Académica OAF 1-2 GD Chaves: Duas chaves abriram a porta da residência estudantil

    A CRÓNICA: DA CABEÇA AO CALCANHAR VÃO TRÊS PONTOS DE DISTÂNCIA

    O GD Chaves viajou até Coimbra e levou de vencida a Académica/OAF por 2-1. Os flavienses ganham assim novo alento no campeonato, enquanto os estudantes reforçam a última posição da tabela. Pedro Duarte, ao terceiro jogo pela Briosa, conhece o resultado que lhe faltava conhecer – a derrota.

    Os primeiros vinte minutos da partida foram regidos pelo equilíbrio, com aproximações tímidas a cada uma das balizas do Cidade de Coimbra. Mas nada de golos – dado importante, uma vez que chegava assim aos 200 minutos o período sem intermitências em que a Briosa mantinha a sua baliza inviolada. Ficou por aí.

    Aos 21´, eis que surge o golo inaugural da partida, pelo pé – mais concretamente pelo calcanhar – de Platiny. O apelido do brasileiro é uma modificação inusitada do apelido do francês que marcou o futebol dos anos 80 do passado século, mas o golo não foi uma modificação da classe do tri-Bola de Ouro – foi daqueles plenos dela.

    Um cruzamento de João Teixeira foi intercetado por Ricardo Dias… ou assim parecia. Para mal da Académica, o médio-defensivo tornado central falhou a ação defensiva e deixou o “99” do GD Chaves isolado perante Mika. Cara a… costas. Precisava de uma finalização improvisada e foi isso mesmo que conseguiu – de calcanhar, atirou a bola por cima do corpo em mancha do guardião da casa e deu a vantagem à sua equipa.

    Acreditam os cristãos que Deus fez o Mundo em seis dias. Acreditaram os estudantes que faziam o empate em seis minutos. Pois bem, aos 26 minutos… voilá: golo da Briosa. Traquina conduziu pela esquerda, encarou o defensor direto e, quando se perspetiva que fizesse uma das suas “traquinices”, puxou do cruzamento para a cabeça de Fatai.

    O “11” dos estudantes só conseguiu pentear para trás, mas foi o melhor que fez em todo o fim-de-semana: a bola chegou a João Pedro, o lateral-direito rematou e, quis a fortuna, o esférico embateu no corpo em movimento de Jonathan Toro e seguiu para as redes de Paulo Vítor, que, por efeito do resvalar da bola no “10” academista, não foi tido nem achado.

    O GD Chaves começava a sentir o sufoco da capa negra, cujo tecido parecia constranger os movimentos dos transmontanos, quando ressoou pelo Calhabé o apito indicativo do fim da primeira parte.

    O calor do final do primeiro tempo dissipou-se ao intervalo e o segundo tempo foi jogado de uma forma muito mais morna. As oportunidades claras de jogo não apareciam e o público presente no Cidade de Coimbra começava a aterrar numa dormência induzida pelo jogo. Quem não aterrou foi Alexsandro.

    Aliás, levantou voo aos 75 minutos para, de cabeça, devolver ao GD Chaves uma liderança que os flavienses haviam perdido 50 minutos antes. Canto batido pela direita do ataque forasteiro e o “4” a impor-se nas alturas no coração da área academista. Ficam dúvidas sobre o assinalar do canto – quando Costinha toca a bola na direção da linha de fundo, esta aparentava ter já saído pela linha lateral, o que daria um lançamento lateral aos flavienses ao invés do pontapé de esquina assinalado.

    Até final, a Académica colocou o coração ao vento, mas a razão escasseou e o resultado final cifrou-se mesmo no 2-1 favorável ao GD Chaves.

     

    A FIGURA

    Alexsandro – Além do golo que apontou – num lance em que mostrou ser imperial no jogo aéreo -, esteve também muito assertivo e compenetrado nas suas ações defensivas. Começou ao lado do seu capitão Luís Rocha e acabou ao lado de Ricardo Guima, mas foi sempre um esteio incontornável de um GD Chaves que sai de Coimbra com três pontos muito graças à prestação e ao golo do seu número “4”.

     

    O FORA DE JOGO

    Ricardo Dias – O médio-defensivo continua a desempenhar funções de central, mas no jogo de hoje não se revelou suficientemente eficiente nas suas ações individuais. Tem claras culpas no cartório no golo inaugural da partida e tem pequenas mas importantes – e apenas por sorte não-letais – distrações na partida de hoje que fazem dele o elo mais fraco deste Académica/OAF vs GD Chaves.

     

    ANÁLISE TÁTICA – ACADÉMICA/OAF

    A turma academista dispôs-se em campo num 4-2-3-1 que permitia encaixar taticamente no adversário e explorar a capacidade dos seus médios. O duplo pivô composto por João Lucas e Reko aportava à Briosa equilíbrio sem bola e capacidade para a guardar e circular quando na sua posse.

    À sua frente no terreno e incumbido de tarefas mais ofensivas estava Jonathan Toro, que podia fazer uso da sua proeminência ofensiva para expor a sua reconhecida técnica e a sua tomada de decisão no último terço (francamente acima da média para a atual realidade da Académica/OAF). A segurança dos dois centrocampistas que tinha a guardar as suas costas assim o permitiam.

    Quando o miolo é sólido também a côdea beneficia. Traquina – pela esquerda – e Fatai – pela direita – podiam soltar as rédeas da inebriante técnica que lhes assiste, pelas alas. Todavia, notava-se no jogo dos alas estudantis uma ordem clara de Pedro Duarte para procurarem pisar espaços interiores.

    Sozinho na frente na teoria, mas com a companhia dos alas na prática, João Carlos era homem-alvo umas vezes e avançado móvel outras. O seu trabalho na pressão sobre a primeira fase de construção flaviense era fundamental para a materialização do plano defensivo da sua equipa.

    Equipa essa que, ofensivamente, vivia muito das incursões laterais de Traquina, possibilitadas em grande medida pelos posicionamentos e pelas movimentações em espaços interiores de João Carlos e Jonathan Toro. Nos 10 minutos finais e numa busca desenfreada pelo empate a duas bolas, os estudantes passaram a jogar num 4-4-2 que por vezes se transmutava num 4-2-4.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Mika (5)

    João Pedro (5)

    Michael Douglas (5)

    Ricardo Dias (4)

    David Sualehe (5)

    João Lucas (6)

    Reko (6)

    Toro (7)

    Traquina (6)

    Fatai (6)

    João Carlos (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Costinha (4)

    Fábio Fortes (5)

    Mimito (5)

    Hugo Seco (4)

    Mauro Caballero (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – GD CHAVES

    Os flavienses colocaram-se no retângulo de jogo num 4-2-3-1 bastante semelhante ao da Briosa. Higor Platiny era o elemento mais avançado e era, quiçá, o elemento de maior trabalho sem bola dos forasteiros. Nas suas costas, mas muito fluido, João Teixeira açambarcava para si a função de criativo da equipa transmontana.

    O duplo pivô defensivo no meio-campo do Chaves visava proporcionar à mesma equilíbrio tático e capacidade de recuperação, fazendo uso da experiência de Nuno Coelho e do poderio físico de Obiora, para além do bom posicionamento que estes dois elementos demonstram dentro das quatro linhas.

    Apesar de terem em Platiny um bom homem-alvo, os jogadores do Chaves procuravam circular a bola quando possível e não entrar em tentativas desesperadas e pouco objetivos de servir em jogo direto o avançado de 31 anos. Wellington, pela esquerda, e Adriano Castanheira, pela direita, eram procurados com frequência para deslocar o centro de jogo do altamente povoado terreno interior.

    Contudo, nenhum dos dois jogadores do Chaves foi tão acutilante nas suas incursões pela ala como foi, por exemplo, João Traquina do lado contrário da contenda.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Paulo Vítor (6)

    Nuno Campos (6)

    Alexsandro (7)

    Luís Rocha (6)

    Bruno Langa (5)

    Obiora (6)

    Nuno Coelho (6)

    Adriano Castanheira (5)

    João Teixeira (7)

    Wellington (6)

    Platiny (7)

    SUBS UTILIZADOS

    João Batxi (5)

    Patrick Fernandes (5)

    Ricardo Guima (-)

    Paulinho (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    ACADÉMICA/OAF

    Bola na Rede: Nos dois primeiros jogos ao serviço da Académica, havia repetido o onze. Hoje, deixou Mimito no banco e apostou em João Lucas para fazer duplo pivô com Reko. Trata-se apenas de gestão dos jogadores ou houve algo na estratégia que perspetiva ser a adotada pelo GD Chaves que o levou a escolher João Lucas em detrimento de Mimito?

    Pedro Duarte: Tem a ver com o jogo que projetamos em cada semana. E a entrada do João Lucas era para podermos ter mais bola, para termos uma qualidade de passe que nos permitisse ligar entre setores e que nos pudesse ajudar nesse momento. O Mimito, embora também seja um atleta de passe, é um atleta que transporta jogo e pode ser importante no momento de chegada ao último terço. São estratégias, uma questão de perceber quais são os jogadores que melhor se adaptam ao jogo em questão.

     

    GD CHAVES

    Bola na Rede: O GD Chaves chegou à vantagem através de um canto. Este foi o oitavo golo de bola parada da sua equipa, apenas o CD Nacional, com nove, tem mais golos desta forma. A bola parada é uma preocupação sua nos treinos ou não há uma relação assim tão grande da equipa com os lances de bola parada?

    Vítor Campelos: É um dos momentos do jogo a que damos bastante relevância. Também sabíamos que a Académica nestes últimos dois jogos havia sido uma equipa que tinha bolas paradas bem trabalhadas, mas também trabalhamos durante a semana várias combinações de bolas paradas. Se bem que hoje as nossas bolas paradas foram quase todas diretas, porque sabíamos que a que a equipa da Académica não era uma equipa muito alta e podíamos explorar isso.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.