Moreirense FC 2-2 Vitória SC: O duplo sentido do apagão

A CRÓNICA: MOREIRENSE FC X VITÓRIA SC = FRIO, PASSIVIDADE E LUZ APAGADA

Hoje, o derby minhoto celebrou as bodas de prata no Comendador Joaquim de Almeida Freitas. Caso existisse público, apesar das baixas temperaturas, o estádio apresentaria uma atmosfera cálida e em alvoroço profundo. O Vitória SC procurava o décimo terceiro triunfo e manter o estatuto de melhor defesa como visitante, enquanto que o Moreirense FC demandava a vitória que fugia desde 2017/2018 (2-1).

Nove de janeiro de 2021. O relógio marcava as 17 horas e eram imprimidos os primeiros pontapés na bola.

Nos dérbis sem adeptos existe emoção? Bem, vamos respeitar os epítetos: após sucessivos ressaltos, Pires ganha uma bola na dividida com Jorge Fernandes, corre uns bons metros no corredor esquerdo e desfere um remate carregado de potência, por cima dos braços de Bruno Varela (14′). 1-0! O placard alterava-se pela primeira vez na partida!

Ora, retomemos a palavra-chave deste abstract: emoção. Cinco minutos volvidos, Ricardo Quaresma, na linha, toca em A. André; este, com uma simulação sobre A. Figueiredo, cruza e encontra Marcus Edwards na pequena área, junto do segundo poste, que introduz a bola na baliza à guarda de Pasinato. 1-1! Igualdade reposta!

Após mais uma demonstração de instabilidade defensiva, D’Alberto foge pelo flanco direito (22′) e coloca em Walterson, que não soube dar o melhor seguimento.

Até ao apito para o intervalo, as duas equipas anularam-se. Várias investidas foram criadas com o objetivo de dilatar o marcador; contudo, o posicionamento defensivo dos dois quartetos sobrepuseram-se aos ataques. As batalhas a meio campo dominaram o que restava da primeira metade: o ascendente no duelo teve-o a equipa da casa, visto que fazia alinhar mais um elemento.

P – O que aprontaria a segunda parte?

R – Frio e índices de passividade defensiva acima da média.

A primeira oportunidade de golo flagrante pertenceu aos do Berço (62′): Sackho, após uma subida pelo flanco direito, encontrou Noah junto do primeiro poste; este, displicente, cabeceia sobre a barra.

O minuto 67 sinalizou a reviravolta na partida: Guideon Mensah cruzou, a defesa do Moreirense FC ingeriu doses elevadas de passividade, A. André recebeu no peito, rodou e rematou para a contagem. 1-2! Cambalhota no placard!

À semelhança do que aconteceu em Guimarães, no jogo com o FC Porto, o Vitória SC não teve tempo suficiente para saborear o travo da reviravolta: F. Soares lateraliza para Yan Matheus, este progride no terreno, encarna no espírito de Ricardo Quaresma e assiste de trivela para o desvio de Walterson; ainda assim, a bola sobre para Alex Soares, que encosta para o fundo das redes. 2-2!

Os restantes 20 minutos resvalaram na resposta à pergunta realizada aquando do intervalo. Um jogo com quatro momentos quentes e inúmeros momentos frios. O Vitória SC acusou a intranquilidade após o golo sofrido repentinamente e o Moreirense FC reaproveitou para gizar o seu plano de jogo, à semelhança de toda a partida.

Até ao momento final, apenas um sinal digno de registo: já durante o período de descontos, desligaram-se os interruptores do estádio quando os da casa se preparavam para a marcação de um pontapé de canto. Após 14 minutos de espera, do canto nada surgiu a não ser alguma aflição na área vitoriana.

Apito final! 2-2 no marcador! Os moradores do castelo mantêm-se firmes no quinto lugar, enquanto que o Moreirense FC subiu ao sétimo posto da tabela classificativa.

 

A FIGURA:

Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

André André – Um golo e uma assistência. Suficientes para a entrega do prémio? Sim, mas há mais. André André é um verdadeiro pêndulo no meio campo dos Conquistadores, oferecendo maturidade, espírito de sacrifício e qualidade na progressão com bola. Hoje, demonstrou ser uma individualidade a quem poucos possam reconhecer o mérito.

 

O FORA DE JOGO:

Setor defensivo do Vitória SC – Se nos jogos forasteiros até à data tinham sofrido apenas um tento, hoje o quarteto mais recuado teve a água pela barba. Erros sucessivos, perdas de bola que originaram perigo junto da sua baliza e desconcentração foram os principais destaques.

 

ANÁLISE TÁTICA – MOREIRENSE FC

Na estreia pelo comando dos cónegos, Vasco Seabra aposta num 4-4-2. Fábio Pacheco retoma ao corredor central, ocupando o lugar entre a defesa e o meio campo, Afonso Figueiredo rende Abdu Conté que acabou por sair lesionado no embate defronte do FC Porto, no Estádio do Dragão (3-0) e Pires é utilizado em detrimento de Derik Lacerda.

Durante a primeira metade, o Moreirense FC apresentou, durante a primeira parte, solidez e rigor defensivo, linhas maioritariamente subidas aquando da pressão sobre o portador da bola, coesão no centro do terreno.Além disto, nos momentos ofensivos, delineava triangulações bem desenhadas, assumindo o jogo sempre que visse reunidas as condições e procurava incessantemente a profundidade, principalmente nas costas de Jorge Fernandes.

Sempre balanceada para o contra-ataque, a equipa orientada por Vasco Seabra – na segunda metade – continuava com os blocos de pressão subidos no terreno e ofensivamente temerária. Soube esfriar e esquentar o jogo a seu bel-prazer. Os espaços concedidos eram diminutos e o possível perigo dissipado.

 

11 INICIAL E PONTUAÇÕES

M. Pasinato (6)

D’Alberto (6)

Rosic (6)

Ferraresi (6)

F. Pacheco (6)

Pires (7)

Yan Matheus (7)

Filipe S. (7)

Afonso Figueiredo (6)

Alex Soares (6)

Walterson (5)

 

SUBS UTILIZADAS

Lucas Silva (4)

David Tavares (5)

Franco (-)

Derik (-)

 

ANÁLISE TÁTICA – VITÓRIA SC

A formação orientada por João Henriques apresenta o seu habitual 4-3-3. Face ao FC Porto – último embate para a Primeira Liga Portuguesa – Rochinha e O. Estupiñán integraram o lote dos titulares. Hoje, por sua vez, Noah assume a posição central do ataque vitoriano e M. Edwards retoma ao seu lugar no flanco direito ofensivo.

Durante os primeiros 25 minutos, inúmeras foram as amostras de instabilidade defensiva: meio campo pouco compacto e pressionante sobre o esférico, laterais a procurar o jogo interior e sem soluções de passe e criatividade quase nula. Depois de igualar a partida, o Vitória SC melhorou os índices de concentração, intensificou a pressão nas zonas da saída com bola e procurou, por diversos momentos, os rasgos individuais de Marcus Edwards.

A segunda metade acentuou a passividade defensiva alvejada na primeira parte. Notou-se ambição e querer na luta pelo resultado; contudo, a formação de João Henriques fê-lo sempre de modo pouco incisivo e objetivo, com perdas de posse sucessivas e oportunidades escassas. Individualidades com inspiração reduzida, coletivo com pouco entrosamento.

Wakaso e Sulliman, por opção estratégica, entraram nos minutos derradeiros com o intento de defender um canto.

 

11 INICIAL E PONTUAÇÕES

B. Varela (6)

Abdul Mumin (5)

Edwards (7)

Quaresma (6)

A. André (7)

Mensah (6)

F. Sacko (7)

Pepelu (6)

Jorge F. (5)

A. Almeida (6)

Noah (4)

 

SUBS UTILIZADOS

R. Lameiras (4)

Lyle Foster (4)

Wakaso (-)

Sulliman (-)

 

BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Moreirense FC

BnR: Boa noite, mister. Sentiu que a equipa, em certos momentos de jogo, se superiorizou e conseguiu anular o Vitória SC?

Vasco Seabra: Acredito que sim. Conseguimos identificar os momentos de jogo, conseguimos identificar os pontos fracos do adversário. houve uma resposta muita positiva dos jogadores, quer na primeira parte, quer na segunda parte. Fomos capazes de pressionar alto, sem bola, a alma da equipa hoje fez-se sobressair. Anulamos diversas investidas ofensivas do adversário e criamos perigo durante grande parte da partida. Gostei muito da atitude que demonstramos aqui, gostei do espírito aguerrido. Penso que existem condições para continuar com esta união e com esta coesão dentro de campo.

 

Vitória SC

BnR: Boa noite, mister. As entradas de Wakaso e Suliman, já no final da partida, foram meras alterações estratégicas ou serviram para evitar um possível lance de perigo?

João Henriques: O mesmo perigo que o Moreirense FC teve durante a partida. Estivemos praticamente o jogo por cima do adversário. Apenas poder e imponência física na área. Nada mais. Foi uma alteração meramente estratégica. A entrada do Wakaso e do Suliman resvalou precisamente nisso.

 

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Romão Rodrigues
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