António Silva (SL Benfica)
Parece ingrato deixar jogadores como Grimaldo, Enzo, Rafa ou João Mário de fora, mas a abundância de jogadores noutras posições, a ausência de grandes destaques defesas-centrais e a magnitude do crescimento de António Silva justificam a sua escolha para este onze.
Foi vítima de julgamentos demasiado extremados por toda a parte. Os adeptos encarnados rapidamente o colocaram num pedestal onde só os melhores ousaram chegar e onde o erro é inexistente. Os adeptos rivais desde logo vieram contestar esta narrativa para a inverter, reduzindo a qualidade do jogador a algo próximo de zero. A solução não está bem no meio: António Silva tem muita qualidade e a serenidade que demonstra aos 19 anos é impressionante. Simplesmente não é imune ao erro nem o máximo representante na Terra da perfeição em campo.
Posto este parêntese – importante para não colocar a razão no mesmo plano das emoções desenfreadas – António Silva tem sido um dos melhores jogadores da Liga Portuguesa. Já durante a pré-temporada se percebeu que o jovem central estava a subir na hierarquia de Schmidt (ultrapassou Tomás Araújo nas escolhas do técnico alemão). As lesões de Lucas Veríssimo, de Morato e de João Victor abriram-lhe as portas da titularidade e desde então nunca mais a perdeu. Pelo meio garantiu a chamada ao Mundial onde se tornou o mais jovem português a envergar a camisola das quinas na competição.
É um central muito completo e discreto. Não é muito exuberante porque a leitura de jogo permite-lhe antecipar cenários e ações e demonstra alto grau de eficácia nas ações. Tem qualidade e segurança no passe e no posicionamento. A facilidade de se posicionar é mesmo uma das suas principais características, ajudando a desconstruir o mito da experiência. Se Otamendi, parceiro na defesa, se destaca pela agressividade – muitas vezes desposicionando-se – e pela liderança, o menino que tem ao lado contrasta pela serenidade e tranquilidade com que faz a tarefa de defender parecer simples.
Está no caminho para se tornar um dos defesas centrais das próximas décadas. Se esse crescimento for acompanhado de boas decisões e de espaço para o erro – que continua e continuará a existir – tem tudo para ser uma das referências não só da segunda volta, mas também dos próximos anos.