Alguém se lembra de quando se jogava futebol?

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    Pegando em mais uma notícia recente para explicar o meu ponto de vista, Carlos Barbosa, antigo vice-presidente da direcção Godinho Lopes (começa bem a introdução) e presidente da ACP, teve direito ao seu exclusivo e deu o seu parecer da relação entre Bruno de Carvalho e Jorge Jesus. Deve ter sido mais ou menos assim. “Esta é a Voz! Carlos Barbosa, dirija-se ao confessionário”. Citando-o, segundo A Bola, “Jorge Jesus não morre de amores por Bruno Carvalho, vê-se no fim dos jogos que não passa cartão a Bruno de Carvalho. Cumprimenta-o, com certeza, porque é bem educado, mas penso que não há empatia entre treinador e presidente…” diz Carlos Barbosa em declarações à Renascença. Bem, não duvido nem ponho em causa as várias competências que Carlos Barbosa possa ter, terá certamente até um currículo vasto, mas será a linguagem não verbal uma dessas competências? O que é que torna Carlos Barbosa numa pessoa qualificada para avaliar publicamente a relação entre o treinador e o presidente do Sporting. Não creio que tenha muitas competências técnicas para o fazer, até porque “não lhe passa cartão” não me parece o tipo de argumento fiável que conste num relatório de avaliação de relações interpessoais.

    Ainda assim hesito em colocar toda a culpa em Carlos Barbosa. Apesar de ter sido ele a proferir estas palavras sem qualquer fundamento e completamente irrelevantes, acredito também que tenha sido induzido por uma pergunta que o levou a isso. Não ouvi a entrevista, nem consigo encontrar razões que me motivassem a ouvi-la, mas acredito que Carlos Barbosa não o faria sem uma pergunta relacionada, apesar da demonstração de apetência para a fofoca não ser adequada nem desculpável.

    O futebol joga-se dentro de campo e com os pés Fonte: Sporting CP
    O futebol joga-se dentro de campo e com os pés
    Fonte: Sporting CP

    Já estou como o Paulo Bento, futebol é com os pés. Mas tudo o que vejo são jornalistas incompetentes (ou talvez os incompetentes sejam os seus superiores), noticias sensacionalistas, factos irrelevantes, especulações, mentiras e inflamações de egos, instituições e estruturas. Quando um jornalista instigou ainda mais o conflito entre Jorge Jesus e Rui Vitória, por causa duma pergunta com base numa mentira em que supostamente Rui Vitória tinha dito que o treinador do Sporting tinha mau carácter, e depois questionou-se a atitude de Jesus ao responder ofendido a uma mentira criada pela comunicação social, procuraram varrer as culpas para debaixo do tapete, porque isso também não importa.

    Quando se concluiu que as palavras de Rui Vitória tinham sido manipuladas, num programa do Correio da Manhã chegou a perguntar-se se “independentemente da pergunta a atitude de Jorge Jesus tinha sido correcta” e é isso que está mal no jornalismo português, principalmente no desportivo. Não pode haver “independentemente da pergunta”. A comunicação social não pode ser uma fábrica de mentiras e depois lavar as mãos quando as coisas dão para o torto. Sejam éticos, imparciais, sérios e competentes, porque são na minha opinião os principais responsáveis pelas proporções conflituosas e o baixo nível que o futebol português está a atingir.

    O futebol é com os pés. Joguem à bola.

    Foto de Capa: FPF

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