FC Paços de Ferreira 0-2 Gil Vicente FC: ‘Galos’ garantem a manutenção em grande nível frente a um Paços de Ferreira desligado

    A CRÓNICA: GILISTAS APRESENTARAM-SE EM GRANDE NÍVEL EM JOGO DECISIVO

    Embate entre castores e galos inaugura a jornada 33, a penúltima da Primeira Liga Portuguesa 2020/2021. As duas equipas uniram esforços para lutar pelos três pontos, mas o resultado tinha mais impacto que vinha à Capital do Móvel à procura de assegurar a manutenção – faltava apenas um ponto à equipa liderada por Ricardo Soares para carimbar a permanência no próximo campeonato português. Quanto à equipa da casa, na quarta-feira celebrou a conquista do quinto lugar no sofá, depois do Vitória SC perder frente ao FC Famalicão. Sem subir ou descer na tabela classificativa, restava a luta pelo orgulho e pela honra do clube em querer ganhar sempre.

    O Gil Vicente FC quis despertar o FC Paços de Ferreira logo de início aos três minutos com um remate (ainda que à figura) de Leautey. Rebocho e Maracás ficaram mal na fotografia, uma vez que o português não conseguiu cortar eficazmente o passe longo de Joel Pereira e Maracás foi traído pelo avançado francês. Quase dava golo para os visitantes. E minutos depois surgiria mesmo o golo, mas foi Lourency o protagonista. Bola aérea da defesa para o lado esquerdo do ataque, o brasileiro soube esperar, tocar para Pedro Marques e avançar no terreno para receber mais à frente, onde só teve de rematar. Michael foi para um lado, mas a bola foi junto ao poste e acabara por entrar. O emblema de Barcelos estava mais perto da manutenção.

    Lourency matou o SL Benfica ao fazer o 2-0
    Fonte: Isabel Silva/ Bola na Rede

    Entre o minuto 20/30 ainda vimos um FC Paços de Ferreira mais espevitado e a fazer uso da cobrança de bolas paradas para tentear chegar à baliza de Denis. Ainda assim, sempre que o emblema de Barcelos iniciava um ataque rápido a defesa pacense sentia imensas dificuldades em travar essas mesmas investidas. Leautey, no lado esquerdo, estava a fazer o que queria de Pedro Rebocho e mesmo Pedro Marques e Lourency criavam sérios problemas à equipa da casa. O trio de ataque estava a encostar às cordas o FC Paços de Ferreira e os castores, caso quisessem vencer ou até mesmo empatar a partida, teriam de mudar o chip ao intervalo.

    De novo, a história da primeira parte repete-se – entrada forte do Gil Vicente FC e desta vez foi Pedro Marques, a fazer um túnel a Maracás e a rematar em direção à baliza, mas valeu o corte de Rebocho. Ainda assim, a bola sobrou para Claude Gonçalves que pôs Michael à prova, mas neste lance passou no teste, desviando a bola para a linha final.

    E confirmava-se – a segunda parte estava mesmo a ser o espelho da primeira. Grande asneiro de Eustáquio que passa para o espaço entre Maracás e Marco Baixinho, mas quem acaba por receber a bola é Pedro Marques, que só teve de se adiantar e, com classe, picou a bola por cima de Michael. 0-2 para o Gil Vicente FC e Ricardo Soares e os seus pupilos já sonhavam com a tão desejada manutenção na Primeira Liga. E muito pouco tempo depois, nova desatenção da defesa pacense e Pedro Marques esteve quase a bisar, não fosse Maracás a cortar mesmo no limite da linha de golo. Vantagem justíssima do Gil Vicente FC que mostrava não estar ainda satisfeito com o resultado.

    O Gil Vicente FC dominava e uma vez apareceu Pedro Marques em zona de finalização. Excelente combinação da equipa gilista, com Pedrinho a receber no meio, abrir para o corredor esquerdo onde estava Lourency que centro rasteiro para a zona intermédia da grande área. O jovem avançado português tinha todo o tempo do mundo, mas de primeira enviou ao lado da baliza. Minutos depois, novo lance de perigo para a baliza do FC Paços de Ferreira e não fosse Michael Fracaro a evitar com uma grande defesa o resultado já podia estar ainda mais largo. Claude Gonçalves leva a bola quase até à linha final e remata com força para o primeiro poste, mas o guardião pacense afastou o perigo.

    O Gil Vicente a partir dos 70 minutos tirou o pé do acelerador, mas mesmo assim o FC Paços de Ferreira não se conseguiu entrosar na partida. Sem mais oportunidades flagrantes, terminava assim o jogo e o Gil Vicente FC garantia a manutenção na Primeira Liga, fazendo a festa no Estádio Capital do Móvel.

    A FIGURA


    Pedro Marques – O ponta de lança emprestado pelo Sporting CP esteve em grande no Estádio Capital do Móvel. Para além de ter marcado, assistiu também para o golo de Lourency e ainda teve nos pés a oportunidade para dilatar a vantagem. Foi um autêntico quebra-cabeças para a Maracás e Marco Baixinho, ele que é muito forte fisicamente e também no jogo de costas para a baliza. Grande exibição do jovem português.

     

    O FORA DE JOGO


    Pedro Rebocho – O lateral esquerdo deixou muito a desejar neste jogo, principalmente nos primeiros 45 minutos. Defensivamente teve vários erros que poderiam ter prejudicado a equipa e ofensivamente não teve espaço para progredir nos corredores. Contudo, de destacar que Eustáquio não esteve nos seus melhores dias e o passe que dá origem ao segundo golo do Gil Vicente FC é um reflexo da exibição.

    ANÁLISE TÁTICA FC – PAÇOS DE FERREIRA

    Onze inicial com duas caras novas, tanto na baliza como no centro do terreno. Jordi Martins dá lugar ao guardião Michael Fracaro, que até à data tinha jogado apena uma vez para a Taça de Portugal. No centro da defesa, Maracás e Marco Baixinho fazem parelha, acompanhados, do lado esquerdo, por Pedro Rebocho e do lado direito por Jorge Silva. No meio campo, Stephen Eustáquio e Bruno Costa mantêm a titularidade e Matchoi Djaló, de apenas 18 anos, estreia-se a titular, ele que deu boas indicações nos minutos que jogara frente ao CS Marítimo. Na frente, no corredor mais à esquerda está João Amaral e no lado oposto o dono do lugar é Zé Uilton. No centro do ataque, Douglas Tanque regressa à titularidade. Pepa utiliza o seu esquema habitual de 4-3-3 para o último jogo caseiro ao serviço do FC Paço de Ferreira.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Michael Fracaro (6)

    Pedro Rebocho (4)

    Maracás (5)

    Marco Baixinho (5)

    Jorge Silva (5)

    Bruno Costa (5)

    Stephen Eustáquio (4)

    Matchoi Djaló (5)

    João Amaral (5)

    Douglas Tanque (6)

    Zé Uilton

    SUBS UTILIZADOS

    Hélder Ferreira (5)

    Luiz Carlos (6)

    Luther Singh (5)

    João Pedro (6)

    Marcelo (6)

     

    ANÁLISE TÁTICA – GIL VICENTE FC

    O Gil Vicente também entrara em campo num sistema tático de quatro defesas, três médios e três avançados, jogando “de igual para igual” com o FC Paços de Ferreira. Na baliza estava Denis, no corredor defensivo direito Joel Pereira, no centro a dupla habitual Rodrigão e o experiente Rúben Fernandes e do lado esquerdo Talocha mantinha o lugar. Na linha de meio campo, destaque para a ausência de Lucas Mineiro, dando a sua vez a Pedrinho, acompanhado por Vítor Carvalho e Claude Gonçalves. No ataque, Lourency e Leautey estavam nas extremidades (lado esquerdo e direito, respetivamente) e Pedro Marques era o homem escolhido para o ataque em detrimento do melhor marcador da equipa Samuel Lino.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Denis (6)

    Talocha (7)

    Rúben Fernandes (7)

    Rodrigão (7)

    Joel Pereira (7)

    Claude Gonçalves (6)

    Vítor Carvalho (6)

    Pedrinho (7)

    Lourency (8)

    Pedro Marques (9)

    Antoine Leautey (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Samuel Lino (6)

    Lucas Mineiro (6)

    Diogo Silva (-)

    Kanya Fujimoto (-)

    Paulinho (-)

      

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    FC Paços de Ferreira

    BnR: Com o objetivo já cumprido, fica uma sensação agridoce despedir-se do Estádio Capital do móvel com este resultado?

    Pepa: Não é. Podia ter saído com uma vitória e mais do que uma vitória com uma exibição condizente, ao espelho daquilo que fizemos na época toda. Mas não foi, estou ainda a quente do jogo, mas pensando a frio, independentemente desta exibição, deu-me um orgulho tremendo este grupo de trabalho, tudo o que foi feito e tudo o que foi conquistado. Portanto, não vai ficar na memória, o que fica na memória é eu estar aqui há alguns dias e eu sempre que entro aqui já entro com nostalgia. O que fico é uma época fantástica e que vai ficar para sempre na história do clube e nos nossos corações. Isso é o que fica. Neste jogo não tivemos bem, o Gil Vicente FC foi superior o jogo todo e por isso há pouco mais a dizer, sem querer estar a tirar mérito a quem o teve.

    Gil Vicente FC

    BnR: Num momento em que a equipa tinha mais pressão para conseguir bons resultados, eles aparecem. Como é que se tira esta pressão da equipa e se dá a volta por cima?

    Ricardo Soares: Nós estávamos a ter um conjunto de jogos muito seguidos e não conseguíamos colocar o nosso processo de jogo e as nossas ideias porque basicamente não tivemos tempo para treinar. Como sabem eu entrei no Gil Vicente FC numa situação difícil, o clube estava nos lugares de descida e depois fruto de também irmos longe na Taça de Portugal isso deu uma densidade de jogos elevada. Essa densidade de jogos retirou-nos processo, mas nós não abdicámos do processo. Mesmo com essa falta de treino, sabíamos que íamos sofrer, mas não quisemos ultrapassar etapas. Estávamos seguros do nosso trabalho e da qualidade dos jogadores à disposição e fomos sempre conversando de uma forma aberta, tranquila e de confiança com os jogadores. Eles foram acreditando neles próprios, mesmo sendo muito difícil. Estes jogadores tiveram esse método de acreditar em nós, de perceber que isto era uma batalha e que quando tivéssemos mais tempo para treinar a equipa ia dar um salto qualitativo e ia jogar de acordo com aquilo que nós pretendíamos porque os jogadores têm muita qualidade como mostraram hoje e nos outros jogos atrás. A partir do momento em que somos eliminados da Taça de Portugal, e nós queríamos muito ir às meias finais porque o FC Porto foi melhor e venceu com justiça, tivemos capacidade e dias para treinar. A partir daqui tudo mudou. Tivemos alguns treinos, mas eram mais recorrentes ao vídeo, que não é a mesma coisa, permite-nos ver o nosso jogo, mas não chegar lá. Nós acreditámos muito, os jogadores acreditaram em nós, foi difícil, mas tenho muito orgulho neles e principalmente gratidão. O próprio clube merece uma palavra, principalmente o presidente, porque nós sabemos bem como é que isto [o futebol] é. A equipa foi crescendo e agora foi para um nível que nem eu perspetivava. Eu sabia que nós iríamos crescer e que íamos valorizar com este jogar, mas hoje o Gil Vicente FC está num nível elevadíssimo. Foi uma semana atrás com o SC Braga, em Belém e perdemos, com o Moreirense FC e perdemos e com o FC Famalicão e também perdemos depois ganhamos com alguma segurança frente ao Vitória SC, Rio Ave FC e SL Benfica. Parabéns aos meus jogadores.

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    Tiago Moura
    Tiago Mourahttp://www.bolanarede.pt
    Desde criança a colecionar cromos e recortes de jornais de vários jogadores até às longas carreiras nos videojogos no seu clube do coração, foram muitas as alegrias que o desporto rei lhe proporcionou. Assume ficar fulo quando não consegue acompanhar um jogo da equipa da cidade Invicta, mas no que toca a tudo o que acontece à volta do seu clube sente a obrigação de estar sempre atualizado. Estuda Ciências da Comunicação e é através da escrita que se prefere expressar.