Não conheci diretamente este jovem maiato que atua agora no Sporting Clube de Portugal e sobre o qual muitos no Mundo do Futebol parecem estar já rendidos. Não somos da mesma geração, talvez essa tenha sido uma das razões, pois frequentamos os mesmos espaços da Cidade. Mas há quem no seio das minhas relações pessoais o conheça, quem andasse com ele na Escola, quem o conhecesse nos intervalos em que jogava futebol no recreio. Quando lhes peço que me falem do Bruno Fernandes, sim, daquele que remata sem dizer nada a ninguém, do Leão atrevido que brilhou em Guimarães e na Roménia, dizem que ele era daqueles miúdos que ia para a Escola com a ideia fixa de jogar Futebol, que o Futebol nunca lhe saía da cabeça, a vontade de fintar, de chutar, de driblar, de correr. A tão mítica e mística inclinação precoce para o esférico (tomem nota desta expressão), típica dos astros do futebol, dos mágicos, dos enormes jogadores, daqueles bafejados pelo talento.
Mas à questão sobre quem é Bruno Fernandes deve residir uma outra: Qual a razão da sistemática cegueira dos grandes clubes portugueses face a tamanha qualidade? E neste aspeto, há que dizê-lo em abono da verdade, o Sporting tem sido dos clubes que mais valor e destaque dá à sua formação. Mas ainda existem, infelizmente, no Futebol Português, preconceitos e reservas sobre os atletas formados em Portugal. O número de jogadores que fizeram uma grande carreira e que não representaram qualquer plantel sénior de clubes portugueses dava, por si só, um tema para um artigo, quem sabe um livro. Esta incapacidade de se “olhar para dentro”, para os nossos valores, para os nossos atletas da formação portuguesa, é algo que leva a que se procure fora aquilo que, por vezes, cá dentro, há que sobre. E é então que se espera que os jogadores “rodem” noutros emblemas no estrangeiro, aumentem o seu valor de mercado para depois se gastar rios de dinheiro na sua contratação, engordando todos um bocadinho com isso. Isto não é Futebol, é outra coisa, meus caros. Ou, quanto muito, é o futebol mercado no seu melhor, o futebol onde já não há símbolos nem emblemas, o Futebol dos cifrões, dos milhões.
O Sporting viu esta pérola a brilhar em Itália e foi buscá-la. Custou-lhe 8.5 milhões de euros. Mas quantas pérolas portuguesas não brilharão por essa Europa e Mundo fora, alheios e avessos aos interesses dos clubes portugueses? Quantos Brunos Fernandes não existirão por aí a marcar golos de encher o olho como aqueles que marcou em Guimarães e com a exibição de gala que o jovem maiato fez em Bucareste?
Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal