Candidato e candidato a candidato | Sporting x Braga

Primeira Liga, 21ª jornada: domingo, 12 de fevereiro, 18:00.

A ANTEVISÃO: NÃO HÁ DUAS SEM TRÊS OU À TERCEIRA É, FINALMENTE, DE VEZ

Pela terceira vez na temporada o Sporting encontra o Braga. Pela terceira vez o Sporting procura vencer o Braga pela primeira vez. Pela terceira vez o Sporting encontrará desafios diferentes perante o Braga.

Entre toda a complexidade que são os jogos de futebol, principalmente os jogos grandes com duas equipas com nuances táticas imprevisíveis, ajustes antes e durante o jogo e múltiplas maneiras de procurar vencer o duelo entre a construção e a pressão, os encontros entre o Sporting e o Braga desta temporada são, de uma maneira algo simplista, mas não desajustada, relativamente simples de explicar. Pelo menos a razão pela qual, apesar de serem superiores em ambos os jogos, os leões não venceram nenhum.

No início da temporada o Sporting venceu muito, mas poucas vezes convenceu verdadeiramente. A sequência natural dos meses levou os leões ao topo da Primeira Liga como a equipa mais estável do campeonato, mas nos primeiros jogos várias vitórias estiveram ameaçadas por um certo relaxamento dos leões que, contra o Braga, perderam mesmo pontos. Depois de se colocar a vencer, a equipa de Rúben Amorim procurava gerir o jogo com uma postura mais conservadora com bola, preferindo a segurança do que a vertigem e a vantagem mínima do que a vontade de marcar um golo da tranquilidade. Um livre executado na perfeição por Álvaro Djaló permitiu ao Braga resgatar um ponto.

Para a Taça da Liga, um jogo com contornos especiais por se tratar de uma prova a eliminar, o Sporting fez tudo bem na primeira hora de jogo com exceção de um pormenor tantas vezes ignorado que é, ainda assim, o mais importante na hora de festejar vitórias ou lamentar derrotas: introduzir a bola na baliza adversária. As traves da baliza adversária, alguma displicência na hora do remate e uma exibição desinspirada de Viktor Gyokeres – também é humano –, engolido por dois defesas centrais focados a 100% em cortar espaço ao sueco explicam a derrota do Sporting que, depois de se ver em desvantagem, não mais conseguiu voltar a agigantar-se.

Rúben Amorim revelou ter preparado o encontro diante do Braga em laboratório e ter aprendido com as derrotas anteriores. O Sporting está numa fase de maturidade que não tem igual em Portugal e nem as ausências de jogadores importantes como Ousmane Diomande, que pode conquistar a CAN pela Costa do Marfim, de Jeremiah St. Juste, que está no processo final da recuperação da lesão, e de Iván Fresneda, lesionado de longa duração, impedem os leões de estarem praticamente na máxima força.

As ausências de jogadores nas competições internacionais de seleções deram a nomes como Francisco Trincão – é tecnicamente diferenciado e tem tido a regularidade e continuidade nas exibições que faltou durante outros períodos –,  Eduardo Quaresma – depois de tanto prometer está finalmente a cumprir, acrescentando condução de bola, ousadia na manobra ofensiva e capacidade para defender longe da baliza, recuperando metros e estando focado nas antecipações – e mesmo Pedro Gonçalves, nesta fase da temporada como médio – torna-se mais um elemento na última linha do Sporting (numa espécie de 3-1-6 em certos momentos), liga os setores intermédio e ofensivo e chega perto da área para definir no passe ou no remate. Hidemasa Morita chega para acrescentar – e pelas características do jogo pode merecer a titularidade – num jogo em que Rúben Amorim conta com outra notícia positiva: Paulinho está recuperado da pequena lesão e deve iniciar o jogo no banco.

Ainda a procurar a melhor versão de si, Artur Jorge tem em mãos uma decisão complicada de tomar. Contra o Sporting, na partida da Taça da Liga, o Braga abdicou de parte da sua identidade e defendeu-se em bloco baixo. A velocidade dos centrais (Sikou Niakaté estava fora) condicionou a estratégia do treinador que, ainda assim, foi capaz de travar Viktor Gyokeres. Não há muitos que se podem orgulhar do mesmo. Entre uma goleada que podia ter sofrido na primeira parte e um jogo ganho as diferenças não foram muitas e, no final, foram os arsenalistas que saíram a ganhar. Artur Jorge voltou a garantir que considera que o Braga foi superior nesse jogo. Estratégia de comunicação para fora ou convicção profunda, só o técnico dos guerreiros poderá dizer, mas caso a resposta certa seja a última opção levantam-se alguns sinais de preocupação.

O Braga está, apesar da vitória na Taça da Liga, numa fase menos fulgurante da temporada. Algumas das referências ofensivas desapareceram – Simon Banza na CAN, Bruma lesionado, Ricardo Horta e Álvaro Djaló num período de forma mais oscilante – e o rolo compressor ofensivo capaz de mascarar as limitações defensivas desapareceu. Os arsenalistas estão um pouco mais seguros a nível defensivo, mas menos imaginativos ofensivamente. O mercado ainda retirou armas ao Braga – Al Musrati e André Horta eram jogadores importantes – e os minhotos dependem de um tridente de médios para se superiorizarem ao Sporting.

Vítor Carvalho é um jogador fundamental em jogos com estas características. Sabe posicionar-se defensivamente para permitir ao Braga defender-se com cinco atrás, quer lateralizando posição, quer colocando-se entre os centrais, e também tem qualidade para ser opção na saída de bola. João Moutinho é intemporal e merece um espaço especial só para ele. Rodrigo Zalazar demorou até se afirmar a 100% e só o fez numa posição mais adiantada do terreno, mas tem recursos técnicos – conduz, tem boa capacidade no passe longo e uma meia-distância de assinalar – para ser decisivo. Além dos suspeitos do costume, Abel Ruiz deve ser opção (nem que seja a partir do banco) e merece atenções especiais. Estar afastado dos golos não é estar afastado do jogo e o espanhol é dos principais motores do Braga pela forma como se oferece como opção em apoio (menos forte quando é obrigado a disputar bolas pelo ar) e trata a bola de forma elegante. A forma como se movimenta na área também é de um profundo conhecimento do jogo e, adormecer é pedir para sofrer.

Os dados estão lançados e, o lado mais interessante deste Sporting x Braga é o facto de poderem de nada servir. Só depois do jogo será possível voltar a este ponto e perceber se o terceiro confronto de Sporting e Braga na temporada foi representação fiel dos momentos das duas equipas e da evolução com as partidas anteriores, ou se o futebol reservou mais uma surpresa. O jogo grande da jornada promete não desanimar.

10 DADOS RÁPIDOS

  1. O Sporting ainda não venceu o Braga esta temporada (empate por 1-1 na primeira volta da Primeira Liga, derrota por 1-0 na Taça da Liga).
  2. Em confrontos entre os dois clubes nesta temporada marcaram golos três jogadores diferentes: Pedro Gonçalves, Álvaro Djaló e Abel Ruiz.
  3. O Sporting ainda não perdeu pontos para a Primeira Liga em Alvalade nesta temporada.
  4. Na última temporada o Sporting goleou o Braga nos dois encontros disputados em Alvalade: 5-0 nos dois jogos.
  5. A história já conta com 160 jogos entre Sporting e Braga. Contam-se 98 vitórias dos leões, 37 dos arsenalistas e 25 empates.
  6. O Sporting é a melhor defesa do campeonato (12 golos sofridos) e o Braga a pior do top-6 (27 golos concedidos).
  7. Em golos marcados defrontam-se o melhor ataque da Primeira Liga – Sporting com 53 golos – e o segundo melhor, a par do Benfica – Braga com 44 golos.
  8. Sporting e Braga têm o primeiro e o segundo melhores marcadores da competição: Viktor Gyokeres tem 15 golos, Simon Banza 14.
  9. Ambas as equipas venceram o último jogo antes da partida da 21ª jornada da Primeira Liga.
  10. Em caso de vitória o Sporting recupera, pelo menos de forma provisória, a liderança da Primeira Liga.

JOGADORES A TER EM CONTA

Viktor Gyokeres José Fonte
Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

Viktor Gyokeres (Sporting): Rúben Amorim desvendou, na conferência de imprensa, um trabalho especial com Viktor Gyokeres para evitar que o sueco seja engolido pelos centrais do Braga (um na marcação, o outro na cobertura). Tentar receber em movimentos de fora para dentro e obrigar a linha defensiva a recuar para criar espaço entrelinhas podem ser soluções.

João Moutinho 2
Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

João Moutinho (Braga): Merecia mais do que uma simples linha. Aos 37 anos o futebol que João Moutinho ainda joga está algures entre o impensável e o maravilhoso. Controla sozinho o ritmo e a fluidez do jogo do Braga. Procura lançar transições em situações de vantagem e guardar a bola para não desequilibrar. Um dia dirão que o Vinho do Porto se quer como João Moutinho.

XI´s PROVÁVEIS

Sporting: António Adán; Ricardo Esgaio, Eduardo Quaresma, Sebástian Coates, Gonçalo Inácio, Nuno Santos; Morten Hjulmand, Pedro Gonçalves; Francisco Trincão, Marcus Edwards, Viktor Gyokeres.

Treinador: Rúben Amorim

«Mostrámos as imagens e explicámos ao Gyokeres onde é que ele pode melhorar se aquela situação voltar a acontecer».

Braga: Matheus Magalhães; Víctor Gómez, Sikou Niakaté, José Fonte, Cristián Borja; Vítor Carvalho, João Moutinho, Rodrigo Zalazar; Ricardo Horta, Álvaro Djaló, Abel Ruiz.

Treinador: Artur Jorge

«Vamos ter um bom espetáculo de futebol, porque temos duas equipas que procuram, de facto, a baliza adversária».

PREVISÃO DE RESULTADO: Sporting 3-1 Braga

Diogo Ribeiro
Diogo Ribeirohttp://www.bolanarede.pt
O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação, está a terminar o mestrado em Jornalismo e tem o coração doutorado pelo futebol. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

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