetro libertado para o adversário explorar não deixou a bola sentir-se ameaçada por um golpe que a enviasse até às redes.

    O momento de maior enfrentamento ao marasmo, à parte de algumas jogadas de corredor de Godwin e de Lucas Soares de desfecho infeliz, foi a invasão de campo de Filipe Martins e consequentes saltinhos em cima de um tufo de relva para concertar a mostra de degradação que um lance mais disputado causara junto à linha lateral. De resto, ainda há VESTÍGIOS de Iron Maiden em Lisboa com alguns pensos de relva visíveis no relvado, nada que perturbasse o desenvolvimento do jogo.

    Três minutos da segunda parte viram mais oportunidades de golo do que 45 da primeira. Kenji Gorré foi o protagonista do quase total aproveitamento da sucessão de erros dos centrais casapianos. Róbert Bozenik seguiu-se nas tentativas frustradas. Era uma exibição do maior domínio axadrezado no reatar da partida.

    As tendências não contam quando é nos golos que se faz a diferença. Num abrir de olhos, o Casa Pia AC fez um golo e, num fechar, fez outro. Rafael Martins assinou o primeiro, Godwin rubricou o segundo. Tudo se passou entre os 61’ e os 66’.

    Cinco minutos de luxo que quando o árbitro francês do jogo, Pierre Gaillouste, disse c’est fini, deram sensações novas aos dois conjuntos. O Casa Pia AC obteve a primeira vitória no campeonato, o Boavista FC a primeira derrota. À terceira jornada, os gansos já bateram o recorde de pontos obtidos na única participação na Primeira Liga, em 1938/39, que estava estipulado nos dois pontos quando era isso que valia cada triunfo. Tudo porque quando não aceitamos as surpresas, estas ficam para quem as quer dar.

     

    A FIGURA

    Casa Pia AC
    Fonte: Cláudia Figueiredo / Bola na Rede

    Lucas Soares Kunimoto libertou-lhe o corredor para que subisse livremente pelo lado direito e aceitou o convite para brilhar.  No primeiro golo, é do lateral brasileiro a arrancada que atordoa a defesa boavisteira, movimento que já antes tinha executado.

     

    O FORA DE JOGO

    Róbert Bozenik no primeiro jogo com as cores do Boavista FC, andou sempre longe do jogo. Diga-se que o ponta-de-lança eslovaco também não foi propriamente bem servido, mas pouco fez para procurar que a bola passasse mais por si.

     

    ANÁLISE TÁTICA – CASA PIA AC

    O Casa Pia AC voltou a repetir o onze que apresentou nas duas primeiras jornadas. Por isso, não é de estranhar que Filipe Martins não tenha alterado substancialmente os comportamentos dos jogadores com vista a cimentar processos de jogo.

    Dentro do 3-4-3, a equipa tentou ativar os laterais Lucas Soares e Leonardo Lelo com um futebol mais apoiado. Mesmo quando a jogada progredia por um corredor, o flanqueador contrário aproximava-se da zona de finalização.

    Os gansos não se inibiram de deixar Godwin, Kunimoto e Rafael Martins, na frente, percebendo os dividendos que podiam retirar de um ataque rápido. Atrás, João Nunes, Vasco Fernandes e Zolotic, sempre com Ângelo Neto muito perto, garantiram segurança defensiva. A organização defensiva em 5-2-3 manteve-se fiel às referências zonais não caindo em alguns engodos que o Boavista FC procurou realizar com a movimentação dos extremos.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Ricardo Batista (4)

    Lucas Soares (7)

    João Nunes (5)

    Vasco Fernandes (5)

    Nermin Zolotic (5)

    Leonardo Lelo (4)

    Ângelo Neto (5)

    Afonso Taira (4)

    Takahiro Kunimoto (4)

    Saviour Godwin (6)

    Rafael Martins (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Yan Eteki (4)

    Cuca (4)

    Diogo Pinto (4)

    Clayton (-)

    Derick Poloni (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – BOAVISTA FC

    O Boavista FC apresentou um sistema tático semelhante ao do Casa Pia AC, mas com dinâmicas distintas. No entanto, não foi preciso estudar muito o jogo de marcações já que o encaixe dos sistemas era perfeito. Um aspeto que diferenciou os conjuntos foi mesmo a defesa mais individual dos axadrezados.

    No 3-4-3 de Petit, os dois médios, Seba Pérez e Makouta, deram a solidez que os três homens da frente precisavam para impor verticalidade e risco no jogo ofensivo da equipa. No centro da defesa, a inclusão de Sasso permitiu que Filipe Ferreira se responsabilizasse pelo corredor esquerdo.

    Ao atacar, notou-se uma preferência pelo corredor direito, onde o lateral Pedro Malheiro deu largura máxima e se mostrou mais subido do que Filipe Ferreira do lado esquerdo. Foi também do lado destro que Seba Pérez e Salvador Agra procuraram intrometer-se para desbloquear algumas saídas para o ataque, ocupando o espaço ao lado dos médios do Casa Pia AC.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Rafael Bracali (4)

    Pedro Malheiro (6)

    Reggie Cannon (5)

    Vincent Sasso (5)

    Rodrigo Abascal (4)

    Filipe Ferreira (4)

    Sebastián Pérez (6)

    Gaius Makouta (6)

    Salvador Agra (6)

    Kenji Gorré (5)

    Róbert Bozenik (4)

    SUBS UTILIZADOS

    Bruno Lourenço (5)

    Martim Tavares (4)

    Masaki Watai (-)

    Augusto Dabó (-)

     

    BNR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    CASA PIA AC

    Bola na Rede: Quando duas equipas jogam com o mesmo sistema, pode dar-se o caso de o jogo ficar demasiado encaixado, o que se verificou em alguns momentos. Que aspetos táticos marcaram a diferença entre as equipas no jogo de hoje?

    Filipe Martins: Teve a ver com as nossas dinâmicas ofensivas e também com o mérito que o Boavista FC teve em subir os seus médios nos últimos dez, 15 minutos da primeira parte, onde nos impediram de fazer o que estávamos a fazer até ao momento, ou seja, quando a bola estava a circular nos nossos centrais, estávamos a ligar de frente com os médios e eles estavam-se a virar para o jogo. A partir do momento em que o Boavista FC começou a encaixar melhor no jogo homem a homem, que é normal com um 3-4-3 de ambas as partes, nós tivemos dificuldade, porque continuámos a insistir naquele jogo. Tínhamos que, naquele momento, passar ao passo seguinte, ou seja, ver um passe mais à frente e tentar ligar com os nossos centrais diretamente nas costas dos médios deles entre linhas. Tivemos tendência para, em vez de fazermos isso e começarmos a ligar mais para a frente, usarmos muitas vezes o guarda-redes e, ao usarmos o guarda-redes, acabámos por dar metros à equipa adversária e nós ficarmos mais distantes da baliza deles. Por isso, é que, momentaneamente, perdemos o controlo do jogo que estávamos a ter até aos 35 minutos.

     

    BOAVISTA FC

    Bola na Rede: Houve alguma relação com o facto de a melhor fase do Boavista FC, na segunda parte, coincidir com o momento em que o Makouta esteve mais adiantado no terreno e com a maneira como o flanco direito do Boavista FC estava mais bem trabalhado?

    Petit: A diferença foi que a disponibilidade na segunda parte foi diferente da primeira. Onde nós tínhamos espaço sempre era do lado esquerdo do Casa Pia AC. O Godwin junta-se muito ao Rafael Martins na frente e o médio e o lateral demoram muito a saltar. Só que a nossa disponibilidade de ir ao flanco e trabalhar a superioridade foi diferente. O Casa Pia AC pressionava, com os três da frente, os nossos três centrais, os dois médios mantinham-se nos nossos dois, mas depois abriam um grande espaço entre a defesa, o meio-campo e o ataque. O Kenji e o Salvador Agra começaram a receber bolas entre linhas e a poderem virar-se e ir de frente para a linha defensiva do Casa Pia AC. Foi aí que criámos mais situações de golo. Só que não podemos estar só a olhar para o que estamos a fazer. Temos que saber onde está o adversário e travar o contra-ataque.

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    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.

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