FC Penafiel 1-2 Académica OAF: “Briosa” diz presente na luta pela subida

    A CRÓNICA: JOÃO MÁRIO GARANTE REGRESSO DA ACADÉMICA OAF AOS TRIUNFOS

    O Estádio Municipal 25 de Abril serviu de palco para o primeiro desafio do dia a contar para o segundo escalão do futebol nacional. Frente a frente, FC Penafiel e Académica OAF, oitavo e terceiro classificados, respetivamente. Do lado caseiro, a turma de Pedro Ribeiro procurava somar mais três pontos, depois de vencer a UD Oliveirense durante a semana. Já a Académica, depois de duas derrotas consecutivas, necessitava de voltar aos triunfos para se manter viva na luta pela subida.

    A equipa Penafidelense entrou melhor na partida, tomando o controlo da situação e aproximando-se da baliza de Mika, ainda que de maneira muito tímida. A formação forasteira, por outro lado, entrou algo nervosa. O passado recente de resultados negativos prometia causar insegurança e nervosismo, mas a resposta não poderia ter sido mais sólida e taticamente planeada.

    O controlo da partida por parte do Penafiel esbarrou numa estável defensiva da “Briosa”, que, conjugando a evidenciada qualidade na organização no momento sem bola, soube explorar a velocidade de João Mário, tremendamente decisivo no curso do jogo, ao apontar os dois únicos golos da partida.

    Os pupilos de Rui Borges revelaram uma maturidade e frieza impecáveis, não só na ação de impedir o Penafiel de usar de forma objetiva os terrenos avançados dados deliberadamente pela Briosa, mas sobretudo na maneira como exploraram a profundidade após a recuperação de bola, emancipada pela velocidade dos homens da frente e pela disposição da linha defensiva dos de Penafiel, muitas vezes avançada no terreno e demasiadas vezes apanhada desprevenida.

    A vantagem dos “estudantes” surgiu exatamente através destes moldes. Numa correria alucinante, João Mário galgou metros atrás de metros para bater Emanuel Novo. Com a vantagem no marcador, a estratégia montada pelos visitantes passou a fazer ainda mais sentido, criando praticamente todas as chances de que dispôs a partir do seu próprio meio campo e da velocidade de Sanca e João Mário, servidos por Traquina, Dias ou Mimito.

    E foi a partir daquilo que foi a primeira parte que começou a segunda. Ambas as equipas permaneceram no jogo com a mesma mentalidade, se bem que o segundo golo de João Mário – aos 53 minutos de jogo -, à boca da baliza e depois de um excelente cruzamento do capitão Traquina, forçou mexidas de parte a parte, e com isso o jogo sofreu diversas mutações.

    A entrada de Ronaldo Tavares dinamizou o jogo penafidelense. Antes disso, foram diversas as ocasiões para a Académica acabar com o assunto em diversos lances de ataque rápido, mas devido à enorme ingenuidade dos elementos de ataque da “Briosa”, nenhuma situação criou real perigo.

    Quem não marca, sofre. E assim aconteceu. Depois de várias aproximações com perigo, o Penafiel, em crescendo, chegou ao golo por Ronaldo Tavares, que assinou o seu primeiro tento de 2021 e teve um papel de destaque e irreverência caseira, depois de causar vários problemas à turma da região centro.

    O apito final de Artur Soares Dias acabou com o “sofrimento” da Académica, que arrancou três pontos depois de uma exibição cautelosa e muito bem preparada. A “Briosa” soma agora 45 pontos, reforçando a terceira posição e fica agora à espera do desafio entre os dois da frente: Estoril e Feirense. A equipa de Pedro Ribeiro viu-se prejudicada por inúmeros momentos de desequilíbrio e só se pode queixar de si própria, falhando assim o assalto ao sétimo lugar da classificação – ainda com dois jogos em atraso.

     

    A FIGURA

    João Mário – Dois golos fundamentais. Não só pelo momento da equipa, mas também pela importância que teve no jogo em si. A batalhar contra uma linha de três, o atleta de 27 anos trouxe a vitória para a “Briosa” depois de um sprint diabólico, que culminou numa finalização descomplicada. No segundo golo, estava no sítio certo à hora certa e esta é a exata função de um bom avançado. Nota para a qualidade no ataque às costas da defensiva do Penafiel, bem como a segurar e a tocar curto para os colegas.

     

    O FORA DE JOGO

    Controlo da profundidade por parte do FC Penafiel – Como Pedro Ribeiro disse em conferência de imprensa, o Penafiel estava preparado para as incursões da Académica em ataque rápido. A verdade é que isso não evitou um turbilhão de problemas. Noutras fases do jogo, a equipa esteve por cima, mas quando a bola era esticada na frente por parte da “Briosa”, as limitações em termos de velocidade e posicionamento, quer na linha demasiado subida para três centrais não muito rápidos, quer na falta de compensações, poderia ter custado ainda mais caro. Num Universo perpendicular, onde o Penafiel tivesse sido mais competente neste aspeto, talvez o resultado fosse outro.

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC PENAFIEL

    Numa constante variação dependendo do momento ofensivo ou defensivo, a formação penafidelense apresentou-se num sistema que contemplava uma defesa a cinco. Como seria de esperar, outra das nuances táticas de relevo passaram pela pedra basilar da equipa: Bruno César. O brasileiro ex-Sporting CP, à imagem do que se vem sucedendo neste Penafiel de Pedro Ribeiro, ficou encarregue das principais despesas, responsabilidades e timings de ataque dos anfitriões. A par de Rui Pedro, mas a um nível bem mais vincado, mostrou-se interventivo na manobra ofensiva da sua equipa, principalmente com ações de grande qualidade no ato de explorar as costas dos “estudantes”, nomeadamente, com as incursões de Simão e Gustavo Henrique nas laterais – também Wagner e Robinho, momentaneamente.

    Em desvantagem, a equipa continuou a pecar no momento de transição defensiva (origem do primeiro golo). Apoios mal colocados, descompensações, inúmeros desequilíbrios que aqui e ali foram ajustados por Pedro Ribeiro e por um Ronaldo Tavares endiabrado (autor do golo de honra), mas que podiam facilmente deixar o Penafiel fora da luta pelos pontos precocemente.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Emanuel Novo (4)

    Gustavo Henrique (4)

    Ricardo Machado (4)

    Paulo Henrique (4)

    Simão (5)

    João Amorim (4)

    Capela (4)

    Bruno César (6)

    Wagner (4)

    Robinho (4)

    Rui Pedro (5)

    SUBS UTILIZADOS

    D.Caiado (4)

    R.Tavares (6)

    Junior Franco (4)

    Prazeres (-)

    Pedro Soares (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – ACADÉMICA OAF

    A “Briosa”, organizada em 4-3-3, totalizou cerca de 37% da posse de bola. A situação, pouco usual, teve muito a ver com a estratégia montada por Rui Borges, mas também pelo decurso de acontecimentos. A tal questão da profundidade, potenciada pela velocidade de João Mário e a rapidez de pensamento e execução de jogadores como Traquina ou Sanca, foi preponderante para a vantagem adquirida pela Académica e demasiado sedutora para encarar a partida de outra forma.

    Destaque para uma formação que primou pela organização e estabilidade, não permitindo ao Penafiel ameaçar perigosamente as redes de Mika na maior parte do tempo de jogo. Um quarteto defensivo sólido, uma coordenação defensiva exímia até ao golo sofrido e ainda, de destacar, as manobras para explorar as costas do meio-campo composto por Bruno César e João Amorim: principalmente Traquina a aparecer em zonas interiores para protagonizar o último passe e criar situações de desequilíbrio.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Mika (5)

    Fabiano (5)

    Silvério (5)

    Rafael Vieira (5)

    Bruno Teles (5)

    Ricardo Dias (6)

    Mimito Biai (6)

    Fabinho (5)

    Leandro Sanca (6)

    João Traquina (6)

    João Mário (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Mayembela (5)

    Diogo Pereira (4)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    FC Penafiel

    BnR: Pergunto-lhe se o Penafiel estava preparado para encontrar uma Académica retraída e a explorar o ataque rápido. O que é que tentou fazer para tentar contrariar essa situação?

    Pedro Ribeiro: Viu o jogo da primeira volta? Foi igual a este. Aos 20 segundos temos uma oportunidade de golo. O jogo estava equilibrado e num contra-ataque sofremos um golo. Estávamos preparados. Isto depois é um jogo de mérito e demérito. Se formos negativistas e agarrarmo-nos ao demérito de uma equipa, não nos podemos esquecer que do lado contrário está um treinador e um conjunto de jogadores, com uma determinada estratégia e com qualidade. A Académica está em terceiro e não é por acaso. É uma boa equipa e que tem feito um bom campeonato. O jogo foi aquilo que toda a gente viu, num pequeno pormenor, num lance em que devíamos ter sido mais agressivos de forma a parar aquela transição, não conseguimos e é muito penalizador depois para a equipa voltar, se bem que a equipa tentou de tudo e a bola entrou apenas uma vez.

     

    Académica OAF

    BnR: Bruno César, como é sabido, é um jogador preponderante na manobra ofensiva do Penafiel. Pergunto-lhe se se preparou de alguma forma para o condicionar e, se de facto pensou nisso, o que tentou fazer?

    Rui Borges: Não, não olhámos no plano individual. Olhámos para o coletivo e depois num ou noutro pormenor naquilo que é a qualidade de cada um nas suas posições. Preparamos os duelos individuais, não nos preparamos para um jogador só, mas sabíamos que o Penafiel é uma equipa com muita qualidade, com muitas soluções e que joga bem e gosta de ter bola. Acima de tudo, a Académica preocupa-se com o que podemos ou não fazer nos jogos, mais do que identificar individualidades. É mais o coletivo e as dinâmicas coletivas.

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    Ricardo Rebelo
    Ricardo Rebelohttp://www.bolanarede.pt
    O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.