A energia era quase palpável; transbordava da bancada para o relvado como um fluxo de raça, de ambição e de querer. Sentia-se a simbiose entre os jogadores e as bancadas; a Curva Sul como nos velhos tempos, como me habituei a ver no antigo Alvalade, à chuva e a comer uma queijada.
Os ricos londrinos podiam estar a ganhar em campo, podiam ter todas as estrelas da galáxia e todo o dinheiro do mundo, mas não têm esta História, este Amor e este Crer. Foram 90 minutos de uma goleada vocal em que três mil ingleses perceberam a verdadeira força do Sporting Clube de Portugal.
O dia 30 de Setembro vai ser eterno, assim como foram os jogos com Manchester City e Bilbau em 2012, ou até como os 5-3 aos rivais da Segunda Circular. Eterno porque podemos ter perdido em campo, mas cada um dos 40.734 espectadores se vai lembrar dele, daqueles 90 minutos, do regresso do Sporting ao lugar que merece entre os melhores da Europa, mas também o regresso dos Sportinguistas ao topo dos melhores públicos da Europa.
Desde miúdo que tenho um sonho: ver um jogo na Bombonera com uma camisola do D10S Maradona vestida e sentir o que é estar na melhor bancada do Mundo… E na terça-feira passada dei por mim a pensar nesse momento vivido aqui, neste pequeno paraíso terreno, na minha mini (mas tão grande) Bombonera. Não ouvi um único acorde da música da Champions; não ouvi porque tinha um mar de gente à minha volta a cantar que, tal como para mim, o Sporting era o seu (nosso) Grande Amor de uma forma ensurdecedora; começou o jogo e tudo continuou igual, minuto a minuto, até depois do último apito do árbitro.

Fonte: zerozero.pt
Gosto imenso de ver as camisolas e cachecóis do meu clube espalhadas pelo mundo, desde o Taj Mahal até ao Corcovado – é algo que mostra a grandeza que temos. Mas nada é tão bonito como milhares de cachecóis estendidos na Curva Sul; milhares de vozes a fazerem uma única “serenata” ao nosso clube, à nossa paixão, ao nosso Sporting.
Pedir algo igual ao que se passou frente ao Chelsea em todos os jogos do campeonato é impossível, porque inconscientemente o adversário conta, o próprio jogo em si também; mas acredito que quanto maior for a nossa vontade de cantar e a demonstração de força, maior será a ambição dos jogadores, maior será a sua entrega e menor será a dificuldade com que conseguiremos as vitórias.
Este ano muito dificilmente será o ano do título: houve muitas mudanças na base e existem problemas “centrais” que dificultam a nossa tarefa. Mas mais do que títulos, mais do que ganhar campeonatos invictos ou passar à próxima fase da Champions, é com orgulho que vejo que algo está a voltar ao passado, aos tempos em que um jogo em Alvalade era algo único em Portugal, um festival dentro de um jogo de futebol; em que pais levam os filhos aos jogos, vestidos com a camisola do Nani, e cantam bem alto o nome do clube, e se nota que voltámos a ter orgulho no que somos e naquilo em que acreditamos. E eu acredito num Sporting vencedor.