Académica OAF 2-2 CF Estrela da Amadora: Do céu ao inferno para ficar a meio caminho

    A CRÓNICA: CF ESTRELA DA AMADORA NÃO ENTRA NA CADÊNCIA, ACADÉMICA OAF AINDA COM VIDA NEGRA

    Em jogo em atraso da quarta jornada da Segunda Liga, Académica OAF e CF Estrela da Amadora empataram 2-2. Adiada inicialmente devido a um surto de covid-19 na equipa da Amadora, ambas as equipas testaram um pouco de todos os sentimentos que uma partida de futebol pode proporcionar.

    A Académica partia para o encontro no último lugar na classificação. Apenas com um ponto na Segunda Liga, os estudantes precisavam de um triunfo como quem precisa de ar para viver.

    Por menos, Rui Santos, vítima dos resultados, quase sempre impiedosos, deixou o comando técnico do Estrela com o registo de uma vitória, um empate e duas derrotas no campeonato. Para dar um novo rumo ao Estrela, chegou Ricardo Chéu.

    Cedo os homens mais adiantados da Académica, Jonathan Toro e João Carlos, se mostraram atentos ao que se poderia passar nas costas da defesa do Estrela. Os braços que várias vezes os dois jogadores levantaram para pedir a bola nesse espaço dizia muito do que eram as intenções da Briosa.

    Fábio Vianna responsabilizou-se por responder à solicitação de João Carlos. O avançado da Académica ganhou a profundidade e foi derrubado por Vítor São Bento dentro da área. A passo, Toro deu a tranquilidade da vantagem à equipa de Coimbra.

    A Académica não dominava territorialmente, mas dominava no que às situações de perigo dizia respeito. Além do golo, João Carlos, por duas vezes, e Fatai protagonizaram os maiores sinais de perigo do primeiro tempo.

    Com mais bola, não houve luz que iluminasse o caminho da baliza para o Estrela.

    O Estádio Cidade de Coimbra, pela primeira vez com público desde março de 2020, viu os tricolores serem perigosos logo no início da segunda parte. Num remate geometricamente preparado, Tipote, de um ângulo agudo, quase raso, testou o instinto da mão esquerda e Mika.

    Ricardo Chéu dotou a equipa de uma referência ofensiva com a entrada de Paulinho, baixando Diogo Pinto para o miolo. Três minutos depois de ter entrado, o ponta de lança aproveitou um canto para desviar ao primeiro poste e fazer o empate.

    O jogo animou e Guilherme aproveitou o mote para sambar na cara de Tipote e cruzar para João Carlos. Tal como os festejos carnavalescos, também João Carlos estava adiantado, pelo que o golo não valeu.

    A tempo e horas, chegou Diogo Pinto para dar a vantagem ao Estrela. Estava assim confirmado o sucesso da alteração do treinador estrelista.

    Com o cronómetro a passar dos 90 minutos, o jovem Costinha executou um remate disfarçado de cruzamento que estabeleceu nova igualdade. A Académica ainda teria um canto para tentar vencer, mas em vão.

    Mais um ponto somado deixa, ainda assim, a Briosa em zona de descida e longe das vitórias. O Estrela, tal como o seu técnico assumiu na antevisão, somou um valioso ponto fora de casa.

     

    A FIGURA

    Diogo Pinto – Apesar de ter estado mais apagado no primeiro tempo (muito por culpa da estratégia da Académica na organização defensiva), Diogo Pinto apareceu mais na segunda parte, soltou-se em campo com as mexidas promovidas por Ricardo Chéu e acabou por desequilibrar o adversário com maior regularidade. Marcou o golo da reviravolta ao minuto 74, mas não foi suficiente para somar os três pontos.

    O FORA DE JOGO

    Mamadu Candé – Não foi uma exibição propriamente feliz do lateral do Estrela da Amadora. Mamadu Candé acumulou várias perdas de bolas e ainda algumas abordagens defensivas menos positivas, de tal modo que foi para o intervalo já com a admoestação de um amarelo. Ofensivamente, não conseguiu dar produtividade nas vezes a que foi chamado para tal no seu corredor. Não foi de admirar a sua substituição no regresso dos balneários.

     

    ANÁLISE TÁTICA – ACADÉMICA OAF

    Rui Borges procedeu a três mudanças na equipa inicial em relação ao que tinha apresentado em Santa Maria da Feira na jornada anterior: Jonathan Toro rendeu Michel Lima no meio-campo, enquanto que na defesa Lorenzo Soares e Guilherme entraram para os lugares dos lesionados Zé Castro e João Pedro.

    Alinhados em 4-3-3, a estratégia dos estudantes passava essencialmente por explorar as lacunas defensivas do Estrela, principalmente por via das inúmeras bolas em profundidade para todos os corredores. A acrescentar a isso, a Académica atraía os oponentes na construção e rapidamente rodava o flanco, criando mais desequilíbrio às linhas adversárias. A defender, a Académica organizou-se em 4-4-2 e, além dos timings para pressionar, soube como fechar os caminhos para a baliza de Mika, procurando sempre contra-ataques vertiginosos.

    No segundo tempo, Traquina desceu no terreno para dar mais consistência ao setor defensivo com uma linha de cinco, mas o Estrela viria a chegar ao empate e os alarmes rapidamente soaram junto do conjunto conimbricense, que não tardou em desorganizar-se e a sofrer novo golo. Rui Borges mexeu na equipa e a Académica, com muita crença, ainda foi a tempo de conquistar um ponto.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Mika (5)

    Fábio Vianna (6)

    Michael Douglas (5)

    Lorenzo Soares (5)

    Guilherme (6)

    Ricardo Dias (6)

    Mimito (6)

    Jonathan Toro (6)

    Fatai (5)

    Traquina (6)

    João Carlos (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Reko (5)

    Dani (6)

    Michel Lima (-)

    Costinha (-)

      

    ANÁLISE TÁTICA – CF ESTRELA DA AMADORA

    Na sua estreia, Ricardo Chéu optou por promover quatro alterações em relação ao último “onze” apresentado pelo ex-técnico Rui Santos: no setor defensivo, Mamadu Candé rendeu Edu Duarte na ala esquerda e Anthoy Correia rendeu Mamadou Traoré no eixo da defesa; já no ataque, Miguel Rosa e Tipote passaram a ocupar as vagas deixadas por Paulinho e Xavi.

    A jogar em 4-3-3, os estrelistas privilegiaram a construção com os laterais subidos no terreno no apoio aos extremos, mas esbarraram muitas vezes na solidez defensiva academista, criando pouco movimentos de desequilíbrio junto às linhas. Com o intuito de “esticar o jogo”, Aloísio desceu um pouco no terreno para a saída a três, entre os centrais, porém, as perdas de bola repentinas foram dificultando a reorganização coletiva nas transições defensivas.

    No segundo tempo, o conjunto da Amadora desmontou a “teia” adversária e passou a criar mais perigo junto da baliza de Mika, nomeadamente em virtude das substituições feitas por Ricardo Chéu (as entradas de Edu Duarte e Paulinho foram cruciais, ao ponto de terem construído o lance do 1-1). O Estrela tentou fechar os caminhos da baliza após a reviravolta, mas a estratégia não revelou ser suficiente para evitar o empate no final.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Vítor São Bento (5)

    Mamadu Candé (4)

    Matheus Dantas (6)

    Anthony Correia (5)

    Sérgio Conceição (6)

    Aloísio (6)

    Chapi (5)

    Diogo Pinto (7)

    Tipote (6)

    Miguel Rosa (6)

    Salomão (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Edu Duarte (6)

    Paulinho (7)

    Xavi (-)

    Mamadou Traoré (-)

     

    BNR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    ACADÉMICA OAF

    BnR: O facto de o Estrela chegar a este jogo a conhecer um pouco mais da Académica do que a Académica do Estrela tem algum peso neste resultado ou teve algum peso no planeamento da estratégia a implementar?

    Rui Borges: Não teve peso no resultado, mas condicionou-nos bastantes. Entrou um treinador há dois dias, um treinador que não estava no ativo. Não percebemos, do passado do treinador, o que é que ele podia implementar no Estrela. Estávamos às escuras em termos estratégicos. Apesar de termos uma leitura com o passar do jogo, é difícil passar para dentro, pois são comportamentos que exigem repetição. Não me vou desculpar com isso.

    CF ESTRELA DA AMADORA

    BnR: Numa fase inicial da partida, o Estrela teve alguma dificuldade em controlar a profundidades. A que é que isso se deveu? Alguns dos erros da equipa também se podem justificar com o pouco tempo de trabalho que tem com a equipa?

    Ricardo Chéu: Claramente isso. Estamos a mudar uma ideia de jogo já criada e falta melhorar essa parte. Temos de criar uma condição física para aquilo que queremos e com três treinos é um pouco complicado. Do outro lado temos uma ideia daquilo são as dinâmicas do adversário, mas eles têm o lado estratégico deles. Gosto de ter bola, pressionar alto, criar boas dinâmicas. Não é algo de novo aquilo que se passou hoje, é o futebol à imagem do que quero e penso que só assim conseguiremos valorizar os jogadores.

     

    Rescaldo com opinião de Miguel Simões e Francisco Martins.

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