CS Marítimo 0-4 FC Famalicão: Famalicenses humilham na Madeira

    A CRÓNICA: DEPOIS DA BONANÇA, CS MARÍTIMO VOLTA À TEMPESTADE

    CS Marítimo e FC Famalicão subiram ao relvado do Estádio do Marítimo, no Funchal, para disputar a jornada 24 da Liga Portuguesa. Jornada essa que se avizinhava como (mais uma) autêntica final para ambas. De um lado, um Marítimo motivado pela vitória no dérbi; do outro, um Famalicão moralizado depois da boa exibição e empate perante o SC Braga.

    Numa fase inicial da partida, as equipas encaixaram muito uma na outra, apesar de ter sido do Marítimo a primeira grande ocasião da partida aos oito minutos do primeiro tempo, por intermédio de Rodrigo Pinho, que não costuma falhar oportunidades como a que teve. Em contra-ataque, os “verde-rubros” lançavam o pânico na área famalicense, sobretudo pela velocidade de Milson. Porém, o Famalicão ia crescendo na partida e cada vez mais a posse de bola pertencia à formação vestida de azul-escuro. Tanto que, os famalicenses quase chegaram ao golo, à passagem da meia-hora de jogo, valendo ao Marítimo um guarda-redes que vale pontos para evitar, com uma palmada, o golo de Gil Dias.

    Contudo, Amir não é o “super-homem” e não é capaz de chegar a todas as bolas, daí Ivo Rodrigues, perante tanta passividade defensiva “verde-rubra”, ter ativado o marcador no minuto seguinte à primeira defesa do iraniano.

    Nem tempo para os adeptos do Famalicão tiveram para se sentarem (no sofá de casa, claro) houve e já estavam a festejar novamente. Um mau atraso de Milson, que até então estava a ser o melhor do Marítimo, isolou Anderson Oliveira, que não se fez rogado e com apenas Amir pela frente atirou a contar para o fundo das redes.

    O jogo caminhava para o intervalo e o Marítimo encontrava-se de cabeça perdida por estar a perder por 2-0 em casa, até que Riccieli derrubou Joel Tagueu dentro da grande área. Ao contrário do que aconteceu na Choupana, foi Rodrigo Pinho a assumir a responsabilidade da grande penalidade. No entanto, o desfecho foi o mesmo: bola para a bancada.

    Ao intervalo, o Marítimo era uma equipa, psicologicamente, fragilizada. Estar a perder 2-0 em casa não é fácil, ainda por mais, na situação em que os madeirenses se encontram na tabela classificativa.

    A segundo parte começou “quentinha” e não demorou muito até se festejar novo tento no “Caldeirão”, novamente para o Famalicão. Bis de Ivo Rodrigues, que mais uma vez sem grande pressão dos homens mais recuados dos “leões da Madeira”, chutou de fora de área para as redes à guarda de Amir Abedzadeh.

    Caro leitor, não estou certo do que Julio Velázquez disse aos jogadores no balneário, mas com certeza que não coincidiu em nada com o que a equipa produziu na segunda metade da partida. Uma equipa sem animo, sem garra, contrapondo totalmente com os homens de Vila Nova de Famalicão, que não davam uma bola por perdida. Amor à camisola! Era aquilo que se pedia ao “maior das ilhas”.

    Já sem muito a dizer sobre o jogo, o Famalicão fazia o quarto golo, através de Anderson Oliveira, que à imagem de Ivo Rodrigues, também bisou. Julio Velázquez estava boquiaberto com o que via. Nenhum, repito, nenhum(!) futebolista do Marítimo está, neste momento, em condições de dar qualquer tipo de garantias à formação do Almirante Reis, sendo este um dos piores jogos, em termos de produção, da formação insular.

     

    A FIGURA

    Ivo Rodrigues – Marcou dois dos quatro golos do Famalicão. Um deles até bem bonito. Com os golos e com o conforto no jogo, os pormenores técnicos foram aparecendo. O que saltou, também, à vista foi o espírito e a tomada de decisão deste jogador que há seis meses andava “perdido” na Bélgica. Demonstrou raça, querer e ambição. Demonstrou aos adeptos da FC Famalicão que está aqui para dar tudo pela equipa. Confirma um amor de perdição, autenticamente. Está em “ponto rebuçado” para os próximos desafios dos famalicenses.

    O FORA DE JOGO

    Passividade defensiva do CS Marítimo – Tem sido recorrente nos jogos do Marítimo, a passividade defensiva ser considerada o “fora de jogo”, mas nesta partida nada correu bem. Nem defesa, nem ataque. Eu diria que o Marítimo apenas esteve 20 minutos em campo. Os primeiros vinte. Foi onde se viu o Marítimo jogar futebol. A partir de então, os jogadores perderam completamente as estribeiras. Foi um desastre defensivo.

     

    ANÁLISE TÁTICA – CS MARÍTIMO

    No seu segundo jogo no comando das operações “verde-rubras”, Julio Velázquez fez, tal como frente ao CD Nacional, alinhar um 4-4-2, promovendo duas alterações face ao jogo transato. Edgar Costa, por acumulação de amarelos, e Jorge Correa, por lesão.

    Assim, o técnico espanhol do Marítimo enviou para o terreno de jogo Amir “Seguro” Abedzadeh na baliza, com uma defesa a quatro à sua frente: Claúdio Winck na direita, Zainadine e Leo Andrade ao centro e Marcelo Hermes na esquerda. Um duplo pivot, composto por Jean Irmer e Bambock, foram as escolhas para o meio-campo defensivo, ao passo que Rafik Guitane e Milson estiveram responsáveis pelos corredores ofensivos, ainda que Rafik estivesse com funções interiores. No ataque permaneceram Joel Tagueu e Rodrigo “Matador” Pinho, que não estiveram tão eficazes como é de costume.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Amir Abedzadeh (4)

    Claúdio Winck (3)

    Zainadine (3)

    Leo Andrade (3)

    Marcelo Hermes (3)

    Bambock (2)

    Jean Irmer (4)

    Rafik Guitane (2)

    Milson (4)

    Rodrigo Pinho (3)

    Joel Tagueu (3)

    SUBS UTILIZADOS

    Alipour (2)

    Fumu Tamuzo (2)

    Rúben Macedo (-)

    Sassá (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC FAMALICÃO

    A realizar o seu segundo jogo no novo clube esteve também Ivo Vieira, treinador madeirense do FC Famalicão que regressou assim à ilha que o viu nascer para roubar pontos a um clube que bem conhece. Para o jogo frente aos “verde-rubros”, Ivo Vieira optou por apostar num 4-3-3. Um quarteto defensivo composto por Diogo Figueiras, Babic, Riccieli e Rúben Vinagre. No meio-campo, Gustavo Assunção era a tabela giratória do Famalicão, ao passo que Pêpê e Ugarte foram os homens com papel de ligação. No ataque, Ivo Rodrigues e Gil Dias estiveram bem abertos nos corredores, com Anderson na grande área.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Luiz Júnior (4)

    Diogo Figueiras (5)

    Srdan Babic (5)

    Riccieli (6)

    Rúben Vinagre (7)

    Gustavo Assunção (6)

    Manuel Ugarte (7)

    Pêpê Rodrigues (6)

     Gil Dias (7)

    Ivo Rodrigues (8)

    Anderson Oliveira (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Fer Venezuela (3)

    Heri Tavares (3)

    Kraev (-)

    Diogo Queirós (-)

    Robert (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    CS Marítimo

    BnR: O Marítimo entrou bem, mas depois foi a perder 2-0 para o intervalo. O que disse aos jogadores? 

    Julio Velázquez: Na primeira parte tivemos três ou quatro oportunidades claras para poder marcar. Não o fizemos e depois tivemos situações que temos de mudar. Ajustamos situação de um para um, para limitar o tempo de posse de bola do adversário. E sobretudo a nível defensivo, defendemos com um bloco médio. Alteramos distâncias entre linhas, tentamos juntas as linhas, mas na segunda parte foi difícil. Já estava difícil por estarmos a perder por dois e ainda aparecem os golos que aparecem, ainda mais difícil se tornou. Tentamos melhorar certos aspetos que têm de ser mudados, mas o futebol é assim. Temos de refletir e corrigir. Temos de ser mais agressivos e mudar situações que não podem acontecer. Vai ser uma luta, uma luta difícil, mas como disse no dia da minha apresentação, não tenho dúvidas nenhumas que esta equipa vai ficar na Primeira Liga.

     

    FC FAMALICÃO

    BnR: Foi na raça. Vontade e ambição, foram esses os antídotos para consumar esta vitória?

    Ivo Vieira: Sem a determinação, sem o empenho nada se consegue. Eu acho que isso faz parte do ADN daqueles que querem vencer. Eu tento incutir isso na minha equipa, é verdade que a equipa é jovem e precisa de ganhar alguma maturação a esse nível, mas compensou com aquilo que foi a qualidade de jogo e a tomada de decisão. Estes jovens se conseguirem crescer vão ser muito alavancados no futuro dos mesmos, embora tenham que ter consciência que precisam de ser mais competitivos, mais concentrados, dar mais ao jogo para poderem crescer e no futuro puder serem rentáveis na estratégia do Famalicão, que é lançá-los. Mas têm que estar consciente que têm de lutar pelo Famalicão para conseguirem algum futuro.

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    Rodolfo Fabiano Abreu
    Rodolfo Fabiano Abreuhttp://www.bolanarede.pt
    Rodolfo Abreu é um rapaz de 23 anos licenciado em Comunicação, Cultura e Organizações na Universidade da Madeira.                                                                                                                                                 O Rodolfo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.