FC Paços de Ferreira 0-0 SC Braga: Nulo que penaliza o menos favorito

    A CRÓNICA: PACENSES MERECIAM MAIS

    Depois da pausa das seleções, um FC Paços de Ferreira x SC Braga a abrir a jornada cinco da Liga Portuguesa (o quinto contra o quarto classificados da temporada passada). Como se a priori a “fome de bola” já não fosse muita, um condimento extra para este jogo: um árbitro francês. Willy Delajod seria a cara de um intercâmbio de conselhos de arbitragens entre as Federações francesa e portuguesa. Uma moldura humana generosa (pesem os condicionalismos) recebeu os protagonistas.

    O Paços de Ferreira entrou muito acutilante: forte nos duelos e rápido a reagir à perda, em contraste com o SC Braga. O que se viu em campo nos primeiros minutos foi um choque de ideias: o SC Braga tentava um futebol mais rendilhado e pausado e os comandados de Jorge Simão não perdiam tempo e sempre em busca da baliza adversária. O problema, para os bracarenses, estava na passividade com que passes ou receções eram falhadas. O Paços só ganhava com isso e galvanizou-se. Luiz Carlos comandava os momentos de saída, Antunes encheu sempre a cabeça do estreante Yan Couto e, logo aos 5 minutos, depois de uma grande abertura do internacional português (e atual campeão nacional), Denilson ficou pertíssimo do golo.

    Esse lance, contudo, pareceu ter assustado os comandados de Carvalhal que começou a assentar o seu jogo… Por pouco tempo. Aos 17 minutos, depois de uma boa tabela com Fábio Martins, foi Chiquinho que, de ângulo apertado, obrigou André Ferreira a defesa atenta. Apesar de a bola fluir, por vezes, melhor nos pés dos bracarenses, o FC Paços de Ferreira continuou a assustar, como num livre direto fortíssimo de Antunes que Matheus parou com dificuldade ou como num desvio escandalosamente falhado por Denilson à boca da baliza aos 26 minutos.

    A primeira parte ia passando e Jorge Simão tinha motivos para estar muito mais satisfeito do que Carlos Carvalhal com o jogo, mas não com o resultado. Apesar do nulo, a partida esteve sempre entretida e, muitas vezes, foi bem jogada.

    Aos últimos quinze minutos da primeira parte baixaram de intensidade, porque as equipas perceberam que, até chegar o intervalo, talvez o 0-0 não fosse um resultado necessariamente mau. O nulo acompanhou o fim da primeira parte. Tratava-se de um resultado lisonjeiro para o SC Braga. Se alguém merecesse estar em vantagem seria o Paços, ainda que se percebesse que os bracarenses tinham mais qualidade e que podiam dar mais na segunda parte.

    Carlos Carvalhal não perdeu tempo e, regressados dos balneários, os bracarenses apresentaram duas caras novas no onze. Os recentemente contratados Yan Couto e Chiquinho deram lugar aos mais experimentados Fabiano e Galeno.

    A segunda parte não trouxe grandes novidades relativamente ao final da primeira. Estranhamente, o SC Braga não esboçou diferenças em relação ao primeiro tempo: continuava com um jogo indolente e previsível, pincelado com execuções técnicas bonitas, mas sem resultados práticos. O tempo ia passando, mais monótono e parado do que na primeira parte. Aos 60 minutos, Carvalhal já tinha feito mais uma dupla substituição: sinal de que não estava, de todo, satisfeito. Lucas Mineiro e Abel Ruiz entraram para os lugares dos apagados André Horta e Mario González. O jogo entrava na sua fase decisiva e parecia óbvio que o Paços prepara este jogo com toda a intenção de vencer, mas que o golo podia cair para qualquer lado. Cinco minutos depois de ter entrado, Lucas Mineiro pôs ordem no meio campo e assistiu Ricardo Horta para o que seria um golaço, mas a bola passou a rasar a barra.

    Depois das alterações de Jorge Simão, o jogo voltou a aquecer: Delgado e Tanque refrescaram o ataque e, no último terço, o Paços voltou a ficar mais intenso.

    Apesar de não haver oportunidades, com o passar dos minutos sentia-se que o Paços de Ferreira marcaria a qualquer momento. O SC Braga, mesmo depois das substituições, esteve irreconhecível porque, com o passar dos minutos, até aproximações à área pacense deixaram de existir.

    Apesar do Paços estar por cima no jogo, à entrada dos últimos cinco minutos, Jorge Simão mostrou que considerava o empate um bom resultado, abdicando de jogar com mais um avançado e reforçando o meio-campo com Matchoi (Fernando também saiu, mas por lesão).

    E embalo era, contudo, tão grande que os castores nunca desistiram e o SC Braga foi sempre impotente.

    O improvável e injusto podia ter mesmo acontecido quando, já nos descontos, Galeno culminou uma exibição muito pobre com uma oportunidade claríssima quando, sozinho em frente a André Ferreira, devia ter feito muito mais. O guardião pacense nem teve de se esticar para agarrar a bola.

    Até final, não houve muito mais a contar. Se antes do jogo, o empate pareceria melhor aos visitados, depois do jogo fica a sensação que a vitória nunca chegaria ao SC Braga.

     

    A FIGURA

    Antunes – Quem sabe não esquece. O defesa esquerdo esteve muitas vezes ligado ao jogo ofensivo da equipa, teve muitas boas decisões e foi venenoso nas bolas paradas. Merecia um golo.

     

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Galeno – Muito pouco se quiser voltar a ganhar a titularidade. Este não é o Galeno de outros tempos. Lançado ao intervalo para alterar o jogo, o brasileiro foi muito solicitado pela equipa, mas decidiu sempre mal. Mesmo no fim, falhou uma oportunidade evidente de golo.

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC PAÇOS DE FERREIRA

    Já poucas surpresas existem entre as equipas do campeonato. Jorge Simão foi fiel a si mesmo nesta partida: a única alteração em relação ao onze que tinha vencido em Portimão foi a troca de pontas-de-lança (saiu Douglas Tanque e entrou Denilson). A troca não foi feliz, porque Denilson foi muito perdulário, mas montada num 4-2-3-1, a equipa jogou muito bem e deu bons sinais para o futuro. Luiz Carlos e Eustáquio formam um belo duplo-pivot e os extremos Hélder Ferreira e Lucas Silva atacam bem a profundidade. O ponto fraco deste Paços talvez seja a falta de um matador… João Pedro não tem jogado perante a concorrência de Denilson e Tanque: talvez venha a ser uma opção.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    André Ferreira (6)

    Fernando (6)

    Flávio Ramos (6)

    Maracás (6)

    Antunes (7)

    Luiz Carlos (7)

    Eustáquio (6)

    Nuno Santos (6)

    Lucas Silva (6)

    Hélder Ferreira (6)

    Denilson (4)

    SUBS UTILIZADOS

    Delgado (5)

    Douglas Tanque (5)

    Matchoi (5)

    Jorge Silva (5)

     

    ANÁLISE TÁTICA – SC BRAGA

    Depois das seleções, muitas alterações no onze dos bracarenses que têm tido um início de época muito irregular. Yan Couto, Chiquinho e Diogo Leite, recém-contratados, saltaram para o onze e ainda houve uma troca de pontas-de-lança. Recentemente estreado na seleção espanhola, Abel Ruiz foi para o banco, dando lugar ao compatriota Mario Gonzalez. Os protagonistas mudaram, mas o sistema manteve-se (3-4-3), ainda que com novidades (a maior delas talvez fosse Fábio Martins a fazer lembrar Galeno, na posição de ala esquerdo). A espaços, conseguiu perceber-se que a ideia da equipa está lá, mas no geral este foi um jogo pouco conseguido pelos bracarenses. André Horta não esteve ao nível de outros jogos e, no último terço, a equipa ressentiu-se. O meio-campo não funcionou tão rápido como noutras alturas e as substituições, ainda que fizessem sentido, nada acrescentaram.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Matheus (5)

    Yan Couto (4)

    Tormena (6)

    Paulo Oliveira (5)

    Diogo Leite (6)

    Fábio Martins (5)

    Al Musrati (5)

    André Horta (4)

    Chiquinho (4)

    Ricardo Horta (6)

    Mario Gonzalez (4)

    SUBS UTILIZADOS

    Lucas Mineiro (5)

    Galeno (4)

    Abel Ruiz (4)

    Fabiano (4)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    SC Braga

    BnR: Fez duas substituições ao intervalo, mas não conseguiu mudar o resultado. Estava à espera de uma resposta diferente de alguns jogadores?

    Carlos Carvalhal: Nós fazemos as substituições sempre com o intuito de melhorar a equipa. Passámos o Fábio para a direita e pusemos o Galeno a fazer todo o flanco esquerdo. O Yuri também estava sem ritmo e decidimos meter o Fabiano. Esperávamos marcar golos, fundamentalmente. Ninguém vem a Paços fazer um ataque avassalador e conseguir criar imensas oportunidades.

    FC Paços de Ferreira

    BnR: Tem alternado muito os pontas-de-lança. O que é que o Denilson, o Douglas Tanque e mesmo o João Pedro podem dar de diferente à equipa?

    Jorge Simão: Estamos a falar de pontas-de-lança diferentes. Começo pelo João Pedro: gosto muito dele, sou um admirador das suas qualidades e até estou a trabalhar com ele funções diferentes do que ele tem vindo a desempenhar na sua carreira. Acho que, tendo o Denilson e o Tanque para essa posição, não quero deixar cair o João. O Denilson é um jogador diferente do Tanque. O Denilson fez, hoje, uma exibição boa: está nas situações de golo e isso, conquistá-las, é mérito. Não finalizou, mas isso é futebol. O Tanque é um ponta-de-lança mais posicional, mais forte a segurar a bola e com um pé esquerdo que é uma bênção.

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    José Alberto Machado
    José Alberto Machadohttp://mariooliveira
    Apaixonado por jornalismo, por futebol e cheio de vontade desta fusão a sua vida. Licenciado em Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia, não passa um dia sem folhear jornais. Passou ao lado de uma péssima carreira de jogador de futebol, mas está à procura do seu espaço no jornalismo desportivo português. De caneta ou teclado em punho, tem dois objetivos quando escreve um artigo: que ninguém perceba qual o clube do seu coração e que, mesmo quem não goste de futebol, goste de ler o artigo..                                                                                                                                                 O José escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.